Putin acusa EUA de conspirarem contra tratado de armas
Tanto a Rússia como os Estados Unidos têm se acusado de romper com o tratado histórico de controle de armas que ajudou a encerrar a Guerra Fria
EFE
Publicado em 22 de dezembro de 2017 às 11h04.
Última atualização em 22 de dezembro de 2017 às 11h56.
Moscou - O presidente russo, Vladimir Putin , denunciou nesta sexta-feira o caráter "agressivo" da nova estratégia de segurança nacional aprovada nesta semana pelo líder americano, Donald Trump.
"Em linguagem diplomática, tem um caráter ofensivo. Em linguagem militar é, sem lugar a dúvidas, agressiva", disse Putin durante uma reunião com altos cargos do Ministério de Defesa.
Putin, que se referia a um documento no qual a Rússia e a China figuram como principais ameaças para os EUA, afirmou que a nova estratégia de segurança não se limita às palavras, já que o orçamento de defesa americano supera US$ 700 bilhões.
Também denunciou que na Europa acontece um aumento "rápido" da infraestrutura militar dos Estados Unidos e da Otan.
"Quando nós desdobramos alguma unidade no nosso território, é interpretrado como uma ameaça para alguém. E quando perto de nossas fronteiras são instaladas bases, infraestruturas e novos sistemas, é visto como algo normal", aduziu.
Além disso, acusou Washington de violar o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF), colocando em perigo a segurança internacional.
"Sempre estão buscando violações pela nossa parte, mas, enquanto, eles se dedicam a isso precisamente", disse e lembrou que os EUA já se saíram unilateralmente do tratado de defesa antimísseis.
Putin denunciou que os mísseis utilizados para testar a eficácia do escudo antimísseis pelas suas caraterísticas "são idênticos aos mísseis balísticos de médio e curto alcance", uma tecnologia proibida pelo tratado INF, assinado em 1987 pela URSS e EUA.
"Lembro que o Pentágono já atribuíu em 2018 fundos para a criação de um sistema de mísseis móveis terrestres com um alcance de 5,5 mil quilômetros. Dessa forma, os EUA estão levando as coisas à destruição do tratado", afirmou.
Putin considera que os EUA procuram romper definitivamente a paridade nuclear russa-americana com o escudo antimísseis e o desenvolvimento de sistemas comparáveis com o armamento nuclear.
"Tudo isto é feito com um único objetivo, a chantagem", afirmou.
Por isso, destacou a importância de a Rússia continuar desenvolvendo a tríade nuclear: aviões estratégicos, submarinos atômicos e mísseis intercontinentais.
"No final deste ano, o armamento moderno na tríade nuclear alcançou 79% e em 2021 as forças nucleares terrestres devem estar equipadas com 90% de armas modernas", apontou.
Putin destacou que esse armamento moderno inclui sistemas de mísseis capazes de superar qualquer escudo antimísseis, seja atual ou potencial.