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Sem Arafat, EUA devem forçar a criação de um Estado palestino

Para o especialista Gunther Rudzit, é impossível prever o resultado das negociações internas entre facções palestinas e a morte de Arafat pode reabrir o processo abortado há quatro anos. Biógrafo de Arafat afirma que não haverá um

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 12 de outubro de 2010 às 18h39.

Se o líder palestino Yasser Arafat, morto nesta quinta-feira (11/11) em Paris, for sucedido por um moderado, aumenta a probabilidade de os Estados Unidos forçarem a criação de um Estado palestino em nome de seus interesses geopolíticos. A opinião é de Gunther Rudzit, professor de relações internacionais da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap): "Os americanos já tinham deixado claro que Arafat era o grande empecilho nessas negociações, dizendo que ele foi muito intransigente na reta final da última tentativa de acordo em 2000". A dificuldade de prever os próximos movimentos para a nova composição da Autoridade Nacional Palestina (ANP), entretanto, é grande, diz Rudzit. As negociações foram intensas durante os 13 dias em que Arafat esteve internado em Paris, e o resultado ainda não é conhecido.

"No momento, não é possível detectar disputas pelo poder entre os grupos palestinos", afirma o jornalista Amnon Kapeliouk, nascido em Jerusalém e autor da biografia Arafat - o Irredutível, que será lançada em dezembro no Brasil pela Editora Planeta. "A diretriz é não escolher uma pessoa para suceder Arafat, mas estabelecer uma liderança coletiva", diz.

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Rudzit acredita que uma solução negociada para a questão palestina reforçaria uma abordagem não militar da ameaça do terrorismo internacional. "Boa parte do apoio que Osama bin Laden e todos os movimentos radicais usufruem vem da conexão ideológica com a causa palestina, e o Departamento de Estado americano sabe disso", diz. Além disso, a reeleição de Bush daria um novo ímpeto para saídas negociadas. "Ele [o presidente americano George W.Bush] vai querer entrar para a história. Deixar algo marcante é a típica ambição de um presidente americano em segundo mandato", diz Rudzit. Mas Kapeliouk discorda. "Se pensam que será fácil impor a Pax Americana, estão enganados. O que Arafat não aceitou, um Estado formado por vários cantões isolados, a nova liderança continuará não aceitando."

Arafat, cujo nome verdadeiro era Mohammad Abdel Rauf Arafat al Qudwa al Husseini, morreu às 3h30 (horário de Brasília) de hoje (11/11) em decorrência de falência múltipla dos órgãos no hospital militar Percy, em Paris. O líder palestino tinha 75 anos.

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