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A catequese no Boston

Mais uma fusão, mais um trabalho para convencer a matriz a ficar no Brasil

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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h16.

Geraldo Carbone, presidente do BankBoston no Brasil, vê a fusão do Bank of America (BofA) com o FleetBoston nos Estados Unidos como uma experiência já vivida. "É preciso realizar mais uma vez um trabalho de convencimento." Ou seja: os executivos do Bank of America terão de ser convencidos de que vale a pena manter a operação do banco na América Latina, especialmente no Brasil. Para Carbone não é exatamente uma novidade. Os executivos da matriz

do Fleet também tiveram de ser catequizados após a compra do BankBoston, em 1998.

O negócio de 43 bilhões de dólares que gerou o segundo maior banco americano por ativos, anunciado no

dia 27 de outubro, aumentou as especulações sobre o destino das operações brasileiras, principalmente por causa da história do BofA no Brasil.

Os americanos chegaram em 1995, associando-se a um banco de investimentos carioca, o Liberal. O desconhecimento do mercado e os desencontros na gestão forçaram uma retirada humilhante sete anos depois. Apesar desses problemas, uma semana após o anúncio do negócio, a aposta era que vai ser possível para Carbone convencer os executivos do Bank of America a ficar no Brasil. "Tudo indica que o trabalho do BankBoston no Brasil vai continuar", diz Erivelto Rodrigues, da consultoria Austin Asis. Carbone se diz convicto, com dois argumentos. O primeiro são os resultados: "O retorno das operações brasileiras vem sendo superior ao da média da companhia", diz. "Tirar dinheiro daqui para reinvestir onde o retorno é menor não faz sentido."

O segundo argumento é a escassez de compradores. O BankBoston no Brasil tem um patrimônio líquido de aproximadamente 1 bilhão de dólares. Como a transação nos Estados Unidos foi feita pelo triplo do valor patrimonial,

o vendedor começaria a conversa pedindo

3 bilhões de dólares. "A operação brasileira está redonda e é bem administrada, por isso vai ser difícil baixar esse preço", diz um especialista em fusões e aquisições bancárias. E esse não seria o único desembolso. "O valor do banco no Brasil também está nos

5 bilhões de dólares em linhas de financiamento externo que oferecemos aos clientes", diz Carbone. Por essa conta, quem quisesse comprar

o BankBoston teria de reservar respeitáveis 8 bilhões de dólares.

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