Ao lado de Carlos Castaño e de seu irmão Vicente Castaño, também desaparecido, Mancuso chegou compartilhar a chefia máxima da organização (©AFP/Arquivo / Leo Ramirez)
Da Redação
Publicado em 11 de maio de 2012 às 13h24.
Bogotá - Alguns militares e políticos da Venezuela buscaram apoio e cooperação dos paramilitares colombianos para criar grupos desta natureza no país vizinho com a intenção de viabilizar um possível golpe de Estado no governo do presidente Hugo Chávez, assegurou nesta sexta-feira o ex-líder ultradireitista Salvatore Mancuso.
O antigo comandante das dissolvidas Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC), que se encontra detido em uma prisão americana, afirmou que os pedidos eram feitos ao Carlos Castaño, chefe máximo desta organização armada e que se encontra desaparecido.
"Em algum momento, alguns generais e políticos venezuelanos entraram em contato com as Autodefesas, principalmente com o comandante Carlos Castaño", assinalou Mancuso em uma longa entrevista à cadeia "Caracol Radio".
Extraditado aos Estados Unidos em 2008, Mancuso esclareceu que os venezuelanos que viajaram à Colômbia para se reunir com Castaño "não tinham com intenção de matar Chávez".
"Basicamente estavam olhando a possibilidade participar de um golpe de Estado contra ele (Chávez)", enfatizou o ex-paramilitar, que observou que "haviam forças militares venezuelanas que eram aliadas e leais ao comandante Chávez, mas outras não".
Estas últimas "não tinham muita experiência em combate e queriam apoio e instrução para conseguir desenvolver um plano deste tipo", especificou Mancuso.
Além disso, essas pessoas queriam "formar umas autodefesas na região (de fronteira comum) porque estavam sendo golpeados pela guerrilha, que, sempre que se sentia ameaçada, partia em direção à Venezuela como refúgio".
Mancuso não detalhou as pessoas, datas e lugares que estavam por trás destes contatos, mas, segundo ele, os fatos mencionados "eram basicamente os temas que mais eram tratados".
O Governo de Chávez foi acusado com frequência pelo Executivo do agora ex-presidente Álvaro Uribe (2002-2010) de permitir a presença de guerrilheiros no território venezuelano, entre eles comandantes, das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e do Exército de Libertação Nacional (ELN).
Ao lado de Carlos Castaño e de seu irmão Vicente Castaño, também desaparecido, Mancuso chegou compartilhar a chefia máxima da organização, responsável por inúmeros crimes.
As AUC, que reuniam grupos para lutar contra as guerrilhas e também para controlar atividades de tráfico de drogas, se dissolveram em meados de 2006 após o desarmamento gradual de mais de 31 mil paramilitares, iniciado dentro de um processo de paz articulado no Governo de Uribe em 2002.
Por decisão de Uribe, que tinha prometido não extraditá-los, Mancuso e outros 12 comandantes das AUC foram entregues em maio de 2008 aos Estados Unidos, que os reivindicavam sob acusações de tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e financiamento ao terrorismo.