Síria é o maior desafio do mundo desde a 2ª Guerra, diz ONG
Os quatro longos anos de guerra causaram a "fadiga dos doadores" e hoje estão garantidos apenas 2% do orçamento para este ano
Da Redação
Publicado em 11 de março de 2015 às 12h16.
Madri - Após quatro anos de conflito, a Síria se tornou o maior desafio para a comunidade internacional desde a Segunda Guerra Mundial, com 3,8 milhões de refugiados, a metade deles crianças, segundo afirmou nesta quarta-feira Jean-Raphael Poitou, representante da ONG Ação Contra a Fome (ACH) no Oriente Médio.
"Quatro anos depois, o impacto na população é alarmante, com números vertiginosos", pois, além do recorde de refugiados, também há 7,6 milhões de deslocados, 12,2 milhões que precisam de ajuda com urgência e 4,8 milhões de sitiados, disse Poitou em entrevista coletiva em Madri.
A crise gerada pela guerra superou as do Afeganistão, de Ruanda e da Colômbia e as mais afetadas negativamente são as crianças, que "se tornarão uma geração perdida se nada for feito para resolver a situação", acrescentou o especialista da ONG, uma das poucas que trabalham na Síria.
"Além de carecer de quase todos os produtos básicos, os menores de idade não têm acesso à educação e deixaram de ser uma prioridade, caíram no esquecimento", explicou Poitou, ao insistir que a situação é "mais complicada do que nunca para a população".
Os quatro longos anos de guerra causaram a "fadiga dos doadores" e hoje estão garantidos apenas 2% do orçamento para este ano, quando se calcula que as necessidades humanitárias chegarão a US$ 8 bilhões.
"Lembraremos os países doadores na Conferência de Apoio Humanitária à Síria que acontecerá no Kuwait, no próximo dia 31", disse o representante da ACH, ao afirmar que os fatos são mais importantes que as promessas.
Segundo ele, agora "há outras ameaças e prioridades", como os jihadistas do grupo terrorista Estado Islâmico (EI), que criaram um califado nas zonas da Síria e do Iraque sob controle dos jihadistas, mas que, para a ACH, faz parte do mesmo problema.
"A comunidade internacional descobriu o EI em agosto do ano passado, mas esse grupo extremista é consequência da falta de solução para a crise síria, porque ele já existia antes e só se reforçou como consequência do conflito", declarou Poitou.
A ONG está "muito preocupada que o interesse mundial foque apenas no EI" porque "é preciso muito apoio, não só financeiro, mas também em tarefas de realocação".
Poitou lembrou o pedido das ONGs internacionais, em dezembro, para que os países europeus recebam 5% dos refugiados, mas até agora "quase nada aconteceu".
A Alemanha, que se ofereceu a receber 20 mil refugiados, é de longe o país mais disposto à prática, com 130 locais destinados à causa. França e Reino Unido não figuram na lista, segundo Poitou.
"No fim, os refugiados sempre buscam uma maneira de sair e muitos começaram a viajar para a Europa em condições lamentáveis, com as quais começam a vida outra vez", disse o especialista, que calcula em mais de 60 mil os sírios que cruzaram o Mediterrâneo.
De fato, os países vizinhos que acolheram a maioria dos refugiados (Turquia, Líbano, Jordânia e o Curdistão iraquiano) "já não podem mais fazer o mesmo e fecharam suas fronteiras". A maior parte do trabalho humanitário da ACH é feita nos acampamentos.
O caso do Líbano é paradigmático, pois, com cerca de 1,5 milhão de refugiados, o que representa 25% da população do país, a entrada ao país foi permitida até o fim de 2014, mas os 1.400 acampamentos "informais" não comportam mais pessoas.
Madri - Após quatro anos de conflito, a Síria se tornou o maior desafio para a comunidade internacional desde a Segunda Guerra Mundial, com 3,8 milhões de refugiados, a metade deles crianças, segundo afirmou nesta quarta-feira Jean-Raphael Poitou, representante da ONG Ação Contra a Fome (ACH) no Oriente Médio.
"Quatro anos depois, o impacto na população é alarmante, com números vertiginosos", pois, além do recorde de refugiados, também há 7,6 milhões de deslocados, 12,2 milhões que precisam de ajuda com urgência e 4,8 milhões de sitiados, disse Poitou em entrevista coletiva em Madri.
A crise gerada pela guerra superou as do Afeganistão, de Ruanda e da Colômbia e as mais afetadas negativamente são as crianças, que "se tornarão uma geração perdida se nada for feito para resolver a situação", acrescentou o especialista da ONG, uma das poucas que trabalham na Síria.
"Além de carecer de quase todos os produtos básicos, os menores de idade não têm acesso à educação e deixaram de ser uma prioridade, caíram no esquecimento", explicou Poitou, ao insistir que a situação é "mais complicada do que nunca para a população".
Os quatro longos anos de guerra causaram a "fadiga dos doadores" e hoje estão garantidos apenas 2% do orçamento para este ano, quando se calcula que as necessidades humanitárias chegarão a US$ 8 bilhões.
"Lembraremos os países doadores na Conferência de Apoio Humanitária à Síria que acontecerá no Kuwait, no próximo dia 31", disse o representante da ACH, ao afirmar que os fatos são mais importantes que as promessas.
Segundo ele, agora "há outras ameaças e prioridades", como os jihadistas do grupo terrorista Estado Islâmico (EI), que criaram um califado nas zonas da Síria e do Iraque sob controle dos jihadistas, mas que, para a ACH, faz parte do mesmo problema.
"A comunidade internacional descobriu o EI em agosto do ano passado, mas esse grupo extremista é consequência da falta de solução para a crise síria, porque ele já existia antes e só se reforçou como consequência do conflito", declarou Poitou.
A ONG está "muito preocupada que o interesse mundial foque apenas no EI" porque "é preciso muito apoio, não só financeiro, mas também em tarefas de realocação".
Poitou lembrou o pedido das ONGs internacionais, em dezembro, para que os países europeus recebam 5% dos refugiados, mas até agora "quase nada aconteceu".
A Alemanha, que se ofereceu a receber 20 mil refugiados, é de longe o país mais disposto à prática, com 130 locais destinados à causa. França e Reino Unido não figuram na lista, segundo Poitou.
"No fim, os refugiados sempre buscam uma maneira de sair e muitos começaram a viajar para a Europa em condições lamentáveis, com as quais começam a vida outra vez", disse o especialista, que calcula em mais de 60 mil os sírios que cruzaram o Mediterrâneo.
De fato, os países vizinhos que acolheram a maioria dos refugiados (Turquia, Líbano, Jordânia e o Curdistão iraquiano) "já não podem mais fazer o mesmo e fecharam suas fronteiras". A maior parte do trabalho humanitário da ACH é feita nos acampamentos.
O caso do Líbano é paradigmático, pois, com cerca de 1,5 milhão de refugiados, o que representa 25% da população do país, a entrada ao país foi permitida até o fim de 2014, mas os 1.400 acampamentos "informais" não comportam mais pessoas.