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Presidente da Ucrânia vai ordenar cessar-fogo em breve

O presidente da Ucrânia anunciou que ordenará um cessar-fogo unilateral em breve


	Petro Poroshenko: "plano de paz começa com minha ordem de cessar-fogo unilateral"
 (Sergei Supinsky/AFP)

Petro Poroshenko: "plano de paz começa com minha ordem de cessar-fogo unilateral" (Sergei Supinsky/AFP)

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Da Redação

Publicado em 18 de junho de 2014 às 14h45.

Kiev - O presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, anunciou nesta quarta-feira que "em breve" ordenará um cessar-fogo unilateral no leste do país, como parte de um plano de paz para acabar com a insurreição separatista pró-Rússia.

"O plano de paz começa com minha ordem de cessar-fogo unilateral", declarou Poroshenko, citado pela agência Interfax-Ucrânia.

"Imediatamente depois, devemos receber o apoio a este plano de paz presidencial por parte de todos os participantes envolvidos no conflito", acrescentou.

"Isto deve acontecer muito rapidamente", completou Poroshenko.

O anúncio foi feito depois que o Kremlin informou, na terça-feira à noite, que Poroshenko havia conversado com o presidente russo, Vladimir Putin, sobre um eventual cessar-fogo.

O presidente ucraniano pediu a Putin o reconhecimento oficial das novas autoridades do país, após a queda do governo pró-Moscou em fevereiro.

Poroshenko prometeu ainda uma anistia para "aqueles que entregarem as armas e não cometeram crimes graves".

Também anunciou a substituição do atual ministro interino das Relações Exteriores, Andriy Deshchytsya, um dos desafetos de Moscou, em uma tentativa de apaziguar as relações com a Rússia.

Em seu lugar entrará Pavlo Klimkin, enviado ucraniano que está negociando com a Rússia uma proposta de plano de paz da OSCE.

O novo presidente foi eleito em 25 de maio com a promessa de solucionar a maior crise da história desta ex-república soviética, independente desde 1991.

Nesta quarta-feira, Poroshenko reiterou sua oferta de anistia aos combatentes que entregarem suas armas e não tenham cometido crimes graves. A proposta foi rejeitada pelo porta-voz da república separatista de Donetsk, um dos redutos insurgentes.


Enquanto isso, o comitê de investigação russo anunciou um processo contra o ministro do Interior ucraniano, Arsen Avakov, e contra outras autoridades do país por uma operação militar organizada no leste do país "com o objetivo deliberado de matar civis".

Avakov e o governador da região ucraniana de Dnipropetrovsk, Igor Kolomoiski, são suspeitos de "organizar homicídios, usar meios e métodos de guerra ilegais, sequestrar e, de obstruir o trabalho dos jornalistas", afirma o comitê, que pretende emitir uma ordem de detenção internacional contra ambos.

Durante a operação militar iniciada pela Ucrânia em abril no leste do país, "em violação ao direito internacional e com o objetivo deliberado de matar um número ilimitado de civis, foram utilizados sistemas múltiplos de lançamento de foguetes Grad, mísseis terra-ar não teleguiados e de fragmentação, assim como outros tipos de armamento ofensivo" sem alvos específicos, de acordo com o comunicado.

A operação causou "a morte de mais de 100 civis, entre eles cidadãos russos no exercício de suas obrigações profissionais - os jornalistas Korneliuk, Voloshin e o ativista dos direitos humanos Mironov -", além do "fotógrafo italiano Andrea Rocchelli", todos mortos por disparos de morteiro entre maio e junho, afirma o comitê de investigação.

Já o Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU denunciou que os rebeldes pró-russos estão impondo o terror na Ucrânia, torturando e sequestrando inúmeros opositores, reais ou imaginários.

"O principal problema está no leste do país, em uma das zonas controladas por grupos armados. Temos uma situação na qual reina o medo, senão o terror, para quem está lá", afirmou aos jornalistas Gianni Magazzeni, encarregado de um relatório sobre a situação na Ucrânia.

Desde a ofensiva lançada em abril contra os rebeldes pelas forças ucranianas, pelo menos 356 pessoas morreram, segundo a ONU.

A Chancelaria russa criticou o relatório e classificou de inaceitável "a tentativa de atribuir, sem provas, a responsabilidade pelo banho de sangue no leste aos rebeldes de Donetsk e Lugansk".

Crise do gás prossegue

A gigante russa Gazprom acusou a Ucrânia de manter em más condições a rede de gás que serve de trânsito ao gás russo, após uma explosão na véspera de um gasoduto que alimenta países europeus.

"Realizamos investimentos suficientes para a manutenção de nosso sistema de distribuição de gás. Não se pode dizer o mesmo do sistema ucraniano. Os gasodutos envelhecem e, com isso, acontecem acidentes", declarou em uma coletiva de imprensa o vice-presidente do grupo russo gasífero Gazprom, Vitali Markelov.

Uma explosão ocorreu na terça-feira em um trecho de um gasoduto ucraniano que leva gás russo à Europa. Não foram registradas vítimas.

A Ukrtransgaz, que opera os gasodutos ucranianos, indicou que a explosão não afetará a fornecimento de gás para a Europa.

O ministro ucraniano do Interior, Arsen Avakov, declarou que se tratava de uma sabotagem russa.

Segundo as primeiras informações dos serviços de socorro, a explosão pode ter sido causada por um vazamento ou por uma despressurização de uma das juntas do gasoduto.

Esse gasoduto de 4.500 km parte da Sibéria até chegar aos clientes europeus através da Ucrânia. A parte russa é operada pela gigante russa Gazprom.

*Atualizada às 14h44 do dia 18/06/2014

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