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Odebrecht pagou US$ 782 mil para empresa de presidente do Peru

Os pagamentos pelas consultorias da Westfield Capital aconteceram entre novembro de 2004 e dezembro de 2007

Odebrecht: os pagamentos coincidem com o período em que Kuczynski ocupou os cargos de ministro da Economia e, posteriormente, de primeiro-ministro (Guadalupe Pardo/Reuters)
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EFE

Publicado em 13 de dezembro de 2017 às 21h47.

Lima - A Odebrecht pagou mais de US$ 782 mil à empresa Westfield Capital, do atual presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, por serviços de consultoria realizados entre 2004 e 2007, é o que revela um documento da construtora brasileira remitido à comissão parlamentar que investiga os desdobramentos da Operação Lava Jato no país sul-americano.

A congressista Rosa Bartra, do partido fujimorista Força Popular e presidente da comissão do Congresso que investiga as propinas pagas pela empresa brasileira a funcionários peruanos, apresentou nesta quarta-feira a relação de serviços de consultoria remetida pela Odebrecht a seu grupo de trabalho.

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Os pagamentos pelas consultorias da Westfield Capital aconteceram entre novembro de 2004 e dezembro de 2007, e coincidem com o período em que Kuczynski ocupou os cargos de ministro da Economia e, posteriormente, de primeiro-ministro, durante o governo do ex-presidente Alejandro Toledo (2001-2006).

Os serviços de consultoria foram realizados para a transposição transandina de Olmos, que consiste em um duto de 19 quilômetros sob os Andes que leva água para irrigar cerca de 40 mil hectares de plantações no deserto, e para a estrada interoceânica do norte, que atravessa o território peruano desde o Oceano Pacífico até à Amazônia.

Kuczynski negou que sua empresa havia feito qualquer tipo de consultoria para a Odebrecht até que, no sábado, reconheceu ter prestado consultoria através da First Capital à em empresa do grupo Odebrecht H2Olmos, concessionária do projeto de irrigação de transposição de Olmos.

A First Capital, constituída pelo empresário chileno Gerardo Sepúlveda, realizou consultorias para a Odebrecht entre 2005 e 2013 que foram estimadas em mais de US$ 4 milhões.

A congressista Karina Beteta, que estava ao lado de Rosa Bartra na revelação, considerou que "cabe ao presidente esclarecer estes fatos pelo bem da democracia e para que a população possa ter confiança nele".

Rosa Bartra, por sua vez, disse que deseja que Kuczynski responda a estes questionamentos o mais rápido possível e que isto sirva para aplacar as críticas contra a comissão do Congresso que ela lidera, cuja investigação "é muito complexa", indicou a legisladora.

Até o momento, Kuczynski se recusou a comparecer diante da comissão que é dirigida pela legisladora fujimorista por considerá-la "um circo", como ele mesmo disse no dia 6 de outubro, e que preferia responder às perguntas por escrito.

Alguns congressistas pediram esta semana a renúncia de Rosa Bartra à presidência dessa comissão depois que o Ministério Público peruano ordenou uma operação de busca e apreensão na sede de seu partido para encontrar uma possível dupla contabilidade na qual a Odebrecht também teria participado.

O caso Odebrecht no Peru se concentra em seguir o rastro das propinas pagas entre 2005 e 2014 para funcionários peruanos em troca de favorecimento na concessão de contratos de obras públicas e também nas doações realizadas a candidatos políticos para financiar suas respectivas campanhas eleitorais.

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