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Teerã e Washington pedem concessões sobre programa nuclear

Em sua chegada à capital austríaca, o chefe da diplomacia iraniana, Mohammad Javad Zarif, prometeu "realizar esforços até o último dia"

Chanceler iraniano e representante europeia: início de negociações foi marcado por almoço entre Zarif e Ashton (AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 18 de novembro de 2014 às 17h33.

O Irã e as grandes potências pediram concessões de lado a lado nesta terça-feira, no primeiro dia de negociações em Viena em busca de um acordo histórico sobre o programa nuclear de Teerã.

Em sua chegada à capital austríaca, o chefe da diplomacia iraniana, Mohammad Javad Zarif, prometeu "realizar esforços até o último dia", considerando que um acordo é possível, mas alertando para "exigências excessivas".

O Irã deve fazer "todos os esforços possíveis" durante esta "semana decisiva", considerou o secretário de Estado americano, John Kerry, em Londres, onde se reuniu nesta terça com os ministros das Relações Exteriores europeus e árabes para informá-los a respeito dos avanços nas discussões.

O chefe da diplomacia britânica, Philip Hammond, pediu que Teerã mostre mais "flexibilidade".

Impasses significativos persistem entre os negociadores em temas importantes, e os diplomatas têm apenas seis dias para chegar a um acordo antes do prazo de 24 de novembro.

O início das negociações foi marcado por um almoço entre Zarif e a chefe da diplomacia da União Europeia, Catherine Ashton.

Os ministros das grandes potências do "5+1" (China, Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e Alemanha), incluindo John Kerry, são aguardados em Viena nesta semana, após as primeiras séries de reuniões a portas fechadas de seus diretores políticos.

As grandes potências suspeitam que a República Islâmica queira produzir uma bomba atômica, sob o pretexto de um programa nuclear civil. Teerã nega taxativamente.

As tensões causadas pela controvérsia chegaram a suscitar ameaças de guerra, alimentadas principalmente pelo temor de Israel e dos países árabes do Golfo diante da ideia de um Irã nuclear.

Afetado por pesadas sanções internacionais, o Irã quer a retirada dessas medidas que asfixiam sua economia, enquanto as grandes potências exigem que Teerã limite suas capacidades nucleares de forma que tornem a opção militar virtualmente impossível.

"Lacunas a preencher"

Após anos de tensão, as duas partes negociam há cerca de um ano, mas os obstáculos continuam numerosos.

"Ainda restam lacunas a preencher, e nós não sabemos ainda se vamos conseguir", disse na noite de segunda-feira uma fonte americana.

Os negociadores devem resolver a questão das capacidades de enriquecimento de urânio que o Irã pode manter após um acordo. Teerã possui milhares de centrífugas capazes de fornecer a matéria prima para bombas atômicas.

O reator de água pesada de Arak, um equipamento que pode produzir plutônio - o outro meio de acesso à arma nuclear - é uma das outras questões debatidas, assim como o regime de inspeções da ONU a que o Irã seria submetido após um acordo, ou ainda o ritmo da suspensão das sanções.

Sobre esse ponto, uma fonte ocidental criticou o fato de o Irã "querer tudo, tudo rapidamente, o que não é nem um pouco realista".

Um eventual acordo abriria caminho para uma normalização das relações entre o Irã e o Ocidente, e para possíveis cooperações, principalmente com Washington, em meio às crises no Iraque e na Síria.

Adiamento arriscado

Ele reduziria também o risco de proliferação nuclear no Oriente Médio. Para o governo iraniano, seria importante poder recuperar sua economia e recuperar o seu lugar entre os principais produtores de petróleo do mundo.

O desafio é tão importante que Washington e Moscou deixaram de lado as suas divergências em torno do conflito na Ucrânia.

Na quarta-feira, 13 de novembro, John Kerry e seu homólogo russo, Serguei Lavrov, pediram juntos "um acordo global o mais rápido possível" sobre a questão nuclear iraniana.

No domingo, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, alertou a comunidade internacional para qualquer ingenuidade com Teerã.

Mas analistas não acreditam em um acordo definitivo no dia 24. Para eles, é mais provável que o Irã e o "5+1" concluam um "acordo interino" permitindo prolongar as discussões, como já aconteceu em julho.

Essa saída talvez seja muito arriscada e abra espaço para os falcões em ambos os campos.

Para o analista Kelsey Davenport, da Arms Control Association, "seria insensato (...) desperdiçar esta chance histórica" de chegar a um acordo, "com todo o capital político investido de um lado e de outro" nas negociações.

Hammond descarta, no entanto, a assinatura de um acordo com grandes concessões.

"Acho que podemos fechar um acordo. Mas não assinaremos um mau acordo", advertiu.

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O Irã e as grandes potências pediram concessões de lado a lado nesta terça-feira, no primeiro dia de negociações em Viena em busca de um acordo histórico sobre o programa nuclear de Teerã.

Em sua chegada à capital austríaca, o chefe da diplomacia iraniana, Mohammad Javad Zarif, prometeu "realizar esforços até o último dia", considerando que um acordo é possível, mas alertando para "exigências excessivas".

O Irã deve fazer "todos os esforços possíveis" durante esta "semana decisiva", considerou o secretário de Estado americano, John Kerry, em Londres, onde se reuniu nesta terça com os ministros das Relações Exteriores europeus e árabes para informá-los a respeito dos avanços nas discussões.

O chefe da diplomacia britânica, Philip Hammond, pediu que Teerã mostre mais "flexibilidade".

Impasses significativos persistem entre os negociadores em temas importantes, e os diplomatas têm apenas seis dias para chegar a um acordo antes do prazo de 24 de novembro.

O início das negociações foi marcado por um almoço entre Zarif e a chefe da diplomacia da União Europeia, Catherine Ashton.

Os ministros das grandes potências do "5+1" (China, Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e Alemanha), incluindo John Kerry, são aguardados em Viena nesta semana, após as primeiras séries de reuniões a portas fechadas de seus diretores políticos.

As grandes potências suspeitam que a República Islâmica queira produzir uma bomba atômica, sob o pretexto de um programa nuclear civil. Teerã nega taxativamente.

As tensões causadas pela controvérsia chegaram a suscitar ameaças de guerra, alimentadas principalmente pelo temor de Israel e dos países árabes do Golfo diante da ideia de um Irã nuclear.

Afetado por pesadas sanções internacionais, o Irã quer a retirada dessas medidas que asfixiam sua economia, enquanto as grandes potências exigem que Teerã limite suas capacidades nucleares de forma que tornem a opção militar virtualmente impossível.

"Lacunas a preencher"

Após anos de tensão, as duas partes negociam há cerca de um ano, mas os obstáculos continuam numerosos.

"Ainda restam lacunas a preencher, e nós não sabemos ainda se vamos conseguir", disse na noite de segunda-feira uma fonte americana.

Os negociadores devem resolver a questão das capacidades de enriquecimento de urânio que o Irã pode manter após um acordo. Teerã possui milhares de centrífugas capazes de fornecer a matéria prima para bombas atômicas.

O reator de água pesada de Arak, um equipamento que pode produzir plutônio - o outro meio de acesso à arma nuclear - é uma das outras questões debatidas, assim como o regime de inspeções da ONU a que o Irã seria submetido após um acordo, ou ainda o ritmo da suspensão das sanções.

Sobre esse ponto, uma fonte ocidental criticou o fato de o Irã "querer tudo, tudo rapidamente, o que não é nem um pouco realista".

Um eventual acordo abriria caminho para uma normalização das relações entre o Irã e o Ocidente, e para possíveis cooperações, principalmente com Washington, em meio às crises no Iraque e na Síria.

Adiamento arriscado

Ele reduziria também o risco de proliferação nuclear no Oriente Médio. Para o governo iraniano, seria importante poder recuperar sua economia e recuperar o seu lugar entre os principais produtores de petróleo do mundo.

O desafio é tão importante que Washington e Moscou deixaram de lado as suas divergências em torno do conflito na Ucrânia.

Na quarta-feira, 13 de novembro, John Kerry e seu homólogo russo, Serguei Lavrov, pediram juntos "um acordo global o mais rápido possível" sobre a questão nuclear iraniana.

No domingo, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, alertou a comunidade internacional para qualquer ingenuidade com Teerã.

Mas analistas não acreditam em um acordo definitivo no dia 24. Para eles, é mais provável que o Irã e o "5+1" concluam um "acordo interino" permitindo prolongar as discussões, como já aconteceu em julho.

Essa saída talvez seja muito arriscada e abra espaço para os falcões em ambos os campos.

Para o analista Kelsey Davenport, da Arms Control Association, "seria insensato (...) desperdiçar esta chance histórica" de chegar a um acordo, "com todo o capital político investido de um lado e de outro" nas negociações.

Hammond descarta, no entanto, a assinatura de um acordo com grandes concessões.

"Acho que podemos fechar um acordo. Mas não assinaremos um mau acordo", advertiu.

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