Exame Logo

Presidente do Iêmen promete lutar contra influência do Irã

Declaração ocorre após ataques do EI, que deixaram 142 mortos na sexta-feira em Sana

Atentado terrorista no Iêmen: o país está à beira de uma guerra civil (Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 21 de março de 2015 às 21h14.

O presidente do Iêmen, Abd Rabbo Mansour Hadi, afirmou neste sábado que lutará contra a suposta influência do Irã em seu país após os ataques suicidas reivindicados pelo grupo Estado Islâmico (EI), que deixaram 142 mortos na sexta-feira em Sana.

"A bandeira da república iemenita será hasteada na montanha Marran de Sada (reduto dos rebeldes hutis) no lugar da bandeira iraniana", assegurou Hadi.

O Iêmen está à beira de uma guerra civil, com uma grave crise política, um território fragmentado e violência envolvendo vários grupos militares e religiosos, com a milícia xiita dos hutis controlando a capital e a rede sunita da Al-Qaeda atuando no sudeste do país.

"A corrente (xiita) imami do Irã aceita pelos hutis e por aqueles que os apoiam não será aceita pelos iemenitas, sejam eles zaidis ou shafies (sunitas)", assegurou o presidente.

O xiismo, uma das duas correntes mais importantes do Islã, se subdivide em vários ramos, entre eles o imami e o zaidi.

Neste contexto já complexo, o grupo jihadista do EI, que tem cometido barbáries em vários países árabes, apareceu para reivindicar os ataques em Sana, os mais sangrentos já cometidos na capital iemenita.

Sobre esta realidade, Hadi, considerado o presidente legítimo pela comunidade internacional, viu o seu poder ser marginalizado e se refugiou em Áden, a capital do sul.

"Os ataques hediondos" e "covardes" de Sana "só podem ter sido cometidos pelos inimigos da vida", que querem mergulhar o Iêmen "em caos, violência e brigas internas", disse em uma carta às famílias das vítimas e publicada na madrugada deste sábado por seu gabinete.

Quatro homens-bomba detonaram seus explosivos durante as orações de sexta-feira em duas mesquitas frequentadas por fiéis xiitas, inclusive os hutis, causando 142 mortes e 351 feridos.

"O extremismo xiita representado pelos hutis e o extremismo sunita representado pela Al Qaeda são dois lados da mesma moeda que não deseja o bem ou a estabilidade do Iêmen", acrescentou Hadi, cuja autoridade é contestada por ambos os grupos e seus aliados no Iêmen.

A Al Qaeda, que luta contra as forças governamentais, mas também contra as milícias hutis, afirmou nesta sexta-feira que não ataca mesquitas.

Aos hutis e à Al Qaeda, agora se soma o EI, cujos atentados em Sanaa apresenta como "a parte visível do iceberg". Este grupo sunita se apoderou de grandes territórios no Iraque e na Síria, e reivindicou atentados na Líbia e na Tunísia, onde 20 turistas e um tunisiano morreram na quarta-feira.

A ONU condenou os atentados em Sanaa, assim como Washington, que tenta confirmar o envolvimento do EI.

Evacuação de tropas americanas

Por outro lado, tropas americanas estacionadas na base aérea de Al Anad, no sul do Iêmen, foram evacuadas por causa dos combates entre o exército iemenita e militantes da Al Qaeda nas proximidades, informou uma fonte militar iemenita neste sábado.

Pelo menos 29 pessoas morreram na sexta-feira em combates entre forças iemenitas e homens armados, entre membros da Al Qaeda e separatistas, na província de Lahj.

Funcionários americanos da inteligência, que trabalham para facilitar os ataques com drones no Iêmen, têm sua base em Al Anad.

Mas foi o EI que reivindicou os ataques, os primeiros no Iêmen, apresentando-os como "a ponta do iceberg". O grupo extremista sunita assumiu vastos territórios na Síria e no Iraque e reivindicou ataques na Líbia e na Tunísia, onde 20 turistas e um tunisiano foram mortos na quarta-feira.

Numa primeira reação aos ataques de Sana, o porta-voz dos hutis, Mohammed Abdelsalam, denunciou neste sábado uma "guerra clara contra o povo e a revolução do povo", o termo usado pela milícia para designar a tomada da capital.

"Agora, é imperativo concluir as etapas da revolução", disse o porta-voz do movimento, apoiado pelo ex-presidente Ali Abdullah Saleh.

"As explosões em Sana vão ser usadas como desculpas para abrir novas frentes, em Taiz e Marib (leste)", alertou um analista político, Bassem al-Hakimi, enquanto os hutis, além de Sanaa, estenderam sua influência no oeste e centro do país.

A ONU condenou os ataques, assim como Washington, que pretende verificar o envolvimento do EI. Já o Irã, suspeito de apoiar os hutis, também condenou os atentados, afirmando estar pronto "para receber os feridos."

E a França expressou sua preocupação com o "desastre absoluto" no Iêmen, exortando a ONU a agir para "prevenir a partição" do país.

Para Guidere, professor de estudos islâmicos na Universidade de Toulouse (França), "O Iêmen está se movendo em direção a uma situação de guerra civil, de caráter confessional, opondo sunitas e xiitas".

Veja também

O presidente do Iêmen, Abd Rabbo Mansour Hadi, afirmou neste sábado que lutará contra a suposta influência do Irã em seu país após os ataques suicidas reivindicados pelo grupo Estado Islâmico (EI), que deixaram 142 mortos na sexta-feira em Sana.

"A bandeira da república iemenita será hasteada na montanha Marran de Sada (reduto dos rebeldes hutis) no lugar da bandeira iraniana", assegurou Hadi.

O Iêmen está à beira de uma guerra civil, com uma grave crise política, um território fragmentado e violência envolvendo vários grupos militares e religiosos, com a milícia xiita dos hutis controlando a capital e a rede sunita da Al-Qaeda atuando no sudeste do país.

"A corrente (xiita) imami do Irã aceita pelos hutis e por aqueles que os apoiam não será aceita pelos iemenitas, sejam eles zaidis ou shafies (sunitas)", assegurou o presidente.

O xiismo, uma das duas correntes mais importantes do Islã, se subdivide em vários ramos, entre eles o imami e o zaidi.

Neste contexto já complexo, o grupo jihadista do EI, que tem cometido barbáries em vários países árabes, apareceu para reivindicar os ataques em Sana, os mais sangrentos já cometidos na capital iemenita.

Sobre esta realidade, Hadi, considerado o presidente legítimo pela comunidade internacional, viu o seu poder ser marginalizado e se refugiou em Áden, a capital do sul.

"Os ataques hediondos" e "covardes" de Sana "só podem ter sido cometidos pelos inimigos da vida", que querem mergulhar o Iêmen "em caos, violência e brigas internas", disse em uma carta às famílias das vítimas e publicada na madrugada deste sábado por seu gabinete.

Quatro homens-bomba detonaram seus explosivos durante as orações de sexta-feira em duas mesquitas frequentadas por fiéis xiitas, inclusive os hutis, causando 142 mortes e 351 feridos.

"O extremismo xiita representado pelos hutis e o extremismo sunita representado pela Al Qaeda são dois lados da mesma moeda que não deseja o bem ou a estabilidade do Iêmen", acrescentou Hadi, cuja autoridade é contestada por ambos os grupos e seus aliados no Iêmen.

A Al Qaeda, que luta contra as forças governamentais, mas também contra as milícias hutis, afirmou nesta sexta-feira que não ataca mesquitas.

Aos hutis e à Al Qaeda, agora se soma o EI, cujos atentados em Sanaa apresenta como "a parte visível do iceberg". Este grupo sunita se apoderou de grandes territórios no Iraque e na Síria, e reivindicou atentados na Líbia e na Tunísia, onde 20 turistas e um tunisiano morreram na quarta-feira.

A ONU condenou os atentados em Sanaa, assim como Washington, que tenta confirmar o envolvimento do EI.

Evacuação de tropas americanas

Por outro lado, tropas americanas estacionadas na base aérea de Al Anad, no sul do Iêmen, foram evacuadas por causa dos combates entre o exército iemenita e militantes da Al Qaeda nas proximidades, informou uma fonte militar iemenita neste sábado.

Pelo menos 29 pessoas morreram na sexta-feira em combates entre forças iemenitas e homens armados, entre membros da Al Qaeda e separatistas, na província de Lahj.

Funcionários americanos da inteligência, que trabalham para facilitar os ataques com drones no Iêmen, têm sua base em Al Anad.

Mas foi o EI que reivindicou os ataques, os primeiros no Iêmen, apresentando-os como "a ponta do iceberg". O grupo extremista sunita assumiu vastos territórios na Síria e no Iraque e reivindicou ataques na Líbia e na Tunísia, onde 20 turistas e um tunisiano foram mortos na quarta-feira.

Numa primeira reação aos ataques de Sana, o porta-voz dos hutis, Mohammed Abdelsalam, denunciou neste sábado uma "guerra clara contra o povo e a revolução do povo", o termo usado pela milícia para designar a tomada da capital.

"Agora, é imperativo concluir as etapas da revolução", disse o porta-voz do movimento, apoiado pelo ex-presidente Ali Abdullah Saleh.

"As explosões em Sana vão ser usadas como desculpas para abrir novas frentes, em Taiz e Marib (leste)", alertou um analista político, Bassem al-Hakimi, enquanto os hutis, além de Sanaa, estenderam sua influência no oeste e centro do país.

A ONU condenou os ataques, assim como Washington, que pretende verificar o envolvimento do EI. Já o Irã, suspeito de apoiar os hutis, também condenou os atentados, afirmando estar pronto "para receber os feridos."

E a França expressou sua preocupação com o "desastre absoluto" no Iêmen, exortando a ONU a agir para "prevenir a partição" do país.

Para Guidere, professor de estudos islâmicos na Universidade de Toulouse (França), "O Iêmen está se movendo em direção a uma situação de guerra civil, de caráter confessional, opondo sunitas e xiitas".

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaEstado IslâmicoIêmenIrã - País

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Mundo

Mais na Exame