Obama e Romney, uma disputa de US$ 1,3 bi em arrecadações
No dia 31 de agosto, o candidato democrata à reeleição havia arrecadado 432 milhões de dólares, contra 274 milhões do republicano
Da Redação
Publicado em 16 de outubro de 2012 às 14h06.
Washington - Barack Obama não gosta de pedir dinheiro, mas fez com que as cem pessoas que participaram da festa de arrecadação de fundos organizada pela cantora Beyoncé e por seu marido, Jay-Z, pagassem 40.000 dólares cada uma, em função da regra número um das campanhas políticas: o dinheiro é o nervo da guerra.
Desde maio, o presidente participou de 69 eventos similares, cujos preços de ingresso chegaram a custar várias dezenas de milhares de dólares.
Seu rival para as eleições de 6 de novembro, o republicano Mitt Romney, organizou 105, com ambos os candidatos protagonizando uma corrida em busca de fundos para suas respectivas campanhas que moveu cerca de 1,3 bilhão de dólares.
No entanto, a campanha para as eleições de 2012 não será muito mais cara que a anterior, de 2008, já que desta vez Obama não teve que financiar as primárias.
No dia 31 de agosto, o candidato democrata à reeleição havia arrecadado 432 milhões de dólares (746 milhões em 2008), contra 274 milhões de Romney (288 milhões de John McCain em 2008), segundo as contas comunicadas à Comissão Federal Eleitoral (FEC).
A isso é preciso acrescentar os fundos arrecadados pelos partidos Democrata e Republicano (233 e 283 milhões de dólares, respectivamente) e pelos comitês de apoio independentes, os chamados "Super PAC" (Comitês de Ação Política) (36 e 97 milhões de dólares).
Somando estas cifras chega-se a um total de 701 milhões de dólares de arrecadação para Obama e 654 milhões para Romney, um número superior a 1,3 bilhão entre ambos.
Embora Obama ainda não tenha chegado ao nível de 2008, sua supremacia sobre Romney é clara, principalmente em razão do fluxo de "pequenas" doações de particulares: 37% dos fundos arrecadados pelo democrata são provenientes de cheques de menos de 200 dólares, contra apenas 16% para o republicano, segundo dados compilados pelo site opensecrets.org.
Mas Romney compensa sua rejeição com uma avalanche de dinheiro de particulares ricos.
Apenas a metade da publicidade a favor de Romney divulgada em setembro estava financiada com os fundos de sua campanha, segundo dados do serviço Kantar Media/CMAG analisados pelo Wesleyan Media Project, um centro de pesquisa universitário que estuda os gastos em publicidade política.
O resto foi financiado por organizações privadas que não têm limites na hora de arrecadar fundos de particulares endinheirados, empresas e sindicatos, após a desregulação do financiamento das campanhas decidida pela Suprema Corte em 2010.
Existem dois tipos de grupos independentes dos partidos habilitados a recolher dinheiro para as campanhas políticas: os "Super PAC", que devem revelar o nome de seus doadores, e as associações chamadas "501(c)4", protegidas pelo mesmo status de "interesse geral" que as igrejas ou as associações ecologistas.
Estas últimas não são obrigadas a revelar a identidade de seus benfeitores, embora devam limitar a 50% seus gastos dedicados ao ativismo político, um valor que não é respeitado na prática.
Mas quem envia cheques à American Crossroads/Crossroads GPS, a mais rica destas organizações, com um orçamento de 300 milhões de dólares e dirigida por Karl Rove, ex-vice-chefe de gabinete no governo de George W. Bush?
A lista dos doadores é liderada pelo multimilionário Harold Simmons, presidente da Contran Industrial Corp, com 10 milhões de dólares, e Bob Perry, presidente da promotora imobiliária Perry Homes (seis milhões). E dezenas de outros conservadores ricos capazes de duplicar da noite para o dia os recursos dos defensores do campo republicano.
Os democratas não ficam para trás. Os sindicatos apoiam majoritariamente Obama, e ele mesmo lançou seu Super Pac, Priorities USA Action, embora o dinheiro que receba seja bastante inferior ao conquistado por seu adversário republicano.
Mas o maior impacto desta corrida pelo dinheiro será visto nas eleições legislativas, explicou à AFP Michael Malbin, diretor-executivo do Campaign Finance Institute (Instituto de Finanças de Campanha), porque ali basta o impulso de alguns milhões para alterar o equilíbrio de forças.
American Crossroads e sua filial "Crossroads GPS", cujos doadores permanecem em segredo, consagrou a metade de seus gastos às campanhas locais, com a esperança de recuperar a maioria no Congresso para os republicanos e de bloquear os projetos de Barack Obama se o democrata for eleito para um segundo mandato presidencial.