Acionistas pressionam e Net;descarta oferta pública de ações

A Net finalmente pôs em andamento o plano de reestruturação da dívida de 1,49 bilhão de reais. A empresa de TV a cabo divulgou um comunicado na quarta-feira (3/11), em que relata os últimos desdobramentos do esforço para sair do default.

A empresa vai aumentar capital através da emissão de ações, com uma diferença fundamental em relação ao que vinha sendo apresentado há quatro meses como o plano A da diretoria da companhia. As ações não serão ofertadas publicamente. Haverá uma emissão privada de 1,825 bilhão de ações, das quais 41% serão ordinárias e 59% preferenciais. Se todas forem vendidas pelo preço mínimo estabelecido em laudo da Boucinhas & Campos, de 35 centavos por ação, a Net vai captar 638,75 milhões de reais para deslanchar a reestruturação financeira, abatendo com dinheiro parte importante da dívida.

A Globopar vai subscrever a totalidade das ações ordinárias e transferir para a mexicana Telmex os direitos de preferência das ações preferenciais de sua propriedade (leia reportagem do Portal EXAME apresentando o acordo com os credores e o significado da entrada da Telmex nas negociações).

Todos os acionistas da Net terão preferência para a subscrição privada das ações na proporção de sua participação no capital da companhia. Em reunião há cerca de um mês na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa),acionistas minoritárioshaviam manifestado descontentamento com a possibilidade de ter de pagar mais do que 35 centavos por ação, caso o leilão público na Bolsa de Valores puxasse o valor para cima - ou então acabar perdendo peso na composição de capital da Net caso se recusassem a pagar mais. Pelo esquema anunciado, apenas as eventuais sobras de ações preferenciais não subscritas durante o período de preferência serão vendidas em Bolsa. A ação preferencial da Net registra nesta tarde valorização de 5,35%, para 59 centavos, na Bovespa.

"Tínhamos duas opções [a oferta pública ou a privada]. Nossa preocupação era maximizar o valor da empresa sem desagradar investidores. Além disso, a oferta pública iria demorar mais", afirma Leonardo Pereira, diretor financeiro e de relações com investidores. O plano de reestruturação foi apresentado pela primeira vez em 28 de junho e inclui a conversão de parte da dívida em ações e a previsão de dois cronogramas alternativos de amortização da dívida ainda não paga depois de todos os movimentos anunciados (ambos prevêem amortização zero em 2005, e um deles estende os pagamentos até 2010).