Usina de Fukushima pode ser afetada por novo tremor, alerta estudo
Três sismólogos de Japão e China fizeram soar o alerta; para eles, o risco é uma causa indireta do superterremoto de 11 de março de 2011
Da Redação
Publicado em 14 de fevereiro de 2012 às 18h20.
Tóquio - A usina nuclear de Fukushima, que sofreu sérios danos após o terremoto seguido de maremoto que devastou o Japão no ano passado, precisa ampliar suas medidas de segurança para enfrentar o risco de um novo forte tremor, alertaram cientistas nesta terça-feira.
Três sismólogos de Japão e China fizeram soar o alerta. Para eles, o risco é uma causa indireta do superterremoto de 11 de março de 2011.
"A segurança da área fica localizada a usina nuclear deve ser reforçada para resistir à ocorrência potencial de fortes tremores no futuro", alertou a equipe em um estudo publicado em um jornal especializado.
A preocupação veio de um modelo de computador sobre a crosta e a camada subsuperficial do nordeste do Japão. Utilizando uma técnica denominada tomografia sísmica, os cientistas analisaram dados de uma ampla rede de sensores, que registram ondas de energia liberada no solo por tremores terrestres.
Ao observar o tipo de onda e o tempo que ela leva para viajar entre os sensores, os cientistas conseguiram fazer uma imagem das camadas de rocha subsuperficial, de forma similar a que um escâner é utilizado por médicos para obter uma visão interseccional do corpo.
No estudo, foram acompanhadas as ocorrências que se seguiram a um terremoto de magnitude 7, registrado em 11 de abril de 2011, 6,4 km sob a superfície de Iwaki, 60 km a sudoeste da usina Fukushima Daiichi. Esta foi uma das maiores réplicas do terremoto de magnitude 9 que sacudiu a região em 11 de março e foi a maior registrada em terra.
A imagem mostra uma falha de baixa atividade que foi violentamente trazida à vida com o superterremoto de 11 de março. Entre este dia e 27 de outubro do ano passado, a rede de sensores no entorno de Iwaki registraram impressionantes 24.108 abalos com magnitude mínima de 1,5. Deles, 23 atingiram potência 5 ou superior.
Comparativamente, entre 3 de junho de 2002 e 11 de março de 2011, estes eventos foram observados apenas 1.215 vezes.
Mas o que "despertou" a falha Iwaki? Os autores do estudo liderado por Dapeng Zhao, professor de Geofísica da Universidade Tohoku em Sendai, Japão, acredita que a resposta esteja na placa do Pacífico. Ela desliza sobre a placa Okhotsk, que abrange a maior parte do norte do Japão.
A fricção desta poderosa "subdução" entre as placas não só foi a responsável pelo grande terremoto de 11 de março, mas também aumentou a temperatura e a pressão de minerais na placa, diz o artigo.
O calor fez com que fluidos aquosos fossem expelidos dos minerais e subissem para a crosta superior. Ali, eles agiram como uma espécie de lubrificante, facilitando o deslizamento da falha Iwaki.
A tomografia sísmica também revela que após o terremoto de 11 de março, a falha Iwaki sofreu uma mudança dramática com relação à tensão da placa Okhotsk.
Segundo os cientistas, uma mudança no impulso horizontal, auxiliada pelo efeito atenuante dos fluidos ascendentes, foi a responsável por fazer com que esta falha, antes inofensiva, se abrisse.
A preocupação é que algo similar possa acontecer a Fukushima porque ela partilha uma topografia subterrânea similar, embora um evento como este seja impossível de detectar no tempo, afirmaram.
"Há algumas falhas ativas na área da usina nuclear e nossos resultados mostram a existência de anomalias estruturais similares abaixo das áreas de Iwaki e da Fukushima Daiichi", disse Zhao em um comunicado à imprensa.
"Visto que um grande terremoto ocorreu em Iwaki não faz muito tempo, pensamos ser possível que um terremoto com força similar ocorra em Fukushima", acrescentaram.
O artigo é publicado na revista Solid Earth, um periódico científico revisto por pares, publicado pela União Europeia de Geociências (EGU).
"Muita atenção deve ser dada à (...) segurança sísmica no futuro próximo" na usina nuclear, alertaram.
Tóquio - A usina nuclear de Fukushima, que sofreu sérios danos após o terremoto seguido de maremoto que devastou o Japão no ano passado, precisa ampliar suas medidas de segurança para enfrentar o risco de um novo forte tremor, alertaram cientistas nesta terça-feira.
Três sismólogos de Japão e China fizeram soar o alerta. Para eles, o risco é uma causa indireta do superterremoto de 11 de março de 2011.
"A segurança da área fica localizada a usina nuclear deve ser reforçada para resistir à ocorrência potencial de fortes tremores no futuro", alertou a equipe em um estudo publicado em um jornal especializado.
A preocupação veio de um modelo de computador sobre a crosta e a camada subsuperficial do nordeste do Japão. Utilizando uma técnica denominada tomografia sísmica, os cientistas analisaram dados de uma ampla rede de sensores, que registram ondas de energia liberada no solo por tremores terrestres.
Ao observar o tipo de onda e o tempo que ela leva para viajar entre os sensores, os cientistas conseguiram fazer uma imagem das camadas de rocha subsuperficial, de forma similar a que um escâner é utilizado por médicos para obter uma visão interseccional do corpo.
No estudo, foram acompanhadas as ocorrências que se seguiram a um terremoto de magnitude 7, registrado em 11 de abril de 2011, 6,4 km sob a superfície de Iwaki, 60 km a sudoeste da usina Fukushima Daiichi. Esta foi uma das maiores réplicas do terremoto de magnitude 9 que sacudiu a região em 11 de março e foi a maior registrada em terra.
A imagem mostra uma falha de baixa atividade que foi violentamente trazida à vida com o superterremoto de 11 de março. Entre este dia e 27 de outubro do ano passado, a rede de sensores no entorno de Iwaki registraram impressionantes 24.108 abalos com magnitude mínima de 1,5. Deles, 23 atingiram potência 5 ou superior.
Comparativamente, entre 3 de junho de 2002 e 11 de março de 2011, estes eventos foram observados apenas 1.215 vezes.
Mas o que "despertou" a falha Iwaki? Os autores do estudo liderado por Dapeng Zhao, professor de Geofísica da Universidade Tohoku em Sendai, Japão, acredita que a resposta esteja na placa do Pacífico. Ela desliza sobre a placa Okhotsk, que abrange a maior parte do norte do Japão.
A fricção desta poderosa "subdução" entre as placas não só foi a responsável pelo grande terremoto de 11 de março, mas também aumentou a temperatura e a pressão de minerais na placa, diz o artigo.
O calor fez com que fluidos aquosos fossem expelidos dos minerais e subissem para a crosta superior. Ali, eles agiram como uma espécie de lubrificante, facilitando o deslizamento da falha Iwaki.
A tomografia sísmica também revela que após o terremoto de 11 de março, a falha Iwaki sofreu uma mudança dramática com relação à tensão da placa Okhotsk.
Segundo os cientistas, uma mudança no impulso horizontal, auxiliada pelo efeito atenuante dos fluidos ascendentes, foi a responsável por fazer com que esta falha, antes inofensiva, se abrisse.
A preocupação é que algo similar possa acontecer a Fukushima porque ela partilha uma topografia subterrânea similar, embora um evento como este seja impossível de detectar no tempo, afirmaram.
"Há algumas falhas ativas na área da usina nuclear e nossos resultados mostram a existência de anomalias estruturais similares abaixo das áreas de Iwaki e da Fukushima Daiichi", disse Zhao em um comunicado à imprensa.
"Visto que um grande terremoto ocorreu em Iwaki não faz muito tempo, pensamos ser possível que um terremoto com força similar ocorra em Fukushima", acrescentaram.
O artigo é publicado na revista Solid Earth, um periódico científico revisto por pares, publicado pela União Europeia de Geociências (EGU).
"Muita atenção deve ser dada à (...) segurança sísmica no futuro próximo" na usina nuclear, alertaram.