Bradesco assume operações da Amex no Brasil por R$ 1 bilhão
Maior banco privado brasileiro comprou subsidiárias da American Express para expandir sua base de clientes
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h38.
Depois de um ano e sete meses de negociação, o Bradesco anunciou nesta segunda-feira (20/03) a compra das subsidiárias da American Express (Amex) no Brasil por 490 milhões de dólares, aproximadamente 1,04 bilhão de reais, como antecipou EXAME na edição 862, de 1º de março . Com o negócio, que deve ser concretizado no fim do primeiro semestre, serão transferidas para o maior banco privado do país as operações de cartões de crédito, corretagem de seguros, serviços de viagens, de câmbio no varejo e operações de Crédito Direto ao Consumidor (CDC) da Amex brasileira.
A operação dará ao Bradesco exclusividade de emissão dos cartões Centurion, principal produto da Amex, por no mínimo dez anos - há 1,2 milhão de unidades em circulação no mercado brasileiro, entre as categorias Green, Gold e Plantinum. O acordo funcionará como um licenciamento: emissor dos cartões, o Bradesco terá de pagar royalties pelo uso da marca Amex.
Ficaram de fora do contrato os cartões chamados "Blue Box", licenciados a outros bancos nacionais parceiros, como o HSBC. Nesta linha, são as instituições financeiras que emitem os cartões com desenhos, proposições de valor e marcas próprios, incorporando-os à rede Amex. Já as operações de traveler cheques continuarão geridas pela Amex, que não pretende se retirar do Brasil, após 25 anos no país. Os negócios serão concentrados em um escritório de representação em São Paulo (SP).
Para o Bradesco, a investida representa "um importante passo estratégico" e "permite a expansão da sua base de clientes num segmento de grande concorrência, além de complementar seu posicionamento no mercado de cartões e proporcionar maior conveniência aos seus clientes", como afirmou o banco em comunicado aos acionistas. Em 2005, o faturamento do banco com as operações de 8,7 milhões de cartões somou 13,8 bilhões de reais.
Já a Amex, que faturou 8,9 bilhões de reais no ano passado no Brasil, viu a chance de a marca ganhar espaço em áreas em que perdia para outras bandeiras. "Havia algumas brechas, algumas lacunas, como o número de estabelecimentos afiliados. Vamos alavancar o crescimento. Teremos um desenvolvimento muito mais rápido com o Bradesco do que poderíamos atingir sozinhos", afirma Edward Giligan, presidente do Grupo American Express International. De acordo com Giligan, a empresa já realizou negociações similares à venda ao Bradesco em países do Leste Europeu e na China.
Hélio Magalhães, presidente da Amex no Brasil, afirma que a transferência das operações ao Bradesco não representará a popularização da marca, vinculada às classes mais abastadas: "Continuamos posicionando a marca Amex na classe de alta renda". Para o banco brasileiro, a linha de cartões voltada a quem tem maior poder aquisitivo fortalecerá o portfólio oferecido aos clientes. "Queremos centrar fogo em negócios financeiros que viabilizem instrumentos de crédito para a sociedade brasileira, além de oferecer produtos adequados a todas as faixas de renda da população", diz Márcio Cypriano, presidente do Bradesco.
A rede de atendimento aos clientes da Amex será mantida e posteriormente ampliada, já que o Bradesco disponibilizará seus mais de 23 mil postos aos usuários dos cartões. De acordo com o banco, os empregados da Amex no Brasil também não serão lesados com o negócio; o plano é incorporar todos à equipe do Bradesco.