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Urnas consagram Pedro Passos Coelho na cena política de Portugal

Candidato do PSD, principal partido conservador do país, se tornou o próximo premiê de Portugal, no lugar de José Sócrates

Pedro Passos Coelho ascende em um momento delicado da economia portuguesa (Wikimedia Commons)
DR

Da Redação

Publicado em 6 de junho de 2011 às 06h18.

Lisboa - Com o triunfo do Partido Social Democrata (PSD) nas urnas neste domingo, Pedro Passos Coelho ganhou destaque no cenário político de Portugal e conseguiu a ascensão no principal partido conservador do país, emplacando seu nome para o cargo de primeiro-ministro.

Os cidadãos manifestaram confiança no líder do PSD diante do descontentamento popular quanto ao Governo do socialista José Sócrates, devido à grave crise financeira que atinge Portugal, que teve de solicitar resgate econômico de 78 bilhões de euros à União Europeia (UE) e ao Fundo Monetário Internacional (FMI).

Abertamente defensor das teses neoliberais, Passos Coelho conseguiu devolver o poder à centro-direita após seis anos na oposição, com um programa político que, em suas próprias palavras, vai "além" do memorando estipulado com as instituições internacionais em troca do resgate.

Nascido em julho de 1964 em Coimbra, sua infância foi marcada pela mudança com apenas cinco anos de idade à então colônia portuguesa de Angola, onde viveu meia década.

Foi com a família à África lusa para acompanhar o pai, Antonio Passos Coelho, pneumologista de profissão, de quem herdou o interesse e as preocupações na política, que o levaram a ser dirigente regional do PSD

O até agora líder da oposição teve o primeiro contato com seu partido aos 14 anos, durante um verão no distrito de Vila Real, onde decidiu participar de um campeonato de cartas organizado pela Juventude Social Democrata. Seis anos depois, transformou-se no secretário-geral da legenda. Em 1990, foi eleito presidente das Juventude Social Democrata (JSD), cargo que exerceu por cinco anos.

Por aquela época, começou a carreira de Matemática, curso que nunca concluiu e que mudou anos depois para Ciências Econômicas, formando-se pela Universidade Lusíada de Lisboa com a melhor nota.

Foi deputado no Parlamento português de 1991 a 1999, abandonou a política, completou seus estudos e começou a trabalhar como professor universitário. Logo aderiu à iniciativa privada e atuou primeiro como consultor e depois como diretor financeiro do grupo português Fomentinvest.

Em 2005, retornou à arena política e, em 2008, apresentou sua candidatura à Presidência do partido, embora sem sucesso, superado pela que seria candidata social-democrata nas eleições legislativas de 2009, Manuela Ferreira Leite.

A derrota do PSD para o Partido Socialista comandado por José Sócrates lhe deu uma nova oportunidade em 2010, quando obteve 61% dos votos nas eleições primárias da militância social-democrata

O triunfo deste domingo também lhe pode ajudar no difícil trabalho de articular a coesão em seu partido, muito dividido nos últimos anos, mantendo inclusive vozes críticas ao recente vitorioso.

Prestes a completar 47 anos, casado duas vezes e pai de três filhos, Passos Coelho começou sua etapa como principal responsável do PSD exibindo vontade de diálogo e entendimento com o Governo socialista, com o qual chegou a pactuar a aprovação do orçamento estatal de 2010.

A relação, no entanto, se deteriorou com o passar dos meses e o líder dos conservadores lusos se transformou em carrasco do Executivo ao provocar a renúncia do primeiro-ministro Sócrates, abalado pela rejeição parlamentar ao último plano de austeridade proposto pelo Governo.

A possibilidade de o país pedir auxílio à UE e ao FMI, concretizada finalmente no dia 6 de abril, encontrou melhor recepção em Passos Coelho que no Governo português.


De fato, o candidato social-democrata chegou a criticar as tentativas de demonizar a intervenção financeira e acusou o Governo de enganar ao país por não admitir que a medida era inevitável.

À frente do Governo luso, Passos Coelho deverá convergir opiniões com o presidente de Portugal, o também conservador e histórico dirigente do PSD Aníbal Cavaco Silva, com quem manteve atritos nos anos 1990 quando era presidente da Juventude do partido.

Amante da música clássica e com reconhecido talento para o canto lírico, seus colaboradores mais próximos o consideram frio, analítico e pouco temperamental.

Com o país permeado na pior crise financeira de sua história, o líder conservador deverá agora responder aos problemas sociais e econômicos lusos, mas, por enquanto, já confirmou o que há mais de 20 anos estampava um jornal regional após sua nomeação como secretário-geral da JSD: "Passos Coelho, um jovem que promete".

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Lisboa - Com o triunfo do Partido Social Democrata (PSD) nas urnas neste domingo, Pedro Passos Coelho ganhou destaque no cenário político de Portugal e conseguiu a ascensão no principal partido conservador do país, emplacando seu nome para o cargo de primeiro-ministro.

Os cidadãos manifestaram confiança no líder do PSD diante do descontentamento popular quanto ao Governo do socialista José Sócrates, devido à grave crise financeira que atinge Portugal, que teve de solicitar resgate econômico de 78 bilhões de euros à União Europeia (UE) e ao Fundo Monetário Internacional (FMI).

Abertamente defensor das teses neoliberais, Passos Coelho conseguiu devolver o poder à centro-direita após seis anos na oposição, com um programa político que, em suas próprias palavras, vai "além" do memorando estipulado com as instituições internacionais em troca do resgate.

Nascido em julho de 1964 em Coimbra, sua infância foi marcada pela mudança com apenas cinco anos de idade à então colônia portuguesa de Angola, onde viveu meia década.

Foi com a família à África lusa para acompanhar o pai, Antonio Passos Coelho, pneumologista de profissão, de quem herdou o interesse e as preocupações na política, que o levaram a ser dirigente regional do PSD

O até agora líder da oposição teve o primeiro contato com seu partido aos 14 anos, durante um verão no distrito de Vila Real, onde decidiu participar de um campeonato de cartas organizado pela Juventude Social Democrata. Seis anos depois, transformou-se no secretário-geral da legenda. Em 1990, foi eleito presidente das Juventude Social Democrata (JSD), cargo que exerceu por cinco anos.

Por aquela época, começou a carreira de Matemática, curso que nunca concluiu e que mudou anos depois para Ciências Econômicas, formando-se pela Universidade Lusíada de Lisboa com a melhor nota.

Foi deputado no Parlamento português de 1991 a 1999, abandonou a política, completou seus estudos e começou a trabalhar como professor universitário. Logo aderiu à iniciativa privada e atuou primeiro como consultor e depois como diretor financeiro do grupo português Fomentinvest.

Em 2005, retornou à arena política e, em 2008, apresentou sua candidatura à Presidência do partido, embora sem sucesso, superado pela que seria candidata social-democrata nas eleições legislativas de 2009, Manuela Ferreira Leite.

A derrota do PSD para o Partido Socialista comandado por José Sócrates lhe deu uma nova oportunidade em 2010, quando obteve 61% dos votos nas eleições primárias da militância social-democrata

O triunfo deste domingo também lhe pode ajudar no difícil trabalho de articular a coesão em seu partido, muito dividido nos últimos anos, mantendo inclusive vozes críticas ao recente vitorioso.

Prestes a completar 47 anos, casado duas vezes e pai de três filhos, Passos Coelho começou sua etapa como principal responsável do PSD exibindo vontade de diálogo e entendimento com o Governo socialista, com o qual chegou a pactuar a aprovação do orçamento estatal de 2010.

A relação, no entanto, se deteriorou com o passar dos meses e o líder dos conservadores lusos se transformou em carrasco do Executivo ao provocar a renúncia do primeiro-ministro Sócrates, abalado pela rejeição parlamentar ao último plano de austeridade proposto pelo Governo.

A possibilidade de o país pedir auxílio à UE e ao FMI, concretizada finalmente no dia 6 de abril, encontrou melhor recepção em Passos Coelho que no Governo português.


De fato, o candidato social-democrata chegou a criticar as tentativas de demonizar a intervenção financeira e acusou o Governo de enganar ao país por não admitir que a medida era inevitável.

À frente do Governo luso, Passos Coelho deverá convergir opiniões com o presidente de Portugal, o também conservador e histórico dirigente do PSD Aníbal Cavaco Silva, com quem manteve atritos nos anos 1990 quando era presidente da Juventude do partido.

Amante da música clássica e com reconhecido talento para o canto lírico, seus colaboradores mais próximos o consideram frio, analítico e pouco temperamental.

Com o país permeado na pior crise financeira de sua história, o líder conservador deverá agora responder aos problemas sociais e econômicos lusos, mas, por enquanto, já confirmou o que há mais de 20 anos estampava um jornal regional após sua nomeação como secretário-geral da JSD: "Passos Coelho, um jovem que promete".

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