Vencedor de Nobel da Paz é condenado à prisão na Rússia por críticas à guerra na Ucrânia
Orlov foi considerado culpado em primeira instância em outubro de 2023 por "desacreditar" o Exército da Rússia, em um artigo na publicação online francesa Mediapart
Agência de notícias
Publicado em 27 de fevereiro de 2024 às 19h49.
Oleg Orlov, um dissidente da Rússia e defensor dos direitos humanos, foi condenado nesta terça-feira, 27, em Moscou, a dois anos e meio de prisão por fazer críticas à guerra na Ucrânia. O ativista de 70 anos, era copresidente da ONG Memorial, que ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 2022 pelo trabalho de preservação da memória da repressão na era soviética e que foi dissolvida pela Justiça russa.
Orlov foi considerado culpado em primeira instância em outubro de 2023 por "desacreditar" o Exército da Rússia, em um artigo na publicação online francesa Mediapart, e foi condenado a uma multa de 150 mil rublos (cerca de 1,5 mil dólares na cotação da época), uma pena leve em comparação com as sentenças habituais contra críticos do governo.
Multa anulada
Tanto a defesa como a acusação recorreram e um tribunal superior anulou a multa, devolvendo o caso ao Ministério Público. O novo julgamento começou no início deste mês. "O tribunal decidiu declarar Orlov culpado e sentenciá-lo a uma pena de dois anos e seis meses (…) em uma colônia penal", anunciou o juiz ao ler o veredicto, nesta terça-feira, 27.
Em sua última declaração ao tribunal, na segunda-feira, Orlov denunciou "o estrangulamento da liberdade" na Rússia e o envio de tropas russas para a Ucrânia. "Não me arrependo de nada", disse ele. Ele também criticou a morte, em 16 de fevereiro, do opositor Alexei Navalni em uma prisão no Ártico, que descreveu como "assassinato", e apelou aos outros opositores a "não perderem a coragem".
Dezenas de pessoas compareceram ao tribunal para apoiar Orlov, um dos últimos críticos do Kremlin livre e ainda na Rússia, já que muitos foram para o exílio. Orlov nunca quis deixar a Rússia. "Sou mais útil aqui", disse à AFP em uma entrevista em meados de fevereiro, na qual defendeu que é "importante" que vozes críticas permaneçam na Rússia, apesar da repressão sistemática.
(Com agências internacionais)