Opositores denunciam Maduro por corrupção em última campanha eleitoral
Deputados alegam que presidente reeleito em maio ofereceu aos eleitores o pagamento de bônus com recursos do Estado em troca de votos
EFE
Publicado em 4 de julho de 2018 às 17h21.
Última atualização em 5 de julho de 2018 às 11h52.
Caracas - Um grupo de deputados opositores denunciou nesta quarta-feira ao Ministério Público o presidente venezuelano, Nicolás Maduro , reeleito no último mês de maio, por corrupção durante a campanha eleitoral, alegando que ofereceu aos eleitores o pagamento de bônus com recursos do Estado.
Macario González, legislador pelo estado de Lara, disse a jornalistas que solicitou ao procurador-geral Tareq Saab "que leve adiante uma denúncia penal diante do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ)" pelo suposto cometimento destes crimes, penalizados pela lei anticorrupção do país, por parte de Maduro.
"Foi público e notório que na campanha eleitoral Nicolás Maduro estimulou o eleitorado a votar por meio de um lema que disse 'dando e dando' (...) A mensagem é que lhes daria um bônus dependendo de em quem votassem", acrescentou González.
Segundo o deputado, que esteve acompanhado dos também legisladores opositores Bolívia Suárez, Luis Florido e Guillermo Palacios, Maduro sugeriu aos eleitores que usassem a chamada carteira da pátria - um documento criado para o controle dos planos sociais do Estado - para emitir seus votos.
Por fazer isto, os eleitores receberiam uma bonificação de 10 milhões de bolívares (US$ 87 ou US$ 4, dependendo da taxa de câmbio utilizada), mas, após o pleito, o ente eleitoral do país proibiu esse pagamento.
"A própria presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), a reitora Tibisay Lucena, se viu na obrigação de assinalar que esse bônus não seria pago, mas o crime estava cometido", explicou González.
Maduro venceu as eleições presidenciais de maio com pouco mais de seis milhões de votos sobre um censo de mais de 20,5 milhões eleitores, um triunfo que não foi reconhecido por vários países da região e do mundo por considerar que as garantias da convocação foram insuficientes.
Após as eleições, o principal rival de Maduro, o ex-governador Henri Falcón, não reconheceu sua derrota e pediu a repetição do pleito após acusar o presidente de oferecer "pagamentos e bônus", um fato que, segundo assegurou então, constituiu um "crime de peculato de uso".
Poucos dias antes das eleições , Maduro aumentou o salário mínimo e as pensões, assim como os bônus de "proteção" recebidos por milhões de famílias na Venezuela e que são gerenciados através da carteira da pátria, uma medida rejeitada então pela oposição por considerá-la uma forma de atrair os eleitores.