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"Rússia nos deve desculpas", diz ativista do Greenpeace

Camila Speziale, ativista argentina do Greenpeace, afirmou neste sábado que a Rússia deve a ela e a outros 29 integrantes da organização um pedido de desculpas


	Camila Speziale (à esquerda): "A Rússia deve a todos nós um pedido de desculpas, mas eu não estou aqui para fazer política. Sou uma ativista que quer defender o planeta", disse ela
 (Olga Maltseva/AFP)

Camila Speziale (à esquerda): "A Rússia deve a todos nós um pedido de desculpas, mas eu não estou aqui para fazer política. Sou uma ativista que quer defender o planeta", disse ela (Olga Maltseva/AFP)

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Da Redação

Publicado em 28 de dezembro de 2013 às 15h15.

São Paulo - Camila Speziale, ativista argentina do Greenpeace, afirmou neste sábado, ao chegar a Buenos Aires, que a Rússia deve a ela e a outros 29 integrantes da organização um pedido de desculpas, devido à detenção de 100 dias, depois de um protesto no Ártico.

"A Rússia deve a todos nós um pedido de desculpas, mas eu não estou aqui para fazer política. Sou uma ativista que quer defender o planeta", disse Speziale, 21, aos repórteres, no Aeroporto Internacional de Ezeiza, onde foi recebida por familiares e amigos.

A brasileira Ana Paula Maciel, outra ativista anistiada pelo governo russo, chegou hoje ao Brasil e passará o réveillon com sua família em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.

A jovem ambientalista chegou à Argentina com outro ativista, o compatriota Hernan Perez Orsi, de 40 anos, que seguirá viagem para Mar del Plata, onde reside com sua família.

Orsi disse aos repórteres que a experiência que viveu "é algo para o que ninguém está preparado."

"Você vai fazer um protesto pacífico e recebe uma agressão desproporcional e violenta. Não faz nenhum sentido. Quiseram nos usar como exemplo, como bodes expiatórios", avaliou.

O argentino disse estar orgulhoso por ter sido contratado como membro da tripulação do navio do Greenpeace: "É como se chamassem um jogador de futebol para jogar na seleção", comparou.

Os dois ativistas disseram que não se arrependem pelo que fizeram, mas concordaram que passaram por "três meses difíceis” na Rússia.

"Passa de tudo na sua cabeça. Você fica com medo, angustiado", afirmou Perez Orsi.

Speziale, por sua vez, disse que, em relação às condições físicas, foi muito bem tratada, mas denunciou "o dano psicológico do isolamento, somado a um forte sentimento de injustiça."


"Todo mundo sabia que éramos completamente inocentes. Fui sequestrada ilegalmente em águas internacionais, não na Rússia. Aceitamos a anistia porque era a única forma que tínhamos para voltar", argumentou a jovem.

Os ativistas também exigem a devolução do navio da ONG, o "Arctic Sunrise", onde eram membros da tripulação, juntamente com outros 28 ambientalistas de diferentes nacionalidades, incluindo quatro russos.

O "Arctic Sunrise", de bandeira holandesa, foi apreendido em 19 de setembro por um comando russo em um helicóptero, após parte de sua tripulação realizar uma ação contra uma plataforma de petróleo da empresa Gazprom no Ártico, para denunciar os riscos ambientais deste tipo de exploração.

Condenados em primeira instância por pirataria - um crime que pode ser punido com até 15 anos de prisão -, os militantes também foram acusados de vandalismo, crime cuja pena pode chegar a até sete anos de detenção.

Após um período em Murmansk (no noroeste da Rússia), os membros da tripulação foram transferidos para São Petersburgo, antes de serem anistiados na semana passada, graças a uma nova lei aprovada pelo Parlamento russo.

Doze vencedores do Prêmio Nobel da Paz haviam pedido ao presidente russo, Vladimir Putin, a libertação dos ativistas. Além disso, houve centenas de protestos em favor dos membros do Greenpeace pelo mundo.

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