O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon: o veículo da missão foi atacado por um "franco-atirador não identificado" e teve que retornar a Damasco para mudar de carro e voltar aos subúrbios da capital (Lucas Jackson/Reuters)
Da Redação
Publicado em 26 de agosto de 2013 às 16h05.
Nações Unidas - O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse nesta segunda-feira que apresentará uma queixa "contundente" ao regime sírio e à oposição pelo ataque contra um dos veículos da missão do organismo que investiga o possível uso de armas químicas no conflito.
"Pedi a minha alta representante para Assuntos de Desarmamento que apresente uma queixa contundente ao governo sírio e às forças de oposição para que isto não volte a ocorrer", disse Ban após conversar por telefone com a representante, Angela Kane, que está em Damasco.
O secretário-geral aguarda um relatório mais completo do líder da missão, Ake Sellström, sobre o ataque. E disse acreditar que, a partir de amanhã, a segurança da equipe de especialistas da ONU estará garantida.
O veículo da missão foi atacado por um "franco-atirador não identificado". Foi necessário retornar a Damasco, mudar de carro e voltar aos subúrbios da capital para continuar a investigação.
"Eles visitaram dois hospitais, entrevistaram testemunhas, sobreviventes e médicos, coletaram algumas amostras e agora estão voltando a Damasco", acrescentou o secretário-geral no comunicado.
O governo sírio culpou hoje "grupos terroristas armados", como costuma nomear os rebeldes, de disparar contra o comboio dos membros da missão da ONU que tenta investigar um suposto ataque químico na periferia de Damasco.
Já a Coalizão Nacional Síria (CNFROS), o maior grupo de oposição, acusou hoje as milícias do regime de disparar contra a missão das Nações Unidas para atrapalhar a investigação.
A missão da ONU, liderada por Sellström, tenta investigar os arredores de Damasco, onde a oposição síria denunciou na quarta-feira a morte de mais de mil pessoas no que seria um ataque químico realizado pelo regime. O regime de Bashar al Assad e os insurgentes se acusam há meses do uso desse tipo de armamento durante o conflito.
A Síria é um dos sete países que não assinou a Convenção sobre Armas Químicas de 1997. Desde que começou a guerra civil, em março de 2011, mais de 100 mil pessoas morreram e quase sete milhões precisam de ajuda humanitária de emergência, segundo os números mais recentes das Nações Unidas.