Pyongyang dispõe de centrífugas nucleares mais sofisticadas que Irã
Declaração é do especialista norte-americano em armas nucleares, Siegfried Hecker
Da Redação
Publicado em 24 de janeiro de 2011 às 09h55.
Seul - O especialista em armas nucleares americano Siegfried Hecker, que em novembro visitou instalações de enriquecimento de urânio norte-coreanas, constatou que o país tem centrífugas mais sofisticadas do que o Irã, segundo uma entrevista publicada nesta segunda-feira pela agência sul-coreana "Yonhap".
Na opinião de Hecker, professor da Universidade de Stanford, se a informação que recebeu estiver correta, estes aparatos, destinados a enriquecer urânio, são de segunda geração, enquanto "no Irã, de acordo com os inspetores internacionais, conseguiram fabricar apenas centrífugas P-1 (menos sofisticadas)".
Hecker visitou o complexo nuclear norte-coreano de Yongbyon em novembro e foi testemunha de "modernas" instalações de enriquecimento de urânio, uma técnica que abriria uma nova via à Coreia do Norte para a obtenção de armas atômicas.
Apesar de as autoridades norte-coreanas terem assegurado que seu programa nuclear é civil, o regime comunista já processa plutônio e acredita-se que obteve material para pelo menos oito bombas, além de ter realizado dois testes nucleares, em 2006 e 2009.
Segundo Hecker, as autoridades americanas não se surpreenderam pela descoberta das centrífugas, já que era algo esperado, mas pelo nível de sofisticação dos equipamentos.
A Coreia do Norte assegurou que tem cerca de 2 mil centrífugas funcionando para uso civil, embora esses mesmos equipamentos possam contribuir para produzir urânio suficientemente enriquecido para uma bomba nuclear por ano, segundo os cálculos de Hecker.
Pyongyang argumenta que o urânio enriquecido servirá para abastecer um reator experimental de água leve que está construindo em Yongbyon.
O regime norte-coreano desafiou a comunidade internacional com seu programa nuclear, apesar de agora querer retomar as negociações de seis lados, suspensas desde o final de 2008, e nas quais participam as duas Coreias, China, Rússia, Estados Unidos e Japão.
Hecker advertiu na entrevista que existem riscos de segurança e preocupação com um possível acidente quando o reator começar a operar, já que a Coreia do Norte realiza este projeto de maneira isolada.