Dalai Lama: embora os EUA tenham deixado claro que não apoiam a independência do Tibet, a China voltou a protestar pelo encontro (Kevin Lamarque / Reuters)
Da Redação
Publicado em 16 de junho de 2016 às 08h41.
Pequim - O governo chinês mostrou nesta quinta-feira descontentamento pela reunião privada do presidente dos EUA, Barack Obama, com Dalai Lama e garantiu que este encontro "danificará a confiança e cooperação mútuas" entre Pequim e Washington.
"Pedimos aos EUA que deixem de se intrometer nos assuntos domésticos da China usando o Tibete e os assuntos relacionados com o Tibete", disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lu Kang, em entrevista coletiva em Pequim.
Obama recebeu na quarta-feira o líder espiritual dos tibetanos pela quarta vez desde que ocupa a Casa Branca, apesar da "firme oposição" manifestada pelo governo chinês horas antes.
Embora a Casa Branca tenha deixado claro o caráter pessoal da reunião e que os Estados Unidos seguem sem apoiar a independência do Tibete, o porta-voz chinês voltou a protestar hoje por um encontro que tachou de "interferência" em sua política doméstica.
"Independentemente da forma como o líder americano se reuniu com Dalai Lama, a reunião violou as promessas dos EUA de reconhecer o Tibete como parte da China e não apoiar a independência do Tibete e as atividades separatistas", afirmou Lu.
"Essa reunião danificará a confiança e cooperação mútuas entre China e EUA", recalcou o porta-voz das Relações Exteriores do gigante asiático.
Lu afirmou que Dalai Lama "não é uma figura puramente religiosa" e insistiu em definí-lo, como já fez nesta quarta-feira, como "um exilado político que há tempo está envolvido em atividades separatistas amparado pela religião".
Pequim considera que o Tibete é uma parte inseparável do país e acusa Dalai Lama, que vive exilado na Índia desde 1959, de ser um líder do independentismo tibetano.
A China assegura que o Tibete é há séculos parte inseparável de seu território, enquanto muitos tibetanos argumentam que a região foi durante muito tempo virtualmente independente até que foi ocupada pelas tropas comunistas em 1951.
Lu defendeu que o desenvolvimento econômico e social experiente nas últimas décadas pelo Tibete, que tem para a China uma consideração administrativa de região autônoma, é "um feito com que não pode ser negado".