A corrida

Com o anúncio da volta de Carlos Ghosn a Paris programada para abril de 2005, quando deverá substituir Louis Schweitzer no posto de executivo-chefe da Renault, está deflagrada a corrida sucessória na Nissan. É um processo silencioso e sem confirmação oficial de nomes, no qual impera a habitual discrição japonesa. Mas, no mercado e nos corredores da empresa, circulam palpites sobre os possíveis sucessores. A lista muda de tempos em tempos, diz o próprio Ghosn. "Há muitos executivos que estou observando", afirma. "Neste ano temos desafios fortes e, enquanto não chega o momento da mudança, vou examinando o desempenho de todos para ver quem se sai melhor." Ghosn alinha os requisitos genéricos que o sucessor terá de reunir: um histórico de realizações na empresa, transparência, ambição pelo crescimento da Nissan, habilidades gerenciais altamente desenvolvidas. "Acima de tudo, tem de ser uma pessoa que eu respeite", diz. "Não quero trazer alguém e depois de um ano ter de mudar."

Na bolsa interna de apostas, um dos mais cotados é o economista Toshiyuki Shiga, de 49 anos, funcionário da Nissan desde 1976 e hoje encarregado da divisão dos países emergentes. É reconhecido como bom estrategista e ajudou a negociar o acordo da Nissan com a Renault quatro anos atrás. "Não estou fazendo nada de especial", afirma Shiga, ao ser indagado sobre o processo sucessório. "Estou dedicado a alcançar a meta de vender 300 000 carros a mais na minha região."

Segundo a revista americana Business Week, o mais forte candidato, porém, seria o engenheiro pós-graduado em ciência aeronáutica Katsumi Nakamura, de 49 anos. Nakamura tem uma carreira de 25 anos nas áreas de desenvolvimento de produto e de planejamento. Entre seus feitos se inclui o lançamento da picape Titan, um produto-chave para a expansão da marca no mercado americano. Há um ano, Nakamura comanda a operação da Nissan na China, cujo sucesso é considerado decisivo por Ghosn para os planos de crescimento da montadora.

Além de Shiga e Nakamura, também estariam no páreo Norio Matsumura, Kuniyuki Watanabe, Shirou Tomii e Yukio Kitahora. Matsumura, de 59 anos, cuida do mercado americano. Watanabe, de 54 anos, responsável por recursos humanos, desempenhou papel importante nos entendimentos com os sindicatos na fase de enxugamento de pessoal da Nissan. Tomii, de 51 anos, é encarregado do marketing no mercado doméstico. Kitahora, de 56 anos, responde pela área de vendas no Japão. Os candidatos poderiam ser atropelados por algum forasteiro? "Não tenho dúvida de que o cargo vai ficar com um japonês, e um japonês da Nissan", afirma Ghosn. "O meu sucessor está aqui na empresa hoje."