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Por que "Before the Flood" é um documentário essencial

DiCaprio mostra que desta vez o "Titanic" é o próprio planeta Terra, e todo mundo está afundando junto

 (© RatPac Documentary Films/Divulgação)

(© RatPac Documentary Films/Divulgação)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 13 de novembro de 2016 às 08h35.

Última atualização em 13 de novembro de 2016 às 08h35.

São Paulo - Tente ter uma conversa com qualquer um sobre mudanças climáticas e a chance é alta das pessoas ignorarem ou julgarem o assunto chato, algo longe demais da nossa realidade. E seguimos, assim, testemunhando de forma passiva a degradação e destruição de paraísos naturais, crentes de que isso não tem nada a ver com a gente.

Como é possível ficar indiferente aos efeitos das enchentes e secas "inesperadas" que têm  abalado nossas cidades, em intensidade e frequência sem precedentes? Como é possível ignorar a poluição gerada pela indústria do combustível fóssil, que contamina o ar dos vivos e mina o bem-estar dos que ainda estão por vir?

O ator e ativista ambiental Leonardo DiCaprio busca as respostas a essas perguntas no documentário "Before the Flood"(Antes da Enchente, em tradução livre), com direção de Fisher Stevens, recém-lançado pelo canal de TV paga National Geographic e no Youtube.

Desta vez, o "Titanic" é o próprio planeta Terra, mas qual será a tábua da salvação?

"A ciência é certa, o futuro não", alerta DiCaprio, que passa em revista as evidência científicas das mudanças climáticas, e percorre as entranhas políticas das negociações climáticas, confrontando o lado obscuro do lobby que alimenta as teorias negacionistas.

É impossível ficar indiferente a este documentário.

1. A fotografia é belíssima

O documentário leva o espectador a uma viagem por paisagens naturais estonteantes, que têm sido vítimas da ação humana, como o Polo Norte e as florestas da Indonésia. Nos Estados Unidos, Índia e China, as imagens dos impactos ambientais da exploração de combustíveis fósseis dão a
dimensão da nossa responsabilidade nesse cartório.

2. Entrevistas de peso

DiCaprio entrevista pessoas de diversos países e setores da sociedade que compartilham opiniões sobre o que deve ser feito para mitigar os efeitos das mudanças climáticas.

Entre os entrevistados, estão o presidente dos EUA, Barack Obama, o Papa Francisco e personalidades inovadoras dos negócios, como o empresário Elon Musk. Ele também conversa com pesquisadores da Nasa, cientistas climáticos apaixonados pelo tema, conservacionistas, líderes comunitários e ativistas.

3. O fator Donald Trump

A vitória do republicano não representa apenas o começo de uma era de incertezas políticas nos Estados Unidos e, por tabela, no mundo.  Trump é uma potencial ameaça ao debate sobre as mudanças climáticas.

Contrariando as esmagadoras evidências científicas, o recém-eleito presidente dos EUA nega a contribuição humana para o problema e diz que o “conceito” foi criado pela China para sabotar a indústria americana.

Ele até ameaçou cancelar o Acordo de Paris, o pacto histórico das Nações Unidas adotado por praticamente todos os países do mundo, para limitar o aumento da temperatura global a dois graus Celsius acima dos níveis pré-industriais, até 2100.

Este documentário mostra como o futuro presidente americano está na contramão da história, e isso não é nada bom.

4. Muito além do petróleo

O documentário tem o mérito de chamar a atenção para outras atividades que são tão ou mais prejudiciais para a saúde do Planeta que a geração de energia fóssil a partir do carvão e petróleo.

A destruição das florestas tropicais para produção de óleo de palma, um composto presente em centenas de milhares de produtos a venda no supermercado, é uma delas e que coloca em risco populações inteiras de animais absolutamente inocentes.

Nosso apetite voraz por carne é outra fonte de preocupação. DiCaprio mostra como o sistema de criação de gado para abate tem um grande papel no aquecimento do planeta, contribuindo com o desmatamento e a emissão de gás metano, que é vinte vezes mais perigoso que o CO2 para o aquecimento global.

5. O poder de cada indivíduo

Ao final da "cruzada climática", o espectador é convidado a refletir sobre o seu próprio papel no enfrentamento do maior desafio ambiental de nossos tempos. Muito mais do que um acordo climático global, é necessário uma coordenação global de ações individuais. Os políticos devem atender aos anseios do povo, mas quais sinais estamos dando no momento? Será que estamos cientes desses sinais?

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