O isolamento venezuelano
A Venezuela está só. No próximo dia 12, deveria assumir a presidência do Mercosul, seguindo a rotatividade natural do bloco, mas seus vizinhos, especialmente o Paraguai, tentam impedir sua posse. A resposta do presidente Nicolás Maduro é reforçar o discurso de que é vítima de um complô internacional, e afundar ainda mais o pé no populismo […]
Da Redação
Publicado em 7 de julho de 2016 às 18h37.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 18h57.
A Venezuela está só. No próximo dia 12, deveria assumir a presidência do Mercosul, seguindo a rotatividade natural do bloco, mas seus vizinhos, especialmente o Paraguai, tentam impedir sua posse. A resposta do presidente Nicolás Maduro é reforçar o discurso de que é vítima de um complô internacional, e afundar ainda mais o pé no populismo e no autoritarismo.
Só esta semana, Maduro decretou o fim do racionamento de energia elétrica e anunciou um projeto de parlamentarismo social, com militantes da esquerda construindo grupos de diálogo nas comunidades. Apresentou 400 recursos contra o abaixo-assinado que pede a sua revogação de seu mandado. Ainda clamou pela retomada do parlamento, que tem maioria da oposição, e falou em aumentar o poder militar na Venezuela.
O ministro de Relações Exteriores José Serra, em junho, afirmou que a Venezuela é um país amigo, mas se reuniu com o governador do estado de Miranda, Henrique Capriles, líder da oposição e favorito nas próximas eleições presidenciais. O secretário de estado americano, John Kerry, visitou o país no mês passado e defendeu a realização de um referendo justo (mas defendeu a permanência da Venezuela no Mercosul). Pesquisa do instituto Datanálisis mostra que 80% da população quer a saída de Maduro ainda em 2016.
Relações políticas à parte, a economia por si só já justificaria tamanha rejeição. Este ano, o país deve ter queda de 8% no PIB. A inflação, em total descontrole, deve fechar em 720% e, de acordo com o FMI, pode chegar a 4.600% até 2021. A crise no preço do petróleo quebrou o país, que tem na exportação do combustível sua principal fonte de renda. E a crise hídrica quebrou a indústria, interrompendo o fornecimento de energia elétrica. Para Maduro, a saída é ser ainda mais Maduro. Pior para os venezuelanos.