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Um exercício de eficiência

Para a subsidiária brasileira da Amanco, reduzir o consumo de água e de outros insumos é uma obrigação que afeta diretamente o bolso de seus executivos

Bicudo, presidente da Amanco (--- [])
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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h26.

Nos anos 90, o bilionário suíço Stephen Schmidheiny criou um conceito que acabaria por redefinir completamente a atividade de milhares de empresas em todo o mundo: ecoeficiência. A idéia, tão sedutora quanto complexa, implica aumentar a produtividade de bens e serviços de uma empresa consumindo menos insumos e gerando menos poluição e lixo -- tudo isso ganhando dinheiro. A despeito do ceticismo inicial, Schmidheiny vem usando suas próprias empresas para provar que a ecoeficiência não é um sonho impossível de ser alcançado. Uma de suas melhores vitrines é a subsidiária brasileira da Amanco, fabricante de tubos e conexões, dona das marcas Fortilit e Akros. Entre 2002 e 2006, a Amanco adotou diversas iniciativas em suas quatro fábricas que lhe renderam um ganho em ecoeficiência de mais de 1,2 milhão de dólares. "Toda a nossa estratégia de negócio é desenvolvida para obter resultados não apenas financeiros, mas também sociais e ambientais", afirma Marcos Bicudo, presidente da Amanco Brasil.

Um dos trunfos da empresa é a fábrica de Suape, em Pernambuco, inaugurada em 2005 e que se transformou numa espécie de referência para o grupo. Um sistema compacto de tratamento de efluentes sanitários permite o reúso da água na descarga dos sanitários, na limpeza de pisos e até mesmo na irrigação dos jardins. Toda a energia utilizada na fábrica vem da queima do bagaço de cana. Embora as outras três unidades da Amanco no país não sejam tão avançadas do ponto de vista tecnológico, todas têm certificação de meio ambiente (ISO 14001), qualidade (ISO 9001) e saúde e segurança no trabalho (OHSAS 18001). Nos últimos quatro anos, graças a essa busca pela eficiência ambiental, o volume de água usado na fabricação de 1 tonelada de tubos caiu, em média, de 1 010 litros para 310 litros (em Suape, o volume é de apenas 90 litros). Hoje, a taxa de reciclagem dos resíduos chega à média de 58%. Apenas o lixo comum é destinado ao aterro sanitário -- os demais tipos, como baterias, lâmpadas fluorescentes, óleo usado em máquinas e outros resíduos de processos contaminados, são reciclados, incinerados ou descontaminados. As ações se estendem também aos parceiros da empresa. Um exemplo é a aquisição de embalagens de papelão de um fornecedor que utiliza, no processo de fabricação, celulose extraída do bagaço de cana.

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Novos produtos
A preocupação com o meio ambiente pauta também o desenvolvimento de novos produtos. Um exemplo é a linha para irrigação por microaspersão, lançada em 2003. Essa tecnologia, que consiste em aplicar a água apenas nas raízes das plantas, diminui até 70% o consumo de água, em comparação com o método convencional de irrigação. "Além de contribuir para o futuro do planeta e gerar ganhos importantes para os clientes, estamos obtendo nessa linha uma margem de lucro acima da média de nossos produtos", diz Bicudo, sem revelar os números. "É uma típica relação que traz vantagens para todos os lados envolvidos."

Assim como as iniciativas ambientais, as ações sociais da Amanco estão quase sempre integradas ao negócio da empresa. Há um programa nacional de capacitação de instaladores sanitários que a cada ano proporciona qualificação -- e melhores perspectivas profissionais -- a 40 000 encanadores de todo o país. Essa filosofia de trabalho sustentável influencia diretamente a remuneração dos empregados. Os executivos recebem de 14% a 20% de seu rendimento variável com base nos resultados sociais e ambientais obtidos dentro do respectivo nível de responsabilidade -- os percentuais devem crescer a partir deste ano.

Avaliação da empresa
Pontos fortes
- Mais de 80% da produção vem de processos cobertos por sistemas de gestão ambiental certificados.
- O projeto de gerenciamento dos impactos na vizinhança das unidades fabris inclui reuniões com lideranças comunitárias.
- Apolítica de remuneração variável dos funcionários está atrelada ao desempenho da empresa nos aspectos social e ambiental.
Pontos fracos
- Não tem projetos de recuperação e proteção ambiental significativos para manutenção e conservação de espécies de fauna e flora.
- Adota critérios de desempenho ambiental somente na seleção de fornecedores críticos.
- Acota de 5% das vagas de trabalho para portadores de deficiência física ainda não foi atingida (está em 2,5%).
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