Trump nega "troca de favores" com Ucrânia e reivindica inocência
Em depoimento, embaixador dos EUA na União Europeia afirmou que pressionou ucranianos por ordem do presidente norte-americano
Reuters
Publicado em 20 de novembro de 2019 às 19h57.
Washington - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump,disse nesta quarta-feira, ao citar uma parte do depoimento do embaixador dos EUA na União Europeia Gordon Sondland em inquérito de impeachment da Câmara dos Deputados, que ficou demonstrado que ele não queria uma "troca de favores" com relação à Ucrânia.
Falando a repórteres na Casa Branca, Trump citou comentários de Sondland a respeito de uma conversa com o presidente ucraniano, sobre a qual ele contou que Trump disse que não queria nada da Ucrânia.
"Eu disse ao embaixador em resposta, não quero nada. Não quero nada. Não quero quid pro quo (expressão latina que significa 'algo dado a uma pessoa em troca de outra coisa'). Diga a Zelenskiy, presidente Zelenskiy, que faça a coisa certa", afirmou Trump, citando o testemunho e referindo-se ao presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy.
Embora a caracterização do depoimento feita por Trump tenha sido precisa, ela foi incompleta.
Ele não mencionou que Sondland também disse que transmitiu as observações do presidente a outro diplomata preocupado com a pressão aplicada simplesmente para sinalizar que ele havia levado a questão o mais longe possível.
"Minha razão para dizer a ele era que isso não era defender o que o presidente estava dizendo, não opinar sobre se o presidente estava sendo sincero ou falso, mas simplesmente para transmitir 'eu fui o mais longe que posso'", disse Sondland.
No entanto, Trump reivindicou o fim das investigações.
"Eu diria que isso significa que tudo acabou", disse Trump sobre a investigação de impeachment.
Em seu depoimento, Sondland afirmou aos parlamentares que houve uma troca de favores, na qual uma reunião desejada com Trump estava sendo retida para tentar pressionar Zelenskiy a iniciar as investigações que Trump queria.
Sondland disse que estava seguindo a orientação de Trump para ajudar a pressionar a Ucrânia a iniciar duas investigações que beneficiariam Trump politicamente na busca pela reeleição em novembro de 2020.
O presidente do Comitê de Inteligência da Câmara, Adam Schiff, disse que o depoimento foi "o cerne da questão do suborno, bem como de outros crimes e contravenções em potencial" que os democratas estão considerando.
O presidente procurou subestimar seu relacionamento com Sondland e também o elogiou levemente.
"Não o conheço muito bem. Não falei muito com ele", disse o presidente. "Parece um cara legal."