ONU: dez milhões de pessoas já fugiram de suas casas na Ucrânia
Cerca de 90% dos que fugiram são mulheres e crianças. Os homens com entre 18 e 60 anos podem ser convocados para servir no Exército e não podem deixar o país
AFP
Publicado em 20 de março de 2022 às 11h24.
Dez milhões de pessoas, mais de um quarto da população da Ucrânia, tiveram que deixar suas casas devido à guerra "devastadora" da Rússia, declarou neste domingo (20) o alto comissário da ONU para os Refugiados, Filippo Grandi.
"A guerra na Ucrânia é tão devastadora que 10 milhões de pessoas fugiram, deslocadas internamente ou refugiadas no exterior", declarou Grandi no Twitter.
"Entre as responsabilidades daqueles que fazem a guerra, em todo o mundo, está o sofrimento infligido aos civis que são forçados a fugir de suas casas", acrescentou.
A Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) informou neste domingo que 3.389.044 ucranianos deixaram o país desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro, e que outros 60.352 seguiram o caminho do êxodo.
Cerca de 90% dos que fugiram são mulheres e crianças. Os homens com entre 18 e 60 anos podem ser convocados para servir no Exército e não podem deixar o país.
Por sua vez, o Unicef, a agência das Nações Unidas para as crianças, declarou que mais de 1,5 milhão de crianças estão entre os que fugiram para o exterior e alertou que os riscos de tráfico e exploração de seres humanos que enfrentam são "reais e crescentes".
A Organização Internacional para as Migrações (OIM) da ONU também informou que, na quarta-feira, 162.000 cidadãos de países terceiros fugiram da Ucrânia para Estados vizinhos.
Outros milhões de ucranianos deixaram suas casas, mas permanecem dentro das fronteiras da Ucrânia.
De acordo com agências da ONU e agências relacionadas, cerca de 6,48 milhões de pessoas estão deslocadas internamente na Ucrânia, após uma investigação da OIM.
O ACNUR havia estimado inicialmente que até quatro milhões de pessoas poderiam deixar a Ucrânia.
Antes do conflito, a Ucrânia tinha uma população de 37 milhões de pessoas nas áreas sob controle do governo, excluindo a Crimeia anexada pela Rússia e as áreas separatistas pró-Rússia no leste do país.