Promotores pedem que Berlusconi enfrente julgamento imediato
Promotores de Milão vão solicitar na quarta-feira um julgamento imediato para o primeiro-ministro, acusado de pagar por sexo com uma menor de idade
Da Redação
Publicado em 21 de fevereiro de 2011 às 14h36.
Milão - Promotores italianos vão solicitar na quarta-feira um julgamento imediato para o primeiro-ministro Silvio Berlusconi, acusado de pagar por sexo com uma menor de idade e de mais tarde usar sua influência em prol dela.
Depois de o pedido ser encaminhado por promotores de Milão, que acreditam dispor de provas suficientes para prescindir de uma audiência preliminar e levar o caso diretamente a julgamento, o juiz terá cinco dias para decidir, embora esse prazo possa ser esticado em mais alguns dias.
"Faremos uma reunião final hoje para discutir os aspectos de procedimento, e amanhã enviaremos a solicitação ao juiz", disse o promotor-chefe Edmondo Bruti Liberati a repórteres na terça-feira.
Promotores de Milão alegam que Berlusconi pagou para fazer sexo com Karima El Mahroug, uma dançarina de boate marroquina conhecida como Ruby, quando ela tinha menos de 18 anos, a idade a partir da qual a prostituição pode ser praticada legalmente na Itália.
Mais tarde, quando a dançarina foi detida por acusações distintas de furto, ele teria exercido pressão inapropriada sobre a polícia para que ela fosse solta.
O pedido dos promotores vai intensificar a pressão sobre Berlusconi, que enfrenta dificuldades políticas desde que seu partido governista, o PDL, se dividiu no ano passado.
Berlusconi nega ter cometido qualquer falta, dizendo que nunca pagou por sexo e acusando magistrados de esquerda politicamente motivados de tentar afastá-lo do poder.
Ele reconheceu ter feito um telefonema à polícia em prol de El Mahroug, mas disse que estava apenas ajudando uma pessoa necessitada.
Bruti Liberati disse que o caso no qual os promotores de Milão estão trabalhando ficará separado de outra investigação por prostituição feita por promotores de Nápoles.
Até agora Berlusconi se recusou a ser interrogado por promotores de Milão, argumentando que eles não têm direito de presidir o caso, que ele quer que seja tratado por juízes imparciais.
Gravações vazadas da investigação foram divulgadas com destaque pela mídia, com referências a maços de dinheiro vivo, jogos sexuais e presentes que candidatas a atrizes teriam recebido depois de participar de festas na mansão de Berlusconi.
Os advogados do magnata da mídia de 74 anos apresentaram a magistrados depoimentos de dezenas de testemunhas negando os relatos sobre festas eróticas desvairadas na residência do premiê.
Berlusconi acusa magistrados "comunistas" de persegui-lo com acusações espúrias para tentar afastá-lo da política. Desde que retornou ao poder, em 2008, ele vem priorizando reformas judiciais que o livrariam dessas dores de cabeça legais.
Em dezembro, ele passou por margem estreita em um voto de confiança no Parlamento, e no mês passado, após uma decisão judicial, perdeu sua imunidade judicial automática.
O escândalo vem suscitando protestos crescentes em todo o país, muitas vezes organizados espontaneamente ou pela Internet. Mas pesquisas de opinião mostram que a base eleitoral conservadora de Berlusconi vem em grande medida ignorando o assunto.