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Prazo se esgota e Venezuela não divulga total de votos da eleição

Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela proclama Maduro como reeleito sem divulgar total de votos ou atas eleitorais, levantando suspeitas de irregularidades no processo

CNE e Maduro não cumpriram promessa de apresentar total de votos da eleição do último domingo (28).
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 1 de agosto de 2024 às 11h32.

O processo eleitoral na Venezuela voltou a ser alvo de controvérsia após o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) não cumprir o prazo legal de 72 horas para divulgar o total de votos da recente eleição presidencial. A ausência de transparência, somada à não divulgação das atas eleitorais prometidas, gerou desconfiança tanto internamente quanto entre a comunidade internacional sobre a legitimidade do pleito que reelegeu Nicolás Maduro para a presidência. As informações são do Blog do Valdo Cruz, no G1.

As eleições na Venezuela têm sido marcadas por uma série de irregularidades e críticas, tanto do público quanto de observadores internacionais. A última eleição presidencial, ocorrida em meio a um contexto de profunda crise política e econômica, já havia sido alvo de questionamentos pela falta de garantias democráticas e de imparcialidade no processo. O governo de Maduro, que enfrentava um alto índice de rejeição, foi acusado de manipular o sistema eleitoral a seu favor, uma prática que, segundo opositores, teria se repetido nesta eleição.

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A situação atual traz à tona as tensões vividas na eleição de 2018, quando Maduro foi declarado vencedor em um processo também criticado por sua falta de transparência. Naquela ocasião, diversos países, incluindo Estados Unidos, Brasil, Colômbia e membros da União Europeia, rejeitaram os resultados e não reconheceram a legitimidade do mandato de Maduro, acusando o CNE de ser controlado pelo governo e de não garantir eleições livres e justas.

Contexto

A eleição de 2024, assim como as anteriores, ocorreu em um ambiente de repressão política, onde líderes da oposição foram presos, exilados ou impedidos de concorrer. Além disso, a mídia independente foi fortemente restringida, dificultando a cobertura imparcial dos acontecimentos eleitorais. Em resposta a essas condições, a oposição venezuelana, que já havia boicotado eleições anteriores, se encontrou dividida sobre a participação no pleito, contribuindo para a percepção de que as eleições estavam sendo conduzidas em uma arena desigual.

Controlado pelo governo chavista, o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela declarou que Nicolás Maduro venceu as eleições presidenciais deste domingo, 28, após uma apuração lenta e acusada de irregularidades por parte da oposição. Líderes contra o chavismo rejeitaram o resultado e declararam Edmundo González Urrutia vencedor, com 70% dos votos.

Os dados do CNE foram questionados por governos estrangeiros. O presidente do Chile, Gabriel Boric, falou "ser difícil acreditar na vitória de Maduro". Já Javier Milei, da Argentina, disse que o país "não vai reconhecer outra fraude" e declarou que Maduro não ganhou o pleito. A oposição venezuelana afirma que só teve acesso a 30% das atas eleitorais que poderiam comprovar a vitória governista e acusou Maduro de fraude.

A comunidade internacional também está acompanhando de perto os desdobramentos na Venezuela. Brasil, Colômbia e México têm buscado um consenso sobre a melhor forma de lidar com a situação. A Colômbia defende uma auditoria internacional dos resultados, enquanto o Brasil prefere uma abordagem de checagem imparcial. Nos Estados Unidos, a administração expressou sua frustração com a demora na divulgação das atas eleitorais e ameaçou tomar medidas caso a Venezuela não apresente provas convincentes da vitória de Maduro.

Em meio a esse cenário, a proclamação de Maduro como vencedor, sem a devida transparência, aprofunda a divisão interna e a crise de legitimidade do governo. A ausência de um processo eleitoral claro e transparente mina ainda mais a confiança nas instituições venezuelanas e coloca em xeque a possibilidade de uma solução pacífica e negociada para a crise que já dura anos.

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