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Oposição da Venezuela cria portal com atas eleitorais para comprovar vitória de Gonzáles

Apuração paralela, que opositores dizem ser feita a partir de 73% das atas oficiais, indica que candidato teria mais que o dobro de votos em comparação ao atual presidente

Maria Corina Machado, banned opposition presidential primary candidate for the Vente Venezuela party, speaks during an election night rally in Caracas, Venezuela, on Sunday, Oct. 22, 2023. Machado took a commanding lead in an early count of Sunday's opposition primary after a demonstrative turnout, putting her in position to challenge President Nicolas Maduro in the most serious threat to the ruling socialist regime in at least a decade. Photographer: Gaby Oraa/Bloomberg via Getty Images (Gaby Oraa/Bloomberg/Getty Images)
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 30 de julho de 2024 às 11h50.

Última atualização em 30 de julho de 2024 às 12h39.

Ainda mobilizada em meio às contestações sobre o resultado das eleições presidenciais na Venezuela, a oposição liderada por María Corina Machado e Edmundo González continua pressionando por uma nova contagem de votos e divulgação das atas de votação de todas as seções eleitorais do país.

María Corina e González anunciaram no fim da noite de ontem um site reunindo as informações de todas as atas que tiveram acesso — pouco mais de 73% — que dizem apresentar uma vitória incontestável do candidato opositor.

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"Temos 73,20% das atas. Se este resultado se mantiver, nosso presidente eleito é Edmundo González Urrutia. Com as atas que nos faltam, ainda que o CNE pusesse 100% dos votos restantes para Maduro, não o alcançaria", disse María Corina, em uma entrevista coletiva em Caracas, em fala registrada pelo jornal venezuelanoEfecto Cocuyo.

Ainda de acordo com a publicação venezuelana, María Corina apresentou as informações sobre as atas recebidas até o momento. Os dados em posse da oposição indicam que Edmundo González teria recebido 6.275.130 votos, enquanto o atual presidente, Nicolás Maduro, declarado vencedor pelo Conselho Nacional Eleitoral na segunda-feira, teria recebido 2.759.256 votos.

A contagem da oposição é muito distinta da apresentada pelo CNE, que na madrugada de segunda-feira, com 80% das urnas apuradas, indicou que havia uma "tendência irreversível" a favor de Maduro, declarando o presidente vencedor com 51,2% dos votos válidos (cerca de 5,1 milhão de votos nominais), ante 4,4 milhões dos votos para González (44,2%). O órgão eleitoral se comprometeu a publicar as informações detalhadas — o que ainda não aconteceu —, mas proclamou Maduro vencedor
antes de qualquer pedido de recontagem ou auditoria.

Em meio à disputa de narrativas, a oposição lançou um site disponibilizando os dados das atas eleitorais as que teve acesso. Os documentos foram colocados nas últimas horas da segunda-feira, e apresentados em um comunicado conjunto de María Corina e González.

"Venezuelanos, através deste link vocês podem ver como com seu voto e sua vontade mudaram a história da Venezuela. Aqui você encontrará as atas que processamos e totalizamos até agora e que confirmam nossa extraordinária vitória", afirmaram em publicações sincronizadas nas redes sociais.

Para acessar os dados, o site pede que o usuário indique uma cédula eleitoral. Porém, muitos eleitores relataram dificuldades em acessar o sistema, que apresentou inconsistências nas primeiras horas no ar. Em uma publicação nas redes sociais, María Corina afirmou que as questões estavam sendo solucionadas.

"São milhões de cidadãos na Venezuela e no mundo que querem ver que seu voto conta... As equipes técnicas prontamente restabelecerão o acesso", escreveu.

Manifestantes protestam na Venezuela

O sistema de votação na Venezuela conta com um duplo registro de voto, por via digital e impressa, que são simultaneamente computados em cada seção eleitoral. Ao fechamento de cada seção, o procedimento regular é que se gere uma ata a partir do resultado obtido em cada contagem, sendo ainda possível auditar manualmente cada cédula em caso de dúvida.

Oficialmente, a oposição afirma que tinha apoiadores atuando como testemunhas do processo em grande parte das seções eleitorais do país, mas que apenas 40% das atas foram disponibilizadas logo após o fim da votação.

A oposição convocou protestos populares ao fim da jornada eleitoral, enquanto o oficialismo, por meio do Ministério Público, prometeu processar criminalmente qualquer tentativa de por em dúvida o resultado da votação — apesar dos apelos da comunidade internacional por mais transparência.

Um novo protesto foi convocado pela oposição para esta terça-feira, com as presenças de González e María Corina em Caracas. Os primeiros protestos, realizados na segunda-feira, foram duramente reprimidos pelas forças de segurança, com ao menos duas mortes confirmadas e dezenas de detidos.

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