Oposição diz que ex-ministro da Defesa fugiu da Síria
General Ali Habib teria se tornado o mais graduado membro da minoria alauita a desertar do regime de Bashar al-Assad
Da Redação
Publicado em 4 de setembro de 2013 às 19h43.
Amã/Doha - O general Ali Habib, ex-ministro da Defesa da Síria, se tornou o mais graduado membro da minoria alauita a desertar do regime de Bashar al-Assad , disseram fontes da oposição nesta quarta-feira, enquanto o Congresso dos Estados Unidos deu um passo rumo à autorização para um ataque militar naquele país.
Habib estava sob prisão domiciliar desde 2011, quando renunciou em protesto à repressão a manifestantes. Segundo Kamal al-Labwani, da Coalizão Nacional Síria, ele conseguiu escapar e, com ajuda ocidental, chegou na noite de terça-feira à fronteira com a Turquia.
Outras fontes também disseram que Habib fugiu, mas a TV estatal negou que ele tenha saído de sua casa. O chanceler turco disse que não poderia confirmar a deserção do general.
No campo diplomático, EUA e Rússia continuam divergindo sobre os planos norte-americanos de atacar a Síria para punir Assad pelo suposto uso de armas químicas contra civis. Ambos os governos, no entanto, cogitaram a possibilidade de alguma aproximação durante a cúpula do G20 em São Petersburgo, na quinta-feira.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse que continuará tentando convencer seu colega russo, Vladimir Putin --principal aliado de Assad no cenário internacional-- sobre a necessidade de punir o regime sírio.
Mas Putin novamente questionou as provas contra Assad apresentadas pelos EUA e acusou o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, de mentir ao minimizar perante o Congresso o papel da Al Qaeda nas forças rebeldes.
"As unidades da Al Qaeda são o principal escalão militar, e eles sabem disso", afirmou Putin. "Ele (Kerry) está mentindo e sabe que está mentindo. É triste." Depois de surpreender aliados e inimigos ao anunciar que pediria autorização do Congresso para um ataque, Obama está tentando angariar apoio interno e externo. Em Estocolmo, de onde embarcaria para a Rússia, ele fez um apelo à consciência dos congressistas.
"A credibilidade da América e do Congresso está em jogo", disse ele. "A questão é quão crível é o Congresso quando ele aprova um tratado dizendo que temos de proibir o uso de armas químicas." Em Washington, a Comissão de Relações Exteriores do Senado aprovou uma resolução autorizando o uso da força na Síria. O texto deve ser votado no plenário na semana que vem, paralelamente à tramitação do pedido de autorização na Câmara dos Deputados, onde a oposição republicana tem maioria.
Mais cedo, Putin havia dito à agência de notícias norte-americana Associated Press que não poderia "descartar" totalmente um apoio russo a uma resolução do Conselho de Segurança que puna Assad, desde que fique provado que ele usou gás sarin contra moradores de subúrbios de Damasco dominados por rebeldes, em 21 de agosto.
Os EUA dizem que Assad foi o responsável por um ataque que deixou mais de 1.400 mortos, incluindo centenas de crianças. O governo sírio nega ter cometido o ataque e alega que os rebeldes podem estar por trás do incidente.
Falando nesta quarta-feira a parlamentares, Kerry se disse "esperançoso" de que a Rússia "cogite não bloquear as ações" no Conselho de Segurança. Em dois anos e meio de guerra civil, a Rússia usa repetidamente seu poder de veto para impedir qualquer resolução contra Assad.
Uma fonte oficial graduada disse que, embora Moscou não deva declarar isso em público, há sinais de que as autoridades russas acreditam que Assad foi de fato o responsável pelo ataque e que isso abalou o apoio russo a Damasco.
No entanto, o costumeiro tom rude de Putin com relação aos EUA parece limitar a perspectiva de uma superação do impasse em torno do conflito, que já deixou 100 mil mortos.
"Deserção"
O conflito na Síria contrapõe basicamente rebeldes da maioria sunita contra um governo dominado pela minoria alauíta, uma variação do islamismo xiita.
Mas a fuga de Habib, se confirmada, daria credibilidade à tese de que parte da comunidade alauita estaria se voltando contra Assad. Anteriormente, as principais deserções no regime envolviam autoridades sunitas.
"Ali Habib conseguiu escapar do controle do regime e está agora na Turquia, mas isso não significa que ele tenha aderido à oposição. Fui informado disso por um funcionário diplomático ocidental", disse Kamal al-Labwani, do CNS, falando de Paris à Reuters.
Uma fonte no golfo Pérsico disse que Habib cruzou a fronteira turca na noite de terça-feira com duas ou três outras pessoas. Ele foi levado para a Turquia em um comboio de veículos.
Kerry disse não saber a veracidade do relato sobre a fuga de Habib, mas afirmou que "há atualmente deserções ocorrendo, acho que há algo como 60 a 100 no último dia mais ou menos, oficiais e pessoal alistado".
Nascido em 1939, Habib foi ministro da Defesa de junho de 2009 a agosto de 2001 e também serviu como chefe do Estado-Maior do Exército da Síria.
Amã/Doha - O general Ali Habib, ex-ministro da Defesa da Síria, se tornou o mais graduado membro da minoria alauita a desertar do regime de Bashar al-Assad , disseram fontes da oposição nesta quarta-feira, enquanto o Congresso dos Estados Unidos deu um passo rumo à autorização para um ataque militar naquele país.
Habib estava sob prisão domiciliar desde 2011, quando renunciou em protesto à repressão a manifestantes. Segundo Kamal al-Labwani, da Coalizão Nacional Síria, ele conseguiu escapar e, com ajuda ocidental, chegou na noite de terça-feira à fronteira com a Turquia.
Outras fontes também disseram que Habib fugiu, mas a TV estatal negou que ele tenha saído de sua casa. O chanceler turco disse que não poderia confirmar a deserção do general.
No campo diplomático, EUA e Rússia continuam divergindo sobre os planos norte-americanos de atacar a Síria para punir Assad pelo suposto uso de armas químicas contra civis. Ambos os governos, no entanto, cogitaram a possibilidade de alguma aproximação durante a cúpula do G20 em São Petersburgo, na quinta-feira.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse que continuará tentando convencer seu colega russo, Vladimir Putin --principal aliado de Assad no cenário internacional-- sobre a necessidade de punir o regime sírio.
Mas Putin novamente questionou as provas contra Assad apresentadas pelos EUA e acusou o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, de mentir ao minimizar perante o Congresso o papel da Al Qaeda nas forças rebeldes.
"As unidades da Al Qaeda são o principal escalão militar, e eles sabem disso", afirmou Putin. "Ele (Kerry) está mentindo e sabe que está mentindo. É triste." Depois de surpreender aliados e inimigos ao anunciar que pediria autorização do Congresso para um ataque, Obama está tentando angariar apoio interno e externo. Em Estocolmo, de onde embarcaria para a Rússia, ele fez um apelo à consciência dos congressistas.
"A credibilidade da América e do Congresso está em jogo", disse ele. "A questão é quão crível é o Congresso quando ele aprova um tratado dizendo que temos de proibir o uso de armas químicas." Em Washington, a Comissão de Relações Exteriores do Senado aprovou uma resolução autorizando o uso da força na Síria. O texto deve ser votado no plenário na semana que vem, paralelamente à tramitação do pedido de autorização na Câmara dos Deputados, onde a oposição republicana tem maioria.
Mais cedo, Putin havia dito à agência de notícias norte-americana Associated Press que não poderia "descartar" totalmente um apoio russo a uma resolução do Conselho de Segurança que puna Assad, desde que fique provado que ele usou gás sarin contra moradores de subúrbios de Damasco dominados por rebeldes, em 21 de agosto.
Os EUA dizem que Assad foi o responsável por um ataque que deixou mais de 1.400 mortos, incluindo centenas de crianças. O governo sírio nega ter cometido o ataque e alega que os rebeldes podem estar por trás do incidente.
Falando nesta quarta-feira a parlamentares, Kerry se disse "esperançoso" de que a Rússia "cogite não bloquear as ações" no Conselho de Segurança. Em dois anos e meio de guerra civil, a Rússia usa repetidamente seu poder de veto para impedir qualquer resolução contra Assad.
Uma fonte oficial graduada disse que, embora Moscou não deva declarar isso em público, há sinais de que as autoridades russas acreditam que Assad foi de fato o responsável pelo ataque e que isso abalou o apoio russo a Damasco.
No entanto, o costumeiro tom rude de Putin com relação aos EUA parece limitar a perspectiva de uma superação do impasse em torno do conflito, que já deixou 100 mil mortos.
"Deserção"
O conflito na Síria contrapõe basicamente rebeldes da maioria sunita contra um governo dominado pela minoria alauíta, uma variação do islamismo xiita.
Mas a fuga de Habib, se confirmada, daria credibilidade à tese de que parte da comunidade alauita estaria se voltando contra Assad. Anteriormente, as principais deserções no regime envolviam autoridades sunitas.
"Ali Habib conseguiu escapar do controle do regime e está agora na Turquia, mas isso não significa que ele tenha aderido à oposição. Fui informado disso por um funcionário diplomático ocidental", disse Kamal al-Labwani, do CNS, falando de Paris à Reuters.
Uma fonte no golfo Pérsico disse que Habib cruzou a fronteira turca na noite de terça-feira com duas ou três outras pessoas. Ele foi levado para a Turquia em um comboio de veículos.
Kerry disse não saber a veracidade do relato sobre a fuga de Habib, mas afirmou que "há atualmente deserções ocorrendo, acho que há algo como 60 a 100 no último dia mais ou menos, oficiais e pessoal alistado".
Nascido em 1939, Habib foi ministro da Defesa de junho de 2009 a agosto de 2001 e também serviu como chefe do Estado-Maior do Exército da Síria.