Rússia: "a fim de garantir a segurança das colunas (de veículos) que entram em Aleppo serão suspensas todas as atividades das 10h às 13h", disse Serguei Rudskoi (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 10 de agosto de 2016 às 18h56.
O Exército russo anunciou nesta quarta (10), em Moscou, que suspenderá seus ataques todos os dias, por três horas, a partir desta quinta, nos arredores de Aleppo, cidade síria que se tornou o epicentro dos combates entre o governo de Bashar al-Assad e os rebeldes.
"A fim de garantir a segurança das colunas (de veículos) que entram em Aleppo por meio da janela humanitária, serão suspensas todas as atividades militares, ataques aéreos e tiros de artilharia. Essa pausa será observada das 10h às 13h (horário local)", anunciou o general Serguei Rudskoi, do Estado-Maior russo, durante uma coletiva de imprensa.
"Nos últimos quatro dias, as perdas de rebeldes no sudoeste de Aleppo chegam a mais de mil mortos e dois mil feridos", acrescentou, fazendo um apelo aos que desejarem entregar as armas para que tomem "um dos sete corredores humanitários" instalados por Damasco e por seu aliado russo.
Rudskoy acrescentou que se construiu uma estrada no norte da cidade para "garantir a segurança e organizar a entrega de alimentos, água, combustível, remédios" para toda a cidade.
"Nós apoiamos a proposta da ONU de estabelecer um controle conjunto sobre a distribuição de ajuda humanitária para a população de Aleppo, através da estrada de Castelo", completou.
Medida insuficiente
Pouco depois do anúncio de Moscou, o subsecretário da ONU para Assuntos Humanitários, Stephen O'Brien, questionou a utilidade de uma medida considerada insuficiente.
Para fazer frente às necessidades da população em Aleppo, "são necessárias duas vias (de entrada e de saída) e 48 horas para introduzir os caminhões suficientes", disse O'Brien à imprensa.
"Quando nos oferecem três horas, é preciso se perguntar o que se pode conseguir nesse tempo", lamentou.
A ONU alertou sobre a situação desesperadora de centenas de milhares de civis bloqueados na cidade, que sofrem todo tipo de dificuldade, amplificada por uma alta descomunal dos preços dos alimentos. Além disso, advertiu que mais de dois milhões de pessoas ficaram sem água corrente nos últimos quatro dias, e a situação piora conforme a intensificação dos combates.
Nesta quarta-feira (10), os mercados e os distritos rebeldes da cidade estavam mais cheios do que haviam estado em semanas. Os clientes corriam para os postos para fazer compras o mais rápido possível, antecipando-se a um novo cerco por parte do governo, ou a uma nova alta dos preços.
Nos bairros sob controle do governo, pelo menos 14 pessoas morreram, e dezenas ficaram feridas por disparos de foguetes de rebeldes, segundo a agência oficial de notícias Sana.
Nesses últimos dias, tanto as forças de Bashar al-Assad quanto os rebeldes vêm-se preparando para uma batalha crucial pelo controle da segunda cidade e ex-capital econômica da Síria.
Ambos os lados receberam reforços significativos de homens e de armas em Aleppo e seus arredores, depois que os rebeldes conseguiram romper, no sábado, três semanas de cerco aos bairros sob seu controle desta localidade setentrional.
As duas frentes tentarão assumir o controle dessa localidade dividida desde 2012 entre os bairros do oeste, em poder do governo, e os do leste, nas mãos dos insurgentes.
Desde 2011, o conflito na Síria deixou mais de 290.000 mortos e provocou o deslocamento e a fuga de milhões de pessoas, mais da metade da população do país.