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Risco de guerra civil paira sobre a Síria

Analistas acreditam que falta de presão internacional pode deixar a situação do país ainda pior

Furgões das forças de segurança percorrem fazendas próximas a Taibet al-Imam, norte de Hama (AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 17 de novembro de 2011 às 17h31.

Beirute - O risco de guerra civil paira sobre a Síria por causa do aumento dos ataques de militares dissidentes contra as forças do regime e devido à ausência de solução para a crise política, consideram os analistas.

"Quanto mais a comunidade internacional se afundar na lama e quanto mais a Liga Árabe demorar a obrigar a Síria a fazer algo, maiores as possibilidades" de haver uma guerra civil, considerou Salman Shaij, diretor do Centro Brookings de Doha.

Desertores do Exército sírio se somaram à mobilização popular contra o regime do presidente Bashar al-Assad, iniciada há oito meses. Com isso, o Exército Livre Sírio (ESL), que reúne ex-soldados do regime, intensificou suas operações militares.

Na quarta-feira, o ESL reivindicou um ataque sem precedentes a um centro dos serviços de inteligência.

Para os Estados Unidos, essas ações favorecem o regime, enquanto a Rússia considerou que o ocorrido se assemelha a uma "guerra civil".

A ONU também disse que teme um conflito interno na Síria, onde, segundo a organização, a repressão causou a morte de mais de 3.500 pessoas.

"Há um verdadeiro risco de guerra civil", considerou Marwa Daoudy, da Universidad de Oxford.

Um ex-diplomata francês que esteve destacado na região durante longo tempo considerou que "por enquanto não há guerra civil porque os sírios esperam atingir seus objetivos por meios pacíficos".

No entanto, os dirigentes sírios "fizeram tantas coisas abomináveis que a coisa pode mudar a qualquer momento", considerou.


Para este diplomata, que pediu para não ter sua identidade revelada, o regime de Assad tenta transformar o confronto em conflito entre as diferentes correntes religiosas do país. O regime é controlado pela minoria alauita, enquanto a população, assim como os manifestantes, é majoritariamente sunita.

"O regime pode dizer aos alauitas: 'ou ficam do nosso lado ou os sunitas vão prender vocês e matá-los'", afirmou.

Assim como outros analistas, este diplomata considerou que uma eventual guerra civil não seria confessional, e sim que pode haver uma insurreição armada generalizada contra um regime decidido a manter o poder.

Para Burhan Ghaliun, presidente do Conselho Nacional Sírio (CNS), que reúne a maior parte das correntes opositoras, "um dos caminhos pode levar à liberdade e outro a uma guerra civil que o regime tenta provocar para que a revolução fracasse".

Ghaliun também se referiu a "sequestros, assassinatos e ajustes de contas" por motivos religiosos em várias cidades, em particular em Homs (centro) e Deraa (sul).

São "erros que qualquer levante popular comete", afirmou Daoudy.

Para os analistas, a oposição tem a responsabilidade de evitar que os conflitos tenham uma lógica confessional.

"Os movimentos populares têm uma lucidez extraordinária para se oporem a uma deriva confessional", considerou Daoudy.

Para Shaij, a oposição quer ser um fator de união, em particular para o futuro.

"Não querem que haja algo semelhante ao que ocorreu no Iraque, onde os sunitas se deram conta um dia de que tinham perdido tudo", acrescentou, referindo-se ao ocorrido após a invasão do país por tropas lideradas pelos Estados Unidos, à queda de Sadam Hussein e à tomada do poder por representantes da maioria xiita.

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Beirute - O risco de guerra civil paira sobre a Síria por causa do aumento dos ataques de militares dissidentes contra as forças do regime e devido à ausência de solução para a crise política, consideram os analistas.

"Quanto mais a comunidade internacional se afundar na lama e quanto mais a Liga Árabe demorar a obrigar a Síria a fazer algo, maiores as possibilidades" de haver uma guerra civil, considerou Salman Shaij, diretor do Centro Brookings de Doha.

Desertores do Exército sírio se somaram à mobilização popular contra o regime do presidente Bashar al-Assad, iniciada há oito meses. Com isso, o Exército Livre Sírio (ESL), que reúne ex-soldados do regime, intensificou suas operações militares.

Na quarta-feira, o ESL reivindicou um ataque sem precedentes a um centro dos serviços de inteligência.

Para os Estados Unidos, essas ações favorecem o regime, enquanto a Rússia considerou que o ocorrido se assemelha a uma "guerra civil".

A ONU também disse que teme um conflito interno na Síria, onde, segundo a organização, a repressão causou a morte de mais de 3.500 pessoas.

"Há um verdadeiro risco de guerra civil", considerou Marwa Daoudy, da Universidad de Oxford.

Um ex-diplomata francês que esteve destacado na região durante longo tempo considerou que "por enquanto não há guerra civil porque os sírios esperam atingir seus objetivos por meios pacíficos".

No entanto, os dirigentes sírios "fizeram tantas coisas abomináveis que a coisa pode mudar a qualquer momento", considerou.


Para este diplomata, que pediu para não ter sua identidade revelada, o regime de Assad tenta transformar o confronto em conflito entre as diferentes correntes religiosas do país. O regime é controlado pela minoria alauita, enquanto a população, assim como os manifestantes, é majoritariamente sunita.

"O regime pode dizer aos alauitas: 'ou ficam do nosso lado ou os sunitas vão prender vocês e matá-los'", afirmou.

Assim como outros analistas, este diplomata considerou que uma eventual guerra civil não seria confessional, e sim que pode haver uma insurreição armada generalizada contra um regime decidido a manter o poder.

Para Burhan Ghaliun, presidente do Conselho Nacional Sírio (CNS), que reúne a maior parte das correntes opositoras, "um dos caminhos pode levar à liberdade e outro a uma guerra civil que o regime tenta provocar para que a revolução fracasse".

Ghaliun também se referiu a "sequestros, assassinatos e ajustes de contas" por motivos religiosos em várias cidades, em particular em Homs (centro) e Deraa (sul).

São "erros que qualquer levante popular comete", afirmou Daoudy.

Para os analistas, a oposição tem a responsabilidade de evitar que os conflitos tenham uma lógica confessional.

"Os movimentos populares têm uma lucidez extraordinária para se oporem a uma deriva confessional", considerou Daoudy.

Para Shaij, a oposição quer ser um fator de união, em particular para o futuro.

"Não querem que haja algo semelhante ao que ocorreu no Iraque, onde os sunitas se deram conta um dia de que tinham perdido tudo", acrescentou, referindo-se ao ocorrido após a invasão do país por tropas lideradas pelos Estados Unidos, à queda de Sadam Hussein e à tomada do poder por representantes da maioria xiita.

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