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ONU pedirá à Síria para discutir processo político em negociação

O mediador da ONU antecipou que fará o possível para que os delegados do governo e da oposição se sentem na mesma sala

Bashar al-Assad: De Mistura confirmou a intenção de convocar uma nova etapa de negociação para o início de setembro (Spencer Platt/Getty Images)
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EFE

Publicado em 14 de julho de 2017 às 20h59.

Genebra - O mediador da ONU para a Síria , Staffan de Mistura, disse nesta sexta-feira que pedirá à delegação que representa o presidente do país, Bashar al Assad, que aborde o processo político para pôr fim ao conflito armado na próxima rodada de negociações em Genebra.

Além disso, De Mistura antecipou que fará o possível para que os delegados do governo e da oposição se sentem na mesma sala, já que, até o momento, alternam suas reuniões com o mediador da ONU.

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Em uma entrevista coletiva no fechamento da atual rodada de negociações, De Mistura confirmou a intenção de convocar uma nova etapa de negociação para o início de setembro.

As delegações do governo da Síria e da oposição - representada por uma plataforma de órgãos políticos e militares - concluíram hoje a sétima rodada de negociações sob mediação da ONU.

Resumindo o resultado dos cinco dias de reuniões, De Mistura reconheceu que não houve "progressos notáveis". No entanto, ressaltou o representante da ONU, também não houve rupturas.

Após um ano e meio de negociações que foram interrompidas várias vezes e que têm gerado poucos resultados nos últimos meses, De Mistura considerou que é o momento de pedir mais, sobretudo ao governo de Bashar al Assad.

"A comunidade internacional quer ver uma aceleração do fim desse conflito e isso pode ajudar. Dessa forma, pedirei ao governo que esteja preparado para abordar o processo político e os demais temas centrais da agenda de negociação", indicou o diplomata.

Além da transição política, a agenda incluiria uma reforma constitucional, a celebração de eleições livres, sob a supervisão da ONU, e a luta contra o terrorismo.

Reafirmando sua posição, o chefe da delegação da Síria, Bashar Jafari, disse ao término das reuniões que a ONU deveria se preocupar mais no combate ao terrorismo, um tema que foi o foco de suas conversas com De Mistura nos últimos dias.

Essa atitude foi criticada pelo chefe da delegação de oposição, Naser Hariri, que acusou o governo de utilizar o "pretexto do terrorismo para evitar o tema do processo político".

Para que o assunto deixe de ser manipulado, De Mistura disse que esclareceu aos negociadores que a luta contra o terrorismo que exige o regime de Al Assad só envolve as organizações consideradas como tal pelo Conselho de Segurança da ONU. São elas, principalmente, a Al Qaeda, o Estado Islâmico e a antiga Frente al Nusra.

O esclarecimento mina a posição do governo da Síria, que considera todos os grupos armados rebeldes que buscam a queda de Al Assad como terroristas.

"A melhor garantia contra o terrorismo na Síria é um acordo em relação a uma solução política através de um processo de transição", analisou De Mistura.

"Se isso não ocorrer, três meses depois da libertação de Al Raqqa (a capital do Estado Islâmico na Síria), haverá um novo grupo terrorista e voltaremos ao mesmo ponto", completou.

De Mistura deu a entender que é preciso aproveitar que a crise síria voltou a ser tema na agenda dos líderes mundiais, o que se revelou no acordo de cessar-fogo acertado entre Estados Unidos e Rússia na cúpula do G20 no último fim de semana.

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