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WikiLeaks afirma que vazamentos mostram 'verdade' sobre guerra do Iraque

Documentos divulgados na noite se sexta-feira revelaram que autoridades americanas fizeram vista grossa para torturas sistemáticas

O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, que os 400 mil documentos secretos das forças americanas divulgados por seu site mostram a "verdade" sobre a guerra do Iraque (Leon Natal/AFP)
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Da Redação

Publicado em 25 de outubro de 2010 às 09h39.

Londres - O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, afirmou neste sábado em Londres que os 400 mil documentos secretos das forças americanas divulgados por seu site mostram a "verdade" sobre a guerra do Iraque."Esta divulgação é sobre a verdade", disse Assange, que também é redator-chefe da página especializada em vazar documentos de inteligência, em uma coletiva de imprensa realizada em um hotel de Londres.

"Esperamos corrigir parte deste ataque à verdade que ocorreu antes da guerra, durante a guerra e que continuou desde que a mesma terminou oficialmente", no dia 31 de agosto, com o fim de combate das tropas americanas no país, disse o australiano nascido em 1971. Os documentos divulgados na noite se sexta-feira revelam principalmente que as autoridades americanas fizeram vista grossa sobre as torturas sistemáticas cometidas pelas forças iraquianas e ocultaram o número de vítimas civis da guerra, que começou em março de 2003.

Assange, que compareceu à coletiva acompanhado de outros quatro responsáveis pelo site, afirmou que a avaliação dos informes reunidos pelo Exército americano permitia ter "um levantamento detalhado de cerca de 109 mil mortos, entre eles 66 mil civis". O porta-voz do WikiLeaks, Kristinn Hrafnsson, anunciou, por sua vez, a próxima divulgação de 15 mil novos documentos militares secretos dos Estados Unidos sobre a guerra do Afeganistão, prometidos no último verão (boreal).

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"O WikiLeaks utilizou apenas um de cada seis informes relativos ao Afeganistão (...) Os documentos virão à tona logo", declarou Hrafnsson. O site já havia divulgado em julho os primeiros 77 mil documentos sobre a guerra do Afeganistão.

Estes informes, que revelavam detalhes sobre vítimas civis e supostos vínculos entre o Paquistão e os insurgentes talibãs, provocaram uma tempestade midiática e enfureceram os Estados Unidos. O Pentágono havia advertido novamente na sexta-feira que as novas revelações poderiam representar uma "ameaça para as tropas (americanas) ou para os iraquianos que cooperam com os Estados Unidos".


Sem entrar em detalhes sobre as novas informações divulgadas, a secretária americana de Estado, Hillary Clinton, também condenou "nos termos mais claros" o vazamento de documentos que "coloquem em perigo a vida de americanos ou de seus aliados". Mais de 50 mil soldados americanos ainda se encontram no Iraque após o fim da missão de combate das tropas dos Estados Unidos, no fim do mês de agosto.

Segundo o WikiLeaks, os novos documentos, que abrangem o período de 1 de janeiro de 2004 a 31 de dezembro de 2009 e puderam ser estudados durante dias pela rede de televisão Al-Jazeera e por outros meios de comunicação constituem, segundo o WikiLeaks "o maior vazamento (de informações) da história do Exército americano".

Além de mostrar que o Exército "não fez nada" para impedir as torturas cometidas pelos iraquianos, os documentos denunciam "numerosos casos de crimes de guerra" cometidos pelas forças americanas, segundo o site. Na primeira declaração oficial após a publicação dos documentos, o ministério iraquiano de Direitos Humanos indicou que as publicações "não contêm surpresas".

"Os documentos não foram uma surpresa para nós, porque já havíamos mencionado vários dos fatos citados (nesses documentos), incluindo o que ocorreu na prisão de Abu Ghraib, assim como em outros casos nos quais as forças americanas estão envolvidas", declarou à AFP o porta-voz do ministério de Direitos Humanos do Iraque, Kamel al Amim.

A organização de defesa dos direitos humanos Anistia Internacional instou neste sábado os Estados Unidos a investigar os casos de tortura revelados nos documentos militares americanos, assim como a ONU.

"A administração (do presidente americano Barack) Obama tem a obrigação, quando surgem acusações sérias de tortura contra qualquer funcionário americano, de investigar e arcar com as consequências. Essas pessoas deveriam ser processadas", afirmou o relator especial da ONU, Manfred Nowak, à rádio BBC. Ele reconheceu, entretanto, que poderia ser apenas uma investigação americana, já que os Estados Unidos não reconhecem o Tribunal Penal Internacional.

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