Turquia destitui 2.766 funcionários sob acusações de golpismo
Desde a tentativa de golpe, governo já expulsou 120 mil funcionários de seus cargos, aos quais se acrescentam aproximadamente outros 20 mil professores
EFE
Publicado em 24 de dezembro de 2017 às 07h26.
Ancara - Um decreto do Governo turco emitido ao amparo do estado de emergência, vigente desde o golpe de Estado fracassado de julho de 2016, ordenou neste domingo a destituição de 2.766 empregados públicos.
Os decretos, divulgados no Boletim Oficial do Estado, enumeram 637 militares, entre eles 327 das Forças Aéreas, 155 do Exército e outros 155 da Marinha, aos quais se acrescentam 360 da Gendarmaria.
Outras instituições afetadas são o Ministério de Educação, do qual foram expulsos 392 professores; a Direção de Assuntos Religiosos, com 341 funcionários destituídos; e o Ministério de Justiça, com 245.
Além disso, o decreto retira do cargo 105 empregados de várias universidades, entre eles catedráticos e professores.
Também se ordena o fechamento de 17 instituições, sobretudo associações estudantis ou educacionais, mas também dois jornais locais e um centro de saúde cardíaca.
Em todos os casos, as destituições foram motivadas por "ser membro de uma organização terrorista ou de uma estrutura, organismo ou grupo que mantém atividades contrárias à segurança do Estado, ou por manter vínculos ou laços com ela".
Os destituídos não podem voltar a trabalhar em nenhum cargo público, nem em empresas de segurança privada, com licenças de armas ou de piloto anuladas, além de terem o passaporte cancelado, de acordo com o decreto.
As medidas tomadas ao amparo do Estado de emergência não podem ser recorridas à Justiça.
Um segundo decreto, também publicado hoje no Boletim Oficial, especifica os uniformes para os presos, incluídos os de prisão preventiva: serão de cor "amêndoa" no caso de quem está sendo julgado por delitos contra a ordem constitucional, e cinza para os restantes.
Desde a tentativa de golpe, os sucessivos decretos do Governo expulsaram 120 mil funcionários de seus cargos, aos quais se acrescentam aproximadamente outros 20 mil professores, que perderam sua licença.
Cerca de 50 mil pessoas estão em prisão preventiva, em espera de serem julgadas por supostos vínculos com a confraria de Gülen. EFE