Argentina: chapa de Alberto Fernández e Cristina Kirchner venceu as primárias deste domingo (11) (Ricardo Ceppi/Getty Images)
EFE
Publicado em 12 de agosto de 2019 às 11h13.
Buenos Aires — Após saber que será o candidato à presidência da Argentina mais votado nas primárias de domingo, quase 15 pontos percentuais à frente do atual presidente, Mauricio Macri, o peronista Alberto Fernández afirmou que os argentinos começaram "a construir outra história".
"Não viemos aqui para restaurar um regime, viemos aqui para criar uma nova Argentina que leve em conta as melhores experiências que acabem com esta época de mentiras e dê aos argentinos um horizonte melhor para o futuro", disse Fernández em um grande ato da coalizão Frente de Todos em Buenos Aires.
Com 88,17% das mesas apuradas, o advogado, que tem como companheira de chapa a ex-presidente Cristina Kirchner, agora como candidata a vice, obteve 47,34% dos votos. Macri, acompanhado de Miguel Ángel Pichetto, foi o segundo, com 32,25%, afetado pela crise econômica que o país atravessa.
Essas primárias constituem, na prática, uma grande pesquisa eleitoral, já que nenhum partido político levou mais de uma lista de candidatos a presidente e vice-presidente. Os que não superaram a marca de 1,5% dos votos ficarão fora das eleições gerais, que serão realizadas em 27 de outubro.
Alberto Fernández declarou que "finalmente a Argentina escutou a mensagem" de sua coalizão, com ênfase na educação publica, na dedicação às pequenas e médias empresas, no repúdio à reforma trabalhista planejada por Macri e "no direito dos avós de terem saúde e uma renda digna".
"E vamos pagá-los antes de continuar presenteando os bancos com juros que não devem ir para eles, e sim para o progresso de nossos aposentados", comentou.
Último dos candidatos a falar em público após os resultados, o peronista subiu ao palco acompanhado por Taty Almeida, uma das Mães de Praça de Maio (que tiveram os filhos assassinados ou desaparecidos durante a ditadura militar), e Lita Boitano, presidente da organização Familiares de Desaparecidos e Detidos por Razões Políticas.
Desde que o ex-presidente Néstor Kirchner chegou ao poder, em 2003, com Fernández como chefe do gabinete de ministros, a estreita relação do kirchnerismo com as organizações de direitos humanos, sobretudo as que lutam por justiça pelos crimes da última ditadura (1976-1983), se tornou um símbolo.
Fernández ressaltou que "a partir de hoje (domingo) terminou o conceito de vingança e de rachadura", que na Argentina é usado para marcar a extrema polarização entre os seguidores do kirchnerismo e os do macrismo.
"A todos que votaram em nós, a minha eterna gratidão. Aos que não votaram, prometo trabalhar para que me entendam. Aos que estão preocupados, que não se preocupem. Nunca fomos loucos governando, sempre regulamos os problemas que outros geraram. Mais uma vez, vamos regular os problemas que outros geraram", afirmou.