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Polônia usará educação para salvar mercado de trabalho

Em entrevista exclusiva a EXAME, ministra do Trabalho polonesa conta como o país pretende reverter a falta de mão-de-obra

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Da Redação

Publicado em 12 de outubro de 2010 às 18h39.

O governo polonês quer atacar a falta de mão-de-obra que atinge a economia com investimento em educação. Adaptação do sistema de ensino às exigências do mercado de trabalho e incentivo à formação serão as armas para elevar a qualificação dos poloneses, segundo a ministra do Trabalho e Política Social da Polônia, Anna Kalata. Em entrevista exclusiva a EXAME, a ministra falou sobre a estratégia do governo.

Portal EXAME-Que setores da economia polonesa mais sofrem com a falta de mão-de-obra?

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Anna Kalata - A desarmonia territorial entre procura e oferta de trabalho no país provoca ao mesmo tempo altas taxas de desemprego e insuficiência de mão-de-obra no mercado de trabalho. No setor de construção civil a situação é especialmente grave, com maior relato de insuficiência de especialistas e de trabalhadores qualificados.

EXAME - Quais são as perspectivas para reversão da escassez de mão-de-obra?

Anna Kalata - Conforme diversas estimativas, o número de trabalhadores na Polônia crescerá nos próximos anos na velocidade de aproximadamente 2% ao ano. As demandas serão supridas por esses trabalhadores de acordo com a efetividade das políticas de combate ao desemprego, melhoria da educação e qualificação profissional, assim como estão atreladas ao aumento das remunerações e desempenho das empresas. Esses fatores deverão contribuir positivamente na diminuição da migração externa e determinar maior estímulo para o retorno ao país.

EXAME - Qual é o peso da emigração sobre a falta de mão-de-obra no país e quais são os principais destinos dos emigrantes?

Anna Kalata - A Polônia, já de muitos anos, é um país de saldo negativo de migração. Nos anos 1989-2001, emigraram da Polônia aproximadamente 70 mil pessoas por ano. Desse montante, as saídas temporárias para o exterior a trabalho superam de forma significativa as de pessoas que saem permanentemente do país. A maioria das pessoas que buscam emprego fora das fronteiras da Polônia é constituída por operários que se candidatam ao trabalho sazonal ou permanecem fora do país por pouco tempo.

Conforme as estimativas do Ministério do Trabalho e Política Social, a entrada da Polônia na União Européia, em maio de 2004, levou a um salto do número de emigrantes para 165 000 a 370 000. Os principais destinos foram Inglaterra e Irlanda, e a maioria das pessoas encontrou trabalhos sazonais ou temporários nesses países. Apenas um terço permaneciam nos países do destino por mais tempo.

Pode-se esperar que as taxas de emigração vão enfraquecer com o tempo, quando a situação econômica na Polônia melhorar e as diferenças nos rendimentos diminuírem. As experiências de países como a Espanha ou Irlanda demonstram que as modificações estruturais resultam na melhoria do mercado de trabalho (queda do desemprego e aumento das remunerações) e no aumento da qualidade de vida das famílias. Assim, acreditamos na plena inversão das tendências migratórias em alguns anos.

A comparação das migrações de diversos países não indica que os poloneses se caracterizem como uma exceção na Europa. Conforme estimativas do Departamento de Análises Econômicas e Estimativas do Ministério do Trabalho e Política Social, a taxa de migração dos operários poloneses é cerca de três vezes inferior à dos lituanos, duas vezes menor que a dos letões e comparável à dos estonianos ou eslovenos. Isto indica que o aumento de taxas migratórias após entrada na EU constitui fenômeno universal e ocorre também nesses novos membros, mesmo de maior dinâmica de crescimento econômico ou situação mais favorável no mercado de trabalho do que na Polônia.

EXAME -Que estratégias o governo pretende adotar para melhorar a situação do mercado de trabalho polonês?

Anna Kalata - Nos anos próximos, o foco das ações será na melhor adaptação do sistema de ensino de base e profissional às exigências do mercado local de trabalho. Ao mesmo tempo, incentivaremos a popularização de formação continuada e profissionalizante entre as pessoas adultas. Essas ações devem conduzir a uma elevação de atividade educacional destas pessoas, atualmente de nível baixo.

Pretendemos ainda universalizar a educação e formação profissional nos terrenos rurais, permitindo nessas regiões também a formação profissional extra-agrícola

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