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A moda brasileira vista de...

Nova York O Tio Sam anda descobrindo a moda made in Brazil. De dois anos para cá, ainda que de forma cautelosa, lojas de departamentos de Seattle a Miami, de Nova York a Bervely Hills passaram a colocar em suas prateleiras jeans, biquínis e vestidos de noite assinados por estilistas brasileiros. O que eles estão […]

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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h16.

Nova York

O Tio Sam anda descobrindo a moda made in Brazil. De dois anos para cá, ainda que de forma cautelosa, lojas de departamentos de Seattle a Miami, de Nova York a Bervely Hills passaram a colocar em suas prateleiras jeans, biquínis e vestidos de noite assinados por estilistas brasileiros. O que eles estão disputando é o maior mercado de vestuário do mundo. No ano passado, os americanos gastaram 275 bilhões de dólares em roupas, uma montanha de dinheiro equivalente a cerca de metade do PIB brasileiro em 2001. São 2,3 bilhões de calças femininas e masculinas, 4,9 bilhões de camisas e blusas e 450 milhões de paletós consumidos por ano. De olho nesse potencial, os empresários Amir Slama, da Rosa Chá, e Carlos Miele, da M.Officer, se apresentaram na semana de moda de Nova York, no final de setembro. Eles contam com um trunfo de marketing poderoso: uma onda de simpatia entre formadores de opinião -- celebridades, jornalistas e diretores de compras de butiques e lojas de departamentos. Graças a eles, as roupas brasileiras têm obtido visibilidade inédita e gratuita em páginas de revistas femininas, colunas de fofocas e programas de TV. "Desde que começamos a exportar para cá, nunca precisamos pagar anúncio em revistas", diz Slama, da Rosa Chá. Para Fern Mallis, diretora-geral do Seventh on Sixth, a moda brasileira de praia e as coleções primavera-verão têm grande potencial de venda, principalmente nas regiões mais quentes dos Estados Unidos. Quem é o consumidor da moda brasileira nos EUA?

"É aquele jovem profissional americano que investe em moda como uma forma de auto-expressão", diz o francês Gilles Bensimon, fotógrafo da revista Elle americana.

"Esse público está cada vez mais aberto à latinidade e à exuberância brasileira."

No desfile de Miele, além de todos esses ingredientes, havia um apelo adicional à ideologia do politicamente correto.

Os bordados e detalhes de seus jeans são executados por artesãs da favela da Rocinha, no Rio de Janeiro.

  • ANGELA PIMENTA, de Nova York
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    Paris

    Se o volume de vendas na Europa fosse o único indicativo de sucesso, os estilistas brasileiros estariam mal na foto. A presença de grifes tupiniquins nas lojas francesas e inglesas é ainda restrita a alguns poucos milhares de peças encontrados em butiques e lojas grã-finas. A boa notícia é que o produto e o design feitos pelos brasileiros são amados.

    A opinião unânime de especialistas, vendedores e consumidores europeus é que a moda brasileira é festiva, leve, linda, original, solta, sensual, colorida, extravagante. E, acima de tudo, valoriza a mulher. "Fiquei encantado com o desfile do Carlos Miele em Nova York", diz Colin McDowell, do jornal inglês Sunday Times. "Inteligente, moderno, mas sexualmente brasileiro. O que ele faz com penas nenhum outro designer consegue fazer." A seu ver, houve uma evolução importante -- os brasileiros conseguiram descolar-se do rótulo de exóticos ou étnicos. "Eles são sofisticados e extravagantes à noite e modernos e criativos de dia, mas sempre com um toque tropical", afirma.

    Entre as consumidoras francesas e inglesas de moda, jeans e biquínis continuam sendo os produtos brasileiros mais conhecidos. Desde meados deste ano, peças de jeans da Zoomp e da Ellus podem ser encontradas na loja de departamentos Galeries Lafayette. Essas marcas começam a despontar, mas na hora de selecionar as peças é preciso cautela. "O estilo da brasileira não corresponde ao da parisiense, menos extrovertida e menos ousada", diz Thanh Grandet, responsável pelas compras das Galeries. Para firmar uma marca e competir com os grandes nomes europeus, os investimentos necessários são abissais.

    A produção de um bom desfile em Londres, durante a semana da moda, ficam entre 25 000 e 60 000 libras -- cerca de 145 000 a 348 000 reais. Em Paris, os custos sobem para astronômicas 250 000 libras -- 1,4 milhão de reais. Alexandre Herchcovitch, que tem sua própria assessoria de imprensa na Europa, e Walter Rodrigues são os únicos brasileiros a participar do calendário oficial da moda parisiense.

    A repercussão é essencial em Paris, de onde saem os murmúrios mais eficazes.

    Na hora de vender, porém, ele concentra os esforços em Nova York.

  • RUTH DE AQUINO
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