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Refugiados retornam a cidade síria após derrota do EI

Na cidade, onde não se ouvia mais o som das armas, os combatentes curdos se dedicavam a desativar as minas e os carros-bomba abandonados pelos jihadistas.


	Rebeldes se deslocam em um tanque, em cidade síria: "Mas continuo com medo das bombas e também temo o retorno do EI", diz refugiada
 (Ali Nasser/AFP)

Rebeldes se deslocam em um tanque, em cidade síria: "Mas continuo com medo das bombas e também temo o retorno do EI", diz refugiada (Ali Nasser/AFP)

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Da Redação

Publicado em 17 de junho de 2015 às 11h33.

Os sírios de Tall Abyad que fugiram para a Turquia começaram a retornar nesta quarta-feira a sua cidade, depois que os combatentes curdos expulsaram os jihadistas do Estado Islâmico (EI).

Na cidade, onde não se ouviam mais o som das armas, os combatentes curdos se dedicavam a desativar as minas e os carros-bomba abandonados pelos jihadistas.

A queda de Tall Abyad constitui uma derrota brutal para o grupo Estado Islâmico, que perde um de seus principais pontos de passagem na fronteira com a Turquia para o trânsito de armas e combatentes.

Desde o início da manhã, quase 200 homens, mulheres e crianças se reuniram no posto de fronteira de Akcakale, com a intenção de retornar para a cidade.

Tall Abyad, que estava sob controle dos jihadistas há mais de um ano, foi conquistada na terça-feira pelas Unidades de Proteção Popular (YPG), apoiadas por bombardeios dos Estados Unidos e grupos rebeldes sírios.

A batalha provocou desde o início de junho a fuga de mais de 23.000 pessoas para a Turquia, segundo números do governo turco.

Antes do início do conflito sírio em março de 2011, o distrito de Tall Abyad tinha 130.000 habitantes, dois terços deles árabes e um terço curdos, segundo o geógrafo francês Fabrice Balanche, especialista em Síria.

As poucas famílias cristãs abandonaram a cidade em 2012, antes dos curdos, que deixaram a região em 2013, depois da derrota das YPG para os rebeldes.

Desde então, apenas sunitas permaneciam em Tell Abyad, segundo Balanche.

"Voltei. Deixei o meu marido lá", disse à AFP Fahriye, uma refugiada de 40 anos.

"Mas continuo com medo das bombas e também temo o retorno do EI", comentou.

"Queremos passar o período sagrado do Ramadã em nosso país. Estamos felizes" disse Mahmud, um pouco antes de atravessar as barreiras que separam a Turquia de seu país.

Em Tall Abyad, os vencedores fazem o possível para que a cidade recupere uma vida normal antes do Ramadã, que começa quinta-feira.

"As operações militares terminaram e a cidade está segura. O forno municipal já está funcionando desde ontem e conseguimos distribuir pão aos moradores que retornam", informou Sherfan Darwich, porta-voz do grupo rebelde Burkan al-Furat, aliado das YPG.

"Tall Abyad vai ser dirigida por uma administração civil formada pelos moradores", afirmou.

Os combatentes curdos visitam as localidades próximas a Tall Abyad para verificar se alguns homens-bomba do EI não permanecem escondidos.

As forças curdas também estão presentes ao redor de Ain Issa, outro reduto do EI situado ao sudoeste de Ain Abyad, segundo o rebelde.

No restante do país, os combates provocaram 33 mortes nas últimas 24 horas, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

Pelo menos 24 pessoas, incluindo cinco crianças, morreram na terça-feira em bombardeios do governo contra Duma, um reduto rebelde ao leste de Damasco.

Em Golã, forças rebeldes cercam Hadar, um vilarejo druso controlado pelo governo, segundo o OSDH.

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