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Pela 1ª vez na história, Reino Unido tem condenação por mutilação genital

Estima-se que 137 mil meninas e adolescentes vítimas de mutilação genital feminina vivam atualmente no Reino Unido

Protesto contra a mutilação feminina: OMS estima que 200 milhões de vítimas desse ato bárbaro (Marcos del Mazo/Pacific Press/LightRocket/Getty Images)

Gabriela Ruic

Publicado em 8 de março de 2019 às 16h15.

Última atualização em 8 de março de 2019 às 16h18.

São Paulo - Pela primeira vez em sua história, o Reino Unido condenou uma pessoa pelo crime de mutilação genital feminina. Uma mãe de 37 anos foi presa e condenada por mutilar a filha de 3 anos de idade.

A sentença, informou o jornal britânico The Guardian, foi dada em fevereiro de 2019. A criança está bem, mas autoridades informaram que ela sofrerá efeitos desse ato bárbaro durante toda a sua vida, de ordem física e psicológica.

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A mulher culpada pelo crime é de origem ugandesa, um país no qual o ato é banido. Sua condenação está sendo considerada um marco histórico no Reino Unido, país no qual esse crime pode ser punido com até 14 anos de prisão.

“A mensagem é clara de que esse ato não será tolerado no país”, disse John Cameron, diretor da Sociedade Nacional para a Prevenção da Crueldade contra Crianças, ao Guardian.

“Se queremos proteger as meninas, precisamos falar sobre esse assunto e encorajar as pessoas a buscarem ajuda e as autoridades”, continuou Cameron. Outros três casos de mutilação genital feminina já passaram por cortes britânicas, mas nenhum deles acabaram em condenação.

Estima-se que 137 mil meninas e adolescentes vítimas desse ato bárbaro vivam hoje no Reino Unido. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que o mundo tem 200 milhões de vítimas dessa barbárie e que a maioria das meninas são mutiladas antes dos 15 anos de idade.

Bruxaria

Promotores envolvidos nesse caso ainda não esclareceram as motivações da mulher para o ato, uma vez que a prática da mutilação genital feminina é banida em Uganda. A avaliação inicial é a de que a mãe teria cometido a agressão em um ritual relacionado à bruxaria.

Na residência onde ela vivia com a filha e um parceiro, foram encontradas evidências bizarras dessa prática, como limões congelados que tinham em seu interior pedaços de papéis com nomes escritos. Entre esses nomes, revelaram as autoridades, constavam policiais envolvidos na investigação, a assistente social e até o nome de um filho dela.

A mulher teve ainda a sua sentença acrescida em dois anos pela posse de imagens indecentes de menores de idade e por ter publicado vários vídeos considerados “pornografia extrema” e que exibiam pessoas em atos sexuais com animais. Seu parceiro não foi considerado envolvido na mutilação da criança, mas se declarou culpado pela posse desses mesmos materiais.

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