Trump ratifica “novo Nafta” em meio a julgamento no Senado
O tratado comercial da América do Norte irá vigorar por 16 anos, poderá ser alterado a cada seis e dará vantagens a empresas dos EUA
Da Redação
Publicado em 29 de janeiro de 2020 às 06h12.
Última atualização em 29 de janeiro de 2020 às 06h34.
São Paulo — Simultaneamente ao julgamento de impeachment que pesa contra Donald Trump no Senado dos Estados Unidos, o presidente norte-americano deve sancionar nesta quarta-feira um novo acordo comercial que substituirá o Nafta.
Batizado de USMCA (EUA-México-Canadá), o tratado irá vigorar por 16 anos e poderá ser alterado por qualquer uma das partes a cada seis. Em linha com o protecionismo adotado por Trump, o upgrade do Nafta também trará vantagens a empresas estadunidenses.
Desde que assumiu a presidência, Trump critica o Nafta, que diz ser o pior acordo comercial já assinado. O agora USMCA inclui mais proteções para os trabalhadores, normas ambientais mais rigorosas e atualizações da relação comercial para levar em conta o comércio eletrônico, assim como proteções à propriedade intelectual.
A indústria automobilística, revolucionada pelo Nafta de 1994, é um dos setores mais importantes afetados pelo novo acordo.
Os Estados Unidos queriam que houvesse um percentual maior de produtos americanos para carros livres de impostos, e o novo texto estimula o fornecimento de componentes americanos.“O acordo vai reger cerca de 1,2 trilhão de dólares em comércio, o que o torna o maior acordo comercia l da história dos Estados Unidos”, afirmou Trump.
O tratado negociado entre os três países por mais de um ano também foi celebrado pelo presidente mexicano Andrés Obrador, e pelo primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau. Ambos os líderes reconheceram que as mudanças irão modernizar a relação comercial trilateral e trarão benefícios às partes.
Além da ratificação dos EUA, cujo Senado aprovou por 89 votos a 10, o USMCA já foi validado pelo México e deve ser votado por parlamentares canadenses ainda esta semana. Trump deve sancionar o acordo em uma cerimônia na Casa Branca ao mesmo tempo em que um processo de impeachment contra ele estará sendo analisado pelo Congresso.
Como a maioria do Senado é republicana, as chances de Trump de fato ser afastado do cargo são mínimas. Mesmo assim, a imagem do presidente que tentará reeleição pode ser arranhada. Nesse cenário, bons resultados econômicos e acordos que favorecem os EUA deverão ser usados por Trump como mais um artefato para tentar convencer seus potenciais eleitores.