Rússia ameaça retaliar Lituânia, acusada de de isolar Kaliningrado
O chefe do Conselho de Segurança do Kremlin, Nikolai Patrushev, prometeu uma resposta que teria "um impacto negativo significativo" no povo lituano.
Estadão Conteúdo
Publicado em 22 de junho de 2022 às 09h08.
A guerra na Europa chegou nesta terça-feira, 21, mais perto do Báltico. A Rússia ameaçou a Lituânia , que proibiu a passagem de mercadorias por via férrea entre Moscou e o exclave de Kaliningrado, uma nesga de território russo cercado por lituanos e poloneses.
O isolamento de Kaliningrado seria uma escalada importante do conflito. O governo russo classificou a decisão da Lituânia como "hostil". O chefe do Conselho de Segurança do Kremlin, Nikolai Patrushev, prometeu uma resposta que teria "um impacto negativo significativo" no povo lituano.
"A Rússia responderá a essas ações", disse Patrushev. "Medidas apropriadas serão tomadas em um futuro próximo. Suas consequências terão um sério impacto negativo na população da Lituânia."
Chancelaria
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia convocou o embaixador da União Europeia em Moscou, Markus Ederer, e exigiu a retomada imediata das operações, caso contrário serão tomadas "medidas de retaliação".
O impasse cria uma nova fonte de tensões no Mar Báltico, região onde já há um acirramento em razão da aproximação de Suécia e Finlândia com a Otan. Com uma população de 430 mil habitantes, Kaliningrado fez parte da Prússia - era chamada Königsberg até ser conquistada pela União Soviética em 1945. Com a independência dos Estados bálticos da URSS, em 1991, o território foi isolado do restante da Rússia, mas foi mantido como área estratégica.
De acordo com Jonas Kjellen, analista da FOI, agência de pesquisa de defesa da Suécia, Kaliningrado é uma "zona-tampão natural", a primeira linha de defesa para a Rússia a partir do Ocidente. A região possui sistemas de radar que fornecem vigilância aérea da Europa central.
De acordo com Michael Kofman, diretor do CNA, centro de estudos dos EUA, Kaliningrado é a parte da Rússia mais vigiada por espiões ocidentais e é o ponto de apoio naval russo no Báltico. "Se um incidente acontecer (entre Otan e Rússia), provavelmente seria no Mar Báltico", disse Kjellen.
Sanções
A operadora ferroviária da Lituânia, LTG, anunciou na sexta-feira que não permitiria mais que mercadorias russas sob sanções da UE, incluindo carvão, metais e materiais de construção, transitassem pelo país - o que afetaria metade das importações de Kaliningrado, segundo o governador da região, Anton Alikhanov.
Descrevendo a situação como "desagradável, mas superável", Alikhanov anunciou que as mercadorias que não podiam mais ser transportadas por ferrovia chegariam por mar. Ele acusou a Lituânia de estabelecer um "bloqueio" ao território.
A UE nega que haja um bloqueio e enfatiza que são apenas as sanções entrando em vigor. O governo lituano lembrou que "o trânsito de passageiros e de mercadorias não incluídas nas sanções continua liberado. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
fonte: Estadão Conteudo
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