Delcy Rodríguez: "Amanhã, tal como indicou o presidente, Nicolás Maduro, apresentaremos a carta de denúncia à Organização de Estados Americanos e iniciaremos um procedimento que demora 24 meses" (Marco Bello / Reuters/Reuters)
EFE
Publicado em 26 de abril de 2017 às 19h44.
Última atualização em 26 de abril de 2017 às 21h35.
Caracas - A chanceler da Venezuela, Delcy Rodríguez, anunciou nesta quarta-feira que seu país iniciará amanhã um procedimento para deixar a Organização de Estados Americanos (OEA), depois que a entidade convocou uma reunião de chanceleres sem o aval venezuelano.
"Amanhã, tal como indicou o presidente, Nicolás Maduro, apresentaremos a carta de denúncia à Organização de Estados Americanos e iniciaremos um procedimento que demora 24 meses", disse Rodríguez no palácio presidencial de Miraflores, em mensagem transmitida pela rede estatal "VTV".
Rodríguez destacou que a Venezuela não participará "de nenhuma atividade, de nenhum evento onde se pretenda posicionar o intervencionismo e a ingerência deste grupo de países que só buscam perturbar a estabilidade e a paz" em seu país.
A chanceler venezuelana criticou a iniciativa para convocar a reunião que foi promovida hoje pelas missões permanentes na OEA de 16 países-membros: Brasil, Argentina, Barbados, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Estados Unidos, Honduras, Jamaica, Guatemala, México, Panamá, Paraguai, Peru e Uruguai.
"São ações dirigidas por um grupo de países mercenários da política para limitar o direito ao futuro do povo de Venezuela, para limitar e afetar o direito à pátria, o direito a viver tranquilamente", acrescentou.
Rodríguez disse também que a retirada de seu país desta organização "não é conjuntural" e, pelo contrário, "tem a ver com a dignidade de nosso povo, com a doutrina bolivariana que promove o não intervencionismo, que defende a igualdade soberana dos Estados, o multilateralismo em igualdade jurídica".
A chefe da diplomacia venezuelana denunciou ainda que está em execução um "roteiro pré-estabelecido" como aconteceu com Cuba em 1962 e que acabou com a suspensão desta nação do organismo continental.
Além disso, acusou este "conclave de governos mercenários" de ter estimulado a onda de violência que a Venezuela vivenciou no último mês, período no qual ocorreram dezenas de protestos, que se saldaram com pelo menos 29 mortos, cerca de 500 feridos e mais de 1.000 detidos.
A OEA aprovou hoje a convocação de uma reunião de chanceleres para abordar a crise política da Venezuela com 19 votos a favor, 10 contra, quatro abstenções e uma ausência.
A Venezuela havia advertido ontem que deixaria a OEA se essa reunião de chanceleres fosse convocada, um processo para o qual necessitaria esperar dois anos e pagar sua dívida com o órgão, de cerca de US$ 8,7 milhões, segundo estipula o artigo 143 da Carta da OEA, o documento fundacional de 1948.