A Juventus e a bolsa: a difícil relação entre futebol e investidores
Clube mais popular da Itália gastou como nunca ao contratar o português Cristiano Ronaldo. O que acontece com as ações se os resultados não vierem?
Da Redação
Publicado em 26 de fevereiro de 2019 às 06h14.
Última atualização em 26 de fevereiro de 2019 às 06h44.
Quando o time de futebol mais popular da Itália, a Juventus, divulgar seus resultados trimestrais nesta terça-feira, um velho dilema voltará a campo: afinal, clubes de futebol combinam com o mercado financeiro?
A Juventus é o time com maior torcida e também o mais vitorioso da história do futebol italiano, e tem um longo histórico na bolsa. Abriu seu capital em 2001, e tem conseguido tirar vantagem econômica de ter ações listadas. Seu faturamento mais que dobrou na última década, para 504 milhões de euros.
A Juventus tem história, uma família controladora, a Agnelli, mesma da Fiat, um estádio moderno, e um histórico de sete títulos seguidos no campeonato italiano. Tudo que os acionistas poderiam querer, certo? Não necessariamente. As ações da companhia nunca estiveram na mira dos grandes investidores e andaram de lado por mais de uma década até que o clube decidiu abrir os cofres.
Em julho de 2018 o clube pagou 100 milhões de euros pelo atacante português Cristiano Ronaldo , na maior contratação da história do clube. Desde então, o valor de mercado da companhia triplicou. Os ganhos e os riscos, também. Em 24 horas, a Juventus faturou 60 milhões de euros vendendo camisas com o nome do português. Mas em outubro, quando Ronaldo foi acusado de estupro num caso antigo que ganhou as manchetes dos jornais o clube caiu 5% na bolsa em apenas um dia.
Ainda assim, os custos envolvendo o atacante português tendem a manter a empresa Juventus no vermelho, assim como já foi na temporada 2017/2018. A lógica é fácil de entender sob a lógica esportiva: times que faturam mais têm mais poder de fogo para contratar os melhores jogadores e brigar por mais títulos.
No caso da Juventus o grande objetivo é voltar a ganhar a Liga dos Campeões da Europa depois de duas décadas, já que o título italiano está praticamente assegurado. O problema é que resultados esportivos tendem a ser menos previsíveis que em boa parte dos negócios. A Juventus perdeu o jogo de ida das oitavas de final para a Atlético de Madri por 2 a 0 e agora precisa de uma vitória por vantagem de três gols em casa, no dia 12 de março, para ficar com uma das vagas nas quartas de final.
Se o fracassar, os dirigentes do clube voltarão ao dilema ao final da temporada. Gastar ainda mais para ter mais chance no ano que vem?