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Os esforços para conter a migração

A chanceler alemã, Angela Merkel, encerra nesta terça-feira uma viagem de três dias por três países africanos: Mali, Niger e Etiópia. O principal objetivo foi conversar sobre possibilidades de investimento, e como esse dinheiro pode ajudar a amenizar o fluxo migratório para a Europa. Não dá para negar que Merkel está de fato engajada na solução […]

ETIÓPIA: População participa de funeral de engenheiro morto pela polícia em protesto contra o governo, no dia 3 de outubro / Tiksa Negeri / Reuters

ETIÓPIA: População participa de funeral de engenheiro morto pela polícia em protesto contra o governo, no dia 3 de outubro / Tiksa Negeri / Reuters

DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2016 às 21h59.

Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h10.

A chanceler alemã, Angela Merkel, encerra nesta terça-feira uma viagem de três dias por três países africanos: Mali, Niger e Etiópia. O principal objetivo foi conversar sobre possibilidades de investimento, e como esse dinheiro pode ajudar a amenizar o fluxo migratório para a Europa. Não dá para negar que Merkel está de fato engajada na solução da crise: a Alemanha hoje tem o melhor e maior programa de refugiados do mundo, tendo acolhido cerca de 1 milhão de pessoas, principalmente da Síria e do Iraque. Mas há limites – e o plano é começar a atacar as causas das crises migratórias.

Já são mais de 60 milhões de refugiados no mundo, maior número da história, e a cada minuto, novas 24 pessoas são deslocadas de seus países. O Afeganistão, por exemplo, que já soma quatro décadas de conflitos, já fez com que mais de 2,7 milhão de pessoas precisassem sair do país. A ONU planeja que, até o final deste ano, 600.000 afegãos possam voltar para casa, mas ainda é preciso de ajuda financeira para repatriar pessoas com segurança. Pensando no problema do Afeganistão, a União Europeia decidiu que irá investir 15,2 bilhões de dólares no país até 2020, para ajudar na reconstrução do país.

A viagem de Merkel para a África teve o mesmo propósito – investir para amenizar os conflitos. Só em Mali, a Alemanha mantém mais de 500 soldados como parte de uma missão de paz das Nações Unidas. Entre os projetos de interesse no país, estão investimentos em educação, agricultura sustentável e a expansão das estradas. “É importante que os países da África não percam seus melhores cérebros”, afirmou a chanceler. O continente deve estar na lista de prioridades de Merkel, que assume a presidência do G-20 no ano que vem e que, em agosto, havia demonstrado interesse em firmar um acordo similar ao da Turquia com países africanos – para que recebam de volta os imigrantes que tentam chegar ao continente europeu.

Choques de realidade não faltaram à chanceler alemã durante a viagem. Antes de ir, ela dizia que se concentraria em conversas sobre acordos bilaterais, mas os conflitos foram impossíveis de ignorar. A ONG Human Rights Watch estima que, só este ano, 400 pessoas já morreram na Etiópia por protestarem contra o governo. Um grupo de ativistas aproveitou a visita de Merkel para denunciar as prisões arbitrárias e a falta de liberdade no país, onde até a internet foi cortada. Enquanto a Europa segue angustiada com os refugiados que batem à sua porta, mirando os próprios problemas, moradores de regiões em conflito seguem seu êxodo em busca do básico: sobrevivência.

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