Trump relança debate sobre imigração clandestina
Seu discurso de quarta-feira (31), ficará como o da denúncia dos cerca de 11 milhões de imigrantes em situação ilegal nos Estados Unidos
Da Redação
Publicado em 1 de setembro de 2016 às 16h48.
Donald Trump tentava nesta quinta-feira (1º) consolidar sua estatura como homem de Estado, no dia seguinte de seu encontro com o presidente mexicano, mas a virulência de seu discurso contra os imigrantes em situação clandestina contrasta com sua vontade de ampliar sua base eleitoral.
Ainda não está claro se o candidato republicano tenta ganhar ares de diplomata, assegurando sua fidelidade aos conservadores tradicionais do partido, ou se teria cedido à pressão da extrema-direita, desistindo de moderar sua posição nesse tema.
O fato é que seu discurso de quarta-feira (31) no Phoenix, Arizona, ficará como o da denúncia dos cerca de 11 milhões de imigrantes em situação ilegal nos Estados Unidos, acusados de roubar o emprego dos americanos e de ser, em alguns casos, criminosos perigosos.
O magnata nova-iorquino não se comprometeu com expulsar, pela força armada, todos os imigrantes em situação clandestina, reconhecendo o desafio logístico que uma operação dessas representaria. Garantiu, porém, que "qualquer um que tenha entrado nos Estados Unidos ilegalmente é alvo de deportação".
A prioridade será, então, expulsar imigrantes com antecedentes criminais, assim como aqueles que estejam com o visto vencido e os que abusam do sistema de benefícios sociais do país, declarou, prometendo recursos extras à polícia e às unidades de fronteira.
Ele excluiu qualquer possibilidade de regulariza o que é ilegal, embora tenha evocado essa opção, ligeiramente, na semana passada.
Concretamente, isso pode significar a prolongação do quadro precário em que vivem essas pessoas, mexicanos em sua maioria, e que esperam há anos - até mesmo décadas - para sair das sombras.
A maioria dos americanos é, contudo, favorável a uma reforma migratória. Depois da derrota na disputa pela Casa Branca em 2012, a cúpula republicana tentou conduzir o partido para uma posição mais conciliadora, de modo a ganhar a confiança do eleitorado hispânico. Essa abertura fracassou, porém, diante da oposição dos ultraconservadores do Tea Party.
Hoje, pelo menos 77% dos eleitores são favoráveis a algum tipo de regularização dos "clandestinos", de acordo com uma pesquisa da rede conservadora Fox News divulgada nesta quinta. Em julho de 2015, eram 64% e, em 2010, apenas 49% eram a favor.
Quem pagará o muro?
"Tem realmente um pouco de suavização", admitiu Donald Trump, nesta quinta-feira, no programa de rádio Laura Ingraham Show.
"Fazemos isso de uma maneira muito humana", completou, garantindo que a decisão sobre os "clandestinos" não considerados "uma prioridade" será tomada bem mais tarde, "depois que tudo estiver estabilizado".
Os partidários de uma reforma migratória não interpretaram seu discurso do mesmo modo.
"Esperamos que Trump apresente um plano concreto para parar a imigração clandestina futura, oferecendo uma solução realista para aqueles que vivem aqui sem ", reagiu o presidente da FWD.us, Todd Schulte.
A organização foi criada pelo fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, e por outros executivos do Vale do Silício.
"Infelizmente, Trump fracassou nos dois níveis", completou.
O discurso lhe custou uma primeira baixa: Jacob Monty, membro de um comitê hispânico pró-Trump, informa o Politico. Um outro conservador latino pró-Trump, Alfonso Aguilar, disse no Twitter se sentir "decepcionado e enganado".
Já os democratas aproveitam para mostrar aos comentaristas e analistas políticos que Donald Trump não é capaz de mudar.
"Ele faz um discurso que parece com os discursos feitos ao longo da nossa História contra os irlandeses, contra os imigrantes de origem italiana. contra os judeus do Leste europeu. Seriam todos criminosos que fazem coisas horríveis e devíamos expulsá-los", disse à emissora MSNBC o vice de Hillary Clinton, Tim Kaine.
Nesta quinta, em discurso diante da Legião americana, uma grande organização de veteranos de guerra, Donald Trump adotou o tom de um futuro comandante-em-chefe.
Ele agradeceu ao presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, por tê-lo recebido ontem.
"Podemos trabalhar juntos para conquistar grandes coisas, para nossos dois países", afirmou, repetindo o objetivo de conservar "empregos e riqueza em nosso hemisfério".
O único problema dessa viagem surpresa diz respeito à fatura do muro na fronteira entre os dois países, o qual Trump garante que será construído com recursos do México.
Em entrevista coletiva ontem, no país vizinho, ao lado de Peña Nieto, o tema não foi abordado diretamente. O presidente mexicano garantiu, depois do encontro, que advertiu Trump, em privado, que o país não financiará esse projeto.
Donald Trump tentava nesta quinta-feira (1º) consolidar sua estatura como homem de Estado, no dia seguinte de seu encontro com o presidente mexicano, mas a virulência de seu discurso contra os imigrantes em situação clandestina contrasta com sua vontade de ampliar sua base eleitoral.
Ainda não está claro se o candidato republicano tenta ganhar ares de diplomata, assegurando sua fidelidade aos conservadores tradicionais do partido, ou se teria cedido à pressão da extrema-direita, desistindo de moderar sua posição nesse tema.
O fato é que seu discurso de quarta-feira (31) no Phoenix, Arizona, ficará como o da denúncia dos cerca de 11 milhões de imigrantes em situação ilegal nos Estados Unidos, acusados de roubar o emprego dos americanos e de ser, em alguns casos, criminosos perigosos.
O magnata nova-iorquino não se comprometeu com expulsar, pela força armada, todos os imigrantes em situação clandestina, reconhecendo o desafio logístico que uma operação dessas representaria. Garantiu, porém, que "qualquer um que tenha entrado nos Estados Unidos ilegalmente é alvo de deportação".
A prioridade será, então, expulsar imigrantes com antecedentes criminais, assim como aqueles que estejam com o visto vencido e os que abusam do sistema de benefícios sociais do país, declarou, prometendo recursos extras à polícia e às unidades de fronteira.
Ele excluiu qualquer possibilidade de regulariza o que é ilegal, embora tenha evocado essa opção, ligeiramente, na semana passada.
Concretamente, isso pode significar a prolongação do quadro precário em que vivem essas pessoas, mexicanos em sua maioria, e que esperam há anos - até mesmo décadas - para sair das sombras.
A maioria dos americanos é, contudo, favorável a uma reforma migratória. Depois da derrota na disputa pela Casa Branca em 2012, a cúpula republicana tentou conduzir o partido para uma posição mais conciliadora, de modo a ganhar a confiança do eleitorado hispânico. Essa abertura fracassou, porém, diante da oposição dos ultraconservadores do Tea Party.
Hoje, pelo menos 77% dos eleitores são favoráveis a algum tipo de regularização dos "clandestinos", de acordo com uma pesquisa da rede conservadora Fox News divulgada nesta quinta. Em julho de 2015, eram 64% e, em 2010, apenas 49% eram a favor.
Quem pagará o muro?
"Tem realmente um pouco de suavização", admitiu Donald Trump, nesta quinta-feira, no programa de rádio Laura Ingraham Show.
"Fazemos isso de uma maneira muito humana", completou, garantindo que a decisão sobre os "clandestinos" não considerados "uma prioridade" será tomada bem mais tarde, "depois que tudo estiver estabilizado".
Os partidários de uma reforma migratória não interpretaram seu discurso do mesmo modo.
"Esperamos que Trump apresente um plano concreto para parar a imigração clandestina futura, oferecendo uma solução realista para aqueles que vivem aqui sem ", reagiu o presidente da FWD.us, Todd Schulte.
A organização foi criada pelo fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, e por outros executivos do Vale do Silício.
"Infelizmente, Trump fracassou nos dois níveis", completou.
O discurso lhe custou uma primeira baixa: Jacob Monty, membro de um comitê hispânico pró-Trump, informa o Politico. Um outro conservador latino pró-Trump, Alfonso Aguilar, disse no Twitter se sentir "decepcionado e enganado".
Já os democratas aproveitam para mostrar aos comentaristas e analistas políticos que Donald Trump não é capaz de mudar.
"Ele faz um discurso que parece com os discursos feitos ao longo da nossa História contra os irlandeses, contra os imigrantes de origem italiana. contra os judeus do Leste europeu. Seriam todos criminosos que fazem coisas horríveis e devíamos expulsá-los", disse à emissora MSNBC o vice de Hillary Clinton, Tim Kaine.
Nesta quinta, em discurso diante da Legião americana, uma grande organização de veteranos de guerra, Donald Trump adotou o tom de um futuro comandante-em-chefe.
Ele agradeceu ao presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, por tê-lo recebido ontem.
"Podemos trabalhar juntos para conquistar grandes coisas, para nossos dois países", afirmou, repetindo o objetivo de conservar "empregos e riqueza em nosso hemisfério".
O único problema dessa viagem surpresa diz respeito à fatura do muro na fronteira entre os dois países, o qual Trump garante que será construído com recursos do México.
Em entrevista coletiva ontem, no país vizinho, ao lado de Peña Nieto, o tema não foi abordado diretamente. O presidente mexicano garantiu, depois do encontro, que advertiu Trump, em privado, que o país não financiará esse projeto.