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Rússia e separatistas tiveram contato antes de queda de avião MH17

Os contatos aconteceram diariamente durante as semanas que antecederam a queda da aeronave que deixou 298 mortos

Aeronave da Malaysia Airlines (AFP/Getty Images)
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EFE

Publicado em 15 de novembro de 2019 às 13h01.

Haia - Os separatistas do leste da Ucrânia e funcionários de alto escalão do governo da Rússia, acusados de terem derrubado um avião da Malaysia Airlines, em julho de 2014, se mantiveram em contato diariamente durante as semanas que antecederam a queda da aeronave.

Segundo informações divulgadas nesta sexta pela Equipe de Investigação Conjunta (JIT), baseadas em novas testemunhas da tragédia com o avião MH17, que deixou 298 mortos, os investigadores publicaram conversas telefônicas entre rebeldes e membros do Kremlin.

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Nelas, se pode deduzir que o Serviço Federal de Segurança Russo (FSB) conversou todos os dias com os separatistas, não apenas sobre questões militares.

Para além dos telefones, os rebeldes utilizaram formas de comunicação bloqueadas, entregues pela Rússia para garantir a privacidade nas conversações, advertiu a JIT, que pede às testemunhas que comuniquem quem utilizou esses números.

As polícias de Holanda e Austrália estão atuando como porta-vozes da convocação para cooperar com as investigações, que revelou em junho, com a ajuda de uma testemunha, que a autoproclamada República Popular de Donetsk (DPR) teve conversas frequentes com funcionários do governo de Moscou sobre apoio militar no leste da Ucrânia.

Em uma das conversas nas mãos da JIT, um comandante do DPR declarou: "Os homens vêm com ordens do (Ministro da Defesa russo Sergei Shoigu) Sjojgoe". Além disso, salientou que eles planejavam retirar o que chamou de "senhores da guerra locais" de suas unidades para que o povo de Moscou pudesse assumir o comando.

"Cumpro ordens e protejo os interesses de apenas um Estado: a Federação Russa. É disso que se trata", acrescenta o então líder dos separatistas, Alexander Borodai, a uma pessoa desconhecida.

Numa outra conversa entre dois rebeldes ucranianos no dia seguinte à queda do avião, é feita referência a dois serviços secretos russos, o FSB e o Departamento Central de Informações da Rússia (GRU), e um deles afirma: "as nossas ordens vêm diretamente de Moscou".

Entre outras coisas, o que o JIT procura agora são testemunhas que possam confirmar o papel exato desempenhado por Vladislav Surkov, alto funcionário russo, Sergey Aksjonov, líder russo da Crimeia, Aleksandr Bortnikov, diretor do FSB, e Sjojgoe, porque os seus nomes são mencionados em conversas telefônicas mantidas pela equipe conjunta.

A investigação se centra na hierarquia na linha de comando entre os separatistas ucranianos do DPR e a Rússia, e é independente do julgamento de homicídio que terá início no dia 9 de março de 2020 na Holanda contra quatro suspeitos de participação no desastre do MH17, que viajava de Amsterdã a Kuala Lampur em 17 de julho de 2014.

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