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Rami Hamdala aposta em continuidade e unidade do governo

A designação de Hamdala para novo primeiro-ministro da Autoridade Nacional Palestina foi muito bem vista pelos Estados Unidos, mas despertou críticas do Hamas

"Minha tarefa será servir meu país sob ocupação. A ANP fez um esforço muito grande para a construção de instituições e vejo que minha missão é a continuação desse trabalho sob a direção da presidência", acrescentou Hamdala (AFP)

"Minha tarefa será servir meu país sob ocupação. A ANP fez um esforço muito grande para a construção de instituições e vejo que minha missão é a continuação desse trabalho sob a direção da presidência", acrescentou Hamdala (AFP)

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Da Redação

Publicado em 3 de junho de 2013 às 18h31.

Ramala - O novo primeiro-ministro da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Rami Hamdala, disse nesta segunda-feira que apostará na continuidade em relação a seu antecessor, Salam Fayyad, e tentará formar um governo de união nacional.

"Meu governo será uma continuação do anterior, e o liderarei enquanto é formado um de união nacional, conforme o acordo entre o presidente Abbas e o movimento Hamas", declarou Hamdala à rádio oficial "A Voz da Palestina" em sua primeira entrevista desde que foi nomeado para o cargo, no domingo.

A designação de Hamdala, até então reitor da Universidade Al Najah, da cidade de Nablus, foi muito bem vista pelos Estados Unidos, mas despertou críticas do Hamas.

Na entrevista, Hamdala disse que irá começar "nos próximos dias" as negociações para a formação de um novo Executivo.

"Minha tarefa será servir meu país sob ocupação. A ANP fez um esforço muito grande para a construção de instituições e vejo que minha missão é a continuação desse trabalho sob a direção da presidência", acrescentou.

O secretário de Estado americano, John Kerry, deu hoje as boas-vindas a Hamdala, afirmando que este chegava ao poder em "em um momento de desafios e oportunidades".

O Hamas, que considera seu governo em Gaza como a verdadeira ANP por ter ganhado as últimas eleições legislativas palestinas (2006), considera, por outro lado, "ilegal" a nomeação de Hamdala e uma "reprodução de experiências prévias".

Hamdala, que apesar de não pertencer, é próximo ao partido nacionalista Fatah (liderado por Abbas), substituirá Fayyad, que apresentou sua demissão em abril e ocupava o cargo por decreto presidencial desde que o Hamas tomou posse do controle de Gaza, em junho de 2007.


No final de abril, Abbas anunciou o início de consultas para formar um governo de união nacional que colocasse fim a anos de divisão entre Fatah (espinha dorsal da ANP, que controla a Cisjordânia) e Hamas (que governa em Gaza).

Nascido em 1958 na cidade de Anabta, no norte da Cisjordânia, Hamdala é formado em Linguística pela Universidade de Manchester (Reino Unido) e liderou importantes comissões à frente de instituições palestinas, como o Comitê de Direção da União de Universidades Islâmicas, além de ter sido vice-presidente do Grupo de Universidades Mediterráneas na Espanha.

Abbas tem agora três semanas (prorrogáveis até cinco) para formar o governo, segundo a lei palestina.

Além da tarefa de formar o governo, Abbas também escolheu ontem como vice-primeiros-ministros o responsável pelo Fundo Palestino de Investimento, Muhamad Mustafa, e o ministro das Relações Exteriores no anterior governo da união nacional, Ziad Abu Amre.

Hamdala recebeu o cargo em um momento muito delicado, com a ANP imersa em uma profunda crise econômica e de credibilidade ante os cidadãos.

Também faz pouco tempo que Abbas decidiu ceder às pressões dos EUA e iniciar um diálogo de paz com Israel sem que este país cumpra seu compromisso de conter a expansão dos assentamentos nem aceitar a criação de um Estado nas fronteiras internacionalmente reconhecidas como fim do processo.

O jornal israelense "Haaretz" define hoje Hamdala como "um bom homem em uma missão suicida".

"Ele é considerado um acadêmico que fará tudo o que Abbas lhe pedir. Claro que Abbas recebeu o aval dos Estados Unidos, e talvez também de Israel, antes de nomear Hamdala", disse ao jornal um de seus críticos.

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