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Otan não vê sinais de retirada de tropas russas de fronteira

O secretário-geral da Otan disse que não há nenhuma evidência de que as tropas russas desdobradas junto à fronteira da Ucrânia tenham começado a se retirar

O secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen: "não vimos nenhuma evidência" (REUTERS/Yves Herman)
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Da Redação

Publicado em 19 de maio de 2014 às 14h07.

Bruxelas - O secretário-geral da Otan , Anders Fogh Rasmussen, disse nesta segunda-feira que "não há nenhuma evidência" de que as tropas russas desdobradas junto à fronteira da Ucrânia tenham começado a se retirar, apesar do anúncio de Moscou.

"Não vimos nenhuma evidência de que os russos tenham começado a retirar tropas da fronteira ucraniana", disse Rasmussen, acrescentando que esta é a terceira declaração de Vladimir Putin (presidente da Rússia) sobre a retirada".

O secretário-geral aliado argumentou que uma retirada dos soldados russos "seria a primeira contribuição importante para diminuir a tensão".

"Se algum dia constatarmos evidências claras de uma retirada significativa russa das fronteiras seria o primeiro a comemorar, pois seria um passo no caminho correto", afirmou Rasmussen em entrevista coletiva em Bruxelas (Bélgica).

Hoje, o Kremlin pediu para que Kiev interrompa imediatamente a "operação de castigo" contra milícias separatistas pró-Rússia no sudeste ucraniano e retire suas tropas da região.

Além disso, afirmou que ordenou o retorno aos quartéis de suas próprias forças desdobradas na fronteira com a Ucrânia.

Rasmussen disse que a "agressão" da Rússia na Ucrânia gerou uma "nova situação de segurança na Europa, menos previsível e mais perigosa", o que "tem implicações agora e no futuro" para a Otan.

O secretário-geral esclareceu que a Aliança decidiu, em função da causa da crise russo-ucraniana, ter "mais aviões no ar, mais navios no mar e mais exercícios em terra".

Rasmussen deu como exemplo manobras na Estônia, nas quais participam cerca de seis mil soldados da Otan, que tinham sido planejadas "muito antes da crise" mas que são "um bom exemplo da preparação de nossas tropas".

"Todas estas medidas são completamente defensivas e em linha com os compromissos da Otan. E seguiremos fazendo o necessário o tempo que for necessário" para garantir a defsa de cada um dos aliados, justificou.

Para Rasmussen, "não há dúvida de que Rússia está profundamente envolvida na desestabilização do leste da Ucrânia" e, levando em conta suas ações militares e a anexação da península da Crimeia, "as preocupações dos aliados não são exageradas e devem ser levadas a sério".

Para o secretário-geral, a ação da Rússia na Ucrânia "desafia o direito de um país de escolher seu próprio caminho". Rasmussen deixou claro que qualquer tentativa de atrasar as eleições presidenciais previstas para domingo na Ucrânia "será uma tentativa de negar ao povo esse direito".

O secretário aliado também se referiu à Moldávia e à Geórgia, países que estão perto de assinar acordos de associação com a União Europeia (UE), e opinou que, por "experiência", "vimos a Rússia pôr muita pressão em países vizinhos que se aproximam da UE em busca de progresso", tal como foi o caso da Ucrânia.

"Minha avaliação é que ocorrerá o mesmo se a Moldávia e Geórgia finalizaram os acordos com a UE", inclusive com a alta de preços do gás ou a restrição do abastecimento, previu.

São Paulo – Vladimir Putin apoiou o referendo na Crimeia sobre sua independência da Ucrânia afirmando que, assim, protegia os ucranianos de origem russa que ali viviam. Disse, também, que a manobra corrigia um erro histórico da época da União Soviética, quando a Crimeia foi “dada” à Ucrânia. Para Putin, a região sempre pertenceu à Rússia. Por essa lógica “histórica”, alguns outros países também poderiam reivindicar terras russas - que lhes foram tomadas décadas atrás após invasões, conquistas, guerras e negociações. Dessas regiões, algumas estão em franca disputa, outras são negociadas de maneira mais amena e, outras, estão sob total domínio russo e ninguém pensa em um conflito. Mas seus antigos donos poderiam tentar pegá-las de volta, se assim quisessem. Veja quais são:
  • 2. 1. Ilhas Kuril

    2 /16(Wikimedia Commons)

  • Veja também

    País que as reivindica: Japão As Ilhas Kuril estão localizadas ao norte do Japão e ao sudeste russo. Um século atrás, japoneses e russos assinaram um acordo dizendo que as quatro ilhas eram território japonês. Contudo, depois da Segunda Guerra Mundial, a Rússia tomou a região de volta e expulsou os japoneses que moravam ali em 1949.

  • 3. Ilhas Kuril

    3 /16(GoogleMaps)

  • Em uma das ilhas, há uma base militar russa. Em outra, há uma comunidade de 30 mil russos. O governo japonês nunca desistiu de reivindicar a posse das ilhas e desde os anos 1940 tenta, por vias diplomáticas, resolver o impasse. Tecnicamente, a Segunda Guerra Mundial não acabou para os dois países.
  • 4. 2. Ilha Bolshoi Ussuriysky

    4 /16(Wikimedia Commons)

    País que a reivindica: China A ilha Bolshoi Ussuriysky fica no Rio Ussuri, na ponta do extremo leste chinês, na fronteira com a Rússia. Após um impasse de décadas, os dois países fizeram uma redefinição de fronteiras em 2008. A Rússia cedeu a ilha Tarabarov e metade da ilha Bolshoi Ussuriysky.

  • 5. Ilha Bolshoi Ussuriysky

    5 /16(GoogleMaps)

    A União Soviética ocupara a região em 1929. Desde 1960, o governo chinês começou a pressionar o país para mudar as fronteiras. Ainda falta que metade da ilha vá par ao lado chinês.
  • 6. 3. "As 64 vilas do Rio Zeya"

    6 /16(Wikimedia Commons)

    País que as reivindica: China O apelido das "64 vilas" se refere às moradias presentes na região.  As vilas se localizam na margem direita do Rio Zeya. Do outro lado, está a cidade russa de Blagoveshchensk.  A região era chinesa, mas durante o Império Qing, foi cedida aos russos em 1858, após um conflito.

  • 7. "As 64 vilas do Rio Zeya"

    7 /16(GoogleMaps)

    Em 1991, o governo chinês decidiu que não reivindicaria mais as terras tomadas. Contudo, em Taiwan, a decisão nunca foi reconhecida e o governo chinês local continua a exigir a devolução da região. Há mapas em Taiwan que mostram a região como chinesa.
  • 8. 4. Distrito de Pytalovsky

    8 /16(Wikimedia Commons)

    País de origem: Letônia A região da Letônia viveu séculos de ocupações, até definir suas fronteiras no começo dos anos 1920. Durante a Segunda Guerra Mundial, a União Soviética anexou o país e ainda tirou parte de suas terras, Pytalovsky, dizendo que ali a maioria era russa e, portanto, deveria ser território russo.

  • 9. Distrito de Pytalovsky

    9 /16(GoogleMaps)

    Mesmo com o fim da União Soviética e a independência da Letônia, o país não recebeu suas terras de volta. Em 2007, a Letônia aceitou deixar as fronteiras como estão. Mas poderia reivindicar a região novamente, se quisesse. Muitos moradores locais se identificam com a cultura da Letônia, não russa, e protestam até hoje.
  • 10. 5. Ivangorod

    10 /16(Keystone/Getty Images)

    País de origem: Estônia Em 1945, a cidade de Ivangorod se separou da cidade de Narva, divididas pelo Rio Narva. Elas pertenceram à Estônia até a União Soviética tomar a região e considerar que o rio seria a fronteira entre eles. Assim, as duas cidades ficaram separadas, cada uma em um país.

  • 11. Ivangorod

    11 /16(GoogleMaps)

    Após o fim da União Soviética, a Estônia tentou redefinir as fronteiras, como eram antes de 1945. Sem sucesso. Em 2010, os moradores de Ivangorod também tentaram voltar ao domínio estoniano, mas não conseguiram.
  • 12. 6. Karelia

    12 /16(Wikimedia Commons)

    País de origem: Finlândia Antes de começar a Segunda Guerra Mundial, a União Soviética reivindicou terras do sul da Finlândia, na região de Leningrado, cidade estratégica do império. A Finlândia recusou ceder as terras, que acabaram sendo invandidas e tomadas em 1939 - em uma guerra que matou milhares.

  • 13. Karelia

    13 /16(GoogleMaps)

    A maior parte desse território perdido era a província de Karelia (Karjala). Junto, a segunda maior cidade finlandesa naquele tempo, Viipuri. Os russos batizaram Viipuri de Vyborg. Os finlandeses, com ajuda dos nazistas, até recuperam as terras, mas foram retomadas após o fim da guerra. Até hoje há grupos políticos que reivindicam as terras de volta.
  • 14. 7. Kaliningrado

    14 /16(Harry Engels/Getty Images)

    País de origem: Prússia (Alemanha) A região de Kaliningrado não está conectada ao restante do território russo, cercada pelo Mar Báltico, a Lituânia e a Polônia. Por séculos, foi uma região prússia, de expressão alemã, chamada Königsberg. A região foi tomada pelas tropas russas dos Aliados durante a Segunda Guerra Mundial.

  • 15. Kaliningrado

    15 /16(GoogleMaps)

    A região foi para os braços dos russos com o fim da guerra. Os residentes germânicos foram imediatamente expulsos. Ao mesmo tempo, imigrantes russos foram enviados para a cidade - rebatizada de Kaliningrado, em homenagem ao líder Mikhail Kalinin. Hoje, é uma ilha russa no meio da Europa.
  • 16. Agora veja o que Putin pensa sobre a Crimeia

    16 /16(REUTERS/Baz Ratner)

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