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Turquia não apoiará milícias curdas de Kobani contra EI

Presidente turco disse que as milícias de Kobani são "tão terroristas quanto o Estado Islâmico"

Sírios curdos recém-chegados à Turquia em caminhão fugindo da cidade de Kobani, na fronteira Síria-Turquia (Umit Bektas/Reuters)

Sírios curdos recém-chegados à Turquia em caminhão fugindo da cidade de Kobani, na fronteira Síria-Turquia (Umit Bektas/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 19 de outubro de 2014 às 11h25.

Istambul - A Turquia não dará apoio às milícias curdas que defendem Kobani contra os jihadistas do Estado Islâmico (EI) por considerá-las "terroristas", declarou o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, neste domingo.

O líder comparou o Partido União e Democracia (PYD), que coordena as milícias de Kobani, com o Partido de Trabalhadores do Curdistão (PKK), com o qual mantém conflituosas relações e que há algumas semanas Erdogan rotulou de "tão terrorista como o EI".

'Dar armas ao PYD para formar uma frente contra o EI? Vejamos: para nós, o PYD é igual ao PKK, também é uma organização terrorista', esclareceu Erdogan à agência semipública 'Anadolu' no voo em que retornava nesta madrugada do Afeganistão.

'Os Estados Unidos, nosso amigo e aliado na Otan, estaria muito errado se esperasse de nós dizer 'sim' após anunciar abertamente apoio a uma organização terrorista. Ninguém pode esperar algo assim de nós; não podemos dizer sim a algo assim', reiterou Erdogan.

Ao contrário do PKK, o PYD, o partido mais forte nas regiões curdas da Síria e o único que mantém milícias armadas (conhecidas como YPG), não foi declarado terrorista nem pela Turquia nem por outros países, e seu líder, Saleh Muslim, viajou este mês para Ancara para se reunir com as autoridades turcas.

Erdogan voltou em negar que já houvesse um acordo com os Estados Unidos para utilizar a base aérea de Incirlik, no sul da Turquia, na luta contra o EI e assinalou que ainda não sabia que os EUA a pediriam.

Ele reiterou que a Turquia tem quatro condições para participar da coalizão antijhadista: estabelecer uma zona de exclusão aérea e uma faixa de segurança, treinar e equipar a oposição síria e finalmente garantir que se intervenha contra o regime sírio.

Com a 'faixa de segurança' Erdogan não se referia a uma região ocupada por tropas turcas, mas a uma zona próxima à fronteira sírio-turca por onde os refugiados sírios atualmente residentes na Turquia pudessem retornar. Atualmente há mais de um milhão de sírios refugiados ali.

Erdogan assinalou que as negociações com Washington continuavam sem terem ainda um resultado claro, mas reiterou que não sentia necessidade de intervir para salvar a cidade de Kobani, sitiada pelo Estado Islâmico há um mês e onde os combates entre curdos e jihadistas se desenvolvem a poucos metros da fronteira turca.

'Não fechamos a porta aos que fogem de Kobani; abrimos a porta e agora há 200 mil na Turquia. Que mais o governo pode fazer? Fez o que fez falta', opinou Erdogan. 

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